Papa no Japão

Casa comum é frágil como a flor de cerejeira, diz Papa a autoridades

Encontro com autoridades e corpo diplomático encerrou o penúltimo dia de atividades da viagem do Papa ao Japão

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco no encontro com as autoridades e corpo diplomático do Japão./ Foto: Reprodução Reuters

O Santo Padre concluiu seu penúltimo dia de atividades, no Japão, encontrando, em Kantei, as Autoridades e o Corpo Diplomático.

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Após saudar o Primeiro Ministro e as Autoridades do Governo e do Corpo Diplomático em seu discurso, o Papa disse:

“Todos vocês, segundo as suas competências, dedicam-se à construção da paz e do progresso do povo desta nobre nação e dos países que representam. Fico muito agradecido ao imperador Naruhito, que encontrei nesta manhã. Desejo felicidades a todos e invoco as bênçãos de Deus sobre a Família Imperial e, sobretudo, ao povo japonês no início desta nova era”.

Proteger toda a vida

A seguir, Francisco ressaltou que “as relações amistosas entre a Santa Sé e o Japão são muito antigas, enraizadas no reconhecimento e admiração que os primeiros missionários sentiram por estas terras”. E, recordando o objetivo da sua visita ao Japão, disse:

“Vim confirmar os católicos japoneses na fé, em seus esforços de caridade para com os necessitados e em seu serviço ao país, do qual se sentem cidadãos orgulhosos. Como nação, o Japão é particularmente sensível ao sofrimento dos desfavorecidos e das pessoas com deficiência. O lema da minha visita é: “Proteger toda a vida”, reconhecendo a sua dignidade inviolável e a importância da solidariedade e apoio aos nossos irmãos e irmãs mais necessitados”.

Paz duradoura

Na senda dos seus predecessores, o Pontífice pediu a Deus e a todas as pessoas de boa vontade para continuar a encorajar e favorecer todos os meios dissuasivos necessários para que jamais, na história da humanidade, aconteça uma destruição como a provocada pelas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. E continuou:

“A história ensina-nos que os conflitos entre povos e nações, até os mais graves, podem encontrar soluções válidas através do diálogo, única arma digna do ser humano e capaz de garantir uma paz duradoura. Estou convencido da necessidade de se tratar da questão nuclear em nível multilateral, promovendo um processo político e institucional, capaz de criar um consenso e uma ação internacional mais amplos”.

Uma cultura de encontro e de diálogo, afirmou Francisco, é essencial para construir um mundo mais justo e fraterno. O Japão reconheceu a importância de promover os setores da instrução, cultura, esporte e turismo, sabendo que podem contribuir muito para a harmonia, a justiça, a solidariedade e a reconciliação, que são os pilares da paz. E o Papa ponderou:

“Nestes dias, pude admirar o precioso patrimônio cultural que o Japão conseguiu desenvolver e preservar ao longo de muitos séculos de história, e os profundos valores religiosos e morais que caracterizam esta cultura antiga. Uma boa relação entre as várias religiões é essencial, não só para o futuro da paz, mas também para preparar as novas gerações em vista de uma sociedade mais justa e humana”.

Casa Comum: delicada como a cerejeira

Nenhum visitante do Japão pode deixar de admirar a beleza natural deste país, simbolizada, sobretudo, pela imagem das cerejeiras em flor. No entanto, a delicadeza desta flor lembra a fragilidade da nossa Casa comum, sujeita a desastres naturais, ganância, exploração e devastação pelas mãos do homem. A proteção da nossa Casa comum deve levar em consideração também a “ecologia humana”.

“A dignidade humana deve ocupar o centro de toda a atividade social, econômica e política; é preciso promover a solidariedade entre gerações e nunca se esquecer dos excluídos. Penso, de modo particular, nos jovens, idosos e pessoas abandonadas, que sofrem pelo isolamento. O nível da civilização de uma nação ou de um povo mede-se, não pelo seu poder econômico, mas pela atenção aos necessitados e a promoção da vida”.

O Papa concluiu seu discurso expressando sua gratidão pelo convite de visitar o Japão e pela cordial hospitalidade. Por fim, encorajou os esforços por uma ordem social, capaz de proteger a vida, a dignidade e os direitos da família humana.

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