Quem é visitado por Deus, é impelido a servir, diz Papa

Papa Francisco em sua homilia lembrou que quem recebe a visita de Deus é levado a servir e visitar os irmãos que precisam

Denise Claro
Da redação

Papa Francisco durante a homilia no Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, em Santiago, Cuba/ Foto: Reprodução CTV

Papa Francisco durante a homilia no Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, em Santiago, Cuba/ Foto: Reprodução CTV

Na Missa desta terça-feira, 22, no Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, em Cuba, Papa Francisco afirmou que, assim como Maria, quem faz a experiência da visita de Deus naturalmente se coloca a serviço, e vai ao encontro daqueles que mais necessitam. “A presença de Deus na nossa vida nunca nos deixa tranquilos, sempre nos impele a mover-nos. Quando Deus visita, sempre nos tira para fora de casa: visitados para visitar, encontrados para encontrar, amados para amar.”

Francisco lembrou também a disponibilidade de Maria: “o Evangelho diz que Maria partiu apressada, com passo lento mas constante, passos que sabem aonde vão: passos que não correm para «chegar» rapidamente nem vão demasiado lento como se nunca quisessem «chegar». Nem agitada nem dormente, Maria vai com pressa fazer companhia a sua prima que ficou grávida em idade avançada. Maria, a primeira discípula, visitada saiu para visitar.”

O pontífice reforçou que, em toda a história, esta característica singular de Maria permaneceu: aquela que foi visitada por Deus, sai para visitar, visitou sua prima e continua a visitar no tempo e na história. “Foi a mulher que visitou tantos homens e mulheres, crianças e idosos, jovens. Soube visitar e acompanhar nas dramáticas gestações de muitos dos nossos povos; protegeu a luta de todos os que sofreram para defender os direitos dos seus filhos. E ainda agora, Ela não cessa de nos trazer a Palavra de Vida, seu Filho, Nosso Senhor. Também estas terras foram visitadas pela sua presença maternal.

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A Mãe de Cuba

O Papa lembrou que a pátria cubana nasceu e cresceu ao calor da devoção à Virgem da Caridade. Que foi Ela quem deu uma forma própria e especial a alma cubana, suscitando no coração do povo os melhores ideais de amor a Deus, à família e à pátria. Francisco recordou as palavras dos cubanos que, há cem anos atrás, escreveram ao Papa Bento XV para que declarasse a Virgem da Caridade como Padroeira de Cuba: “Nem as desgraças nem as privações conseguiram apagar a fé e o amor que o nosso povo católico professa a esta Virgem; antes, nas maiores vicissitudes da vida, quando estava mais perto a morte ou mais próximo o desespero, sempre surgiu como luz dissipadora de todo o perigo, como orvalho consolador (…) a visão desta Virgem bendita, cubana por excelência (…), porque assim A amaram as nossas mães inesquecíveis, assim A bendizem as nossas esposas».

O pontífice frisou que o Santuário guarda a memória do povo cubano, fiel a Deus. “Aqui, Maria é venerada como Mãe de Caridade. Daqui Ela guarda as nossas raízes, a nossa identidade, para não nos perdermos nos caminhos do desespero. A alma do povo cubano, como acabamos de escutar, foi forjada por entre dores e privações que não conseguiram extinguir a fé”, e lembrou o importante papel dos avós e pais na transmissão do evangelho nas famílias: “Mantiveram aberta uma fenda, pequena como um grão de mostarda, por onde o Espírito Santo continuou a acompanhar o palpitar deste povo.”

Servos como Maria

O Papa convidou a todos a renovar a fé e viver a revolução da ternura, como Maria, a Mãe da Caridade. Exortou os fiéis a sair de casa e ter os olhos e o coração abertos aos outros. “A nossa revolução passa pela ternura, pela alegria que sempre se faz proximidade, que sempre se faz compaixão e leva a envolver-nos, para servir, na vida dos outros. A nossa fé faz-nos sair de casa e ir ao encontro dos outros para partilhar alegrias e sofrimentos, esperanças e frustrações.”

E concluiu: “Como Maria, queremos ser uma Igreja que serve, que sai de casa, que sai dos seus templos, das suas sacristias, para acompanhar a vida, sustentar a esperança, ser sinal de unidade. Este é o nosso «cobre» mais precioso, esta é a nossa maior riqueza e o melhor legado que podemos deixar: aprender a sair de casa, como Maria, pelas sendas da visitação.”

Agradecimentos

Ao final da Santa Missa, o Arcebispo de Santiago de Cuba, Dom Dionísio Guillermo García Ibáñez, expressou o agradecimento ao Papa por ter chegado a Cuba e a Basílica de Nossa Senhora da Caridade do Cobre como ‘peregrino’, e lembrou que a devoção a Nossa Senhora da Caridade do Cobre é sinal de consolo e esperança para o povo, afirmando que os cubanos sempre a levam no coração.

O arcebispo lembrou que a Virgem é a primeira evangelizadora no país, e que é ela quem abre os corações do povo para que Jesus seja acolhido, escutado e adorado. Por fim, emocionado, presenteou o Papa com um cálice e com a cópia da carta enviada ao Papa Bento XV, e agradeceu ao pontífice por ter inalgurado com esta Missa o Ano Jubilar de celebração da Virgem da Caridade do Cobre como padroeira de Cuba.

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