Expectativa

Padres de Bethânia explicam processo de beatificação do Padre Léo

Padre Vicente e padre Lúcio contam como tudo começou, relatam possíveis milagres e próximos passos a serem dados na Igreja

Julia Beck
Da redação

Fiéis deixam na sede da Comunidade Bethânia pedidos de oração e testemunhos de graças alcançadas por intermédio de Padre Léo/ Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

Padre Léo, fundador da Comunidade Bethânia e muito conhecido pelo humor de suas pregações, entrará em processo de beatificação a partir deste sábado, 7, sendo considerado, a partir de então, Servo de Deus. Padre, pregador, cantor e fundador da Comunidade Bethânia, padre Léo faleceu aos 45 anos, no dia 4 de janeiro de 2007, após uma infecção generalizada decorrente de um câncer no sistema linfático.

Simples, bem-humorado e um ótimo contador de “causos”, o sacerdote arrastava multidões, além de ter inspirado muitas histórias de conversão que ainda hoje são contadas e partilhadas por muitos católicos e não católicos.

“Após sua morte, muitas pessoas chegam a Bethânia afirmando que receberam uma graça por intermédio do padre Léo”, conta o moderador-geral da Comunidade Bethânia, padre Vicente de Paula Neto. O vice moderador-geral da Comunidade , padre Lúcio Tardivo, revela que, até o momento, foram contabilizados aproximadamente três mil testemunhos de graças e possíveis milagres alcançados. Padre Vicente conta com detalhes:

No início, padre Lúcio recorda que os consagrados e consagradas da comunidade ouviram e viveram o acolhimento destes testemunhos de modo interno, mas, à medida que o tempo foi passando, e as graças aumentando, Bethânia passou a receber pedidos e incentivos de religiosos, membros do clero e do povo para pedirem a beatificação padre Léo.

“Depois de um discernimento junto à Comunidade, chegamos à conclusão que estava na hora”, conta padre Vicente. Ele anunciou, então, a data de abertura do processo: 7 de março de 2020. A ocasião do anúncio foi revestida de significado: aconteceu em 8 de dezembro de 2019, durante o acampamento Hosana Brasil, da Comunidade Canção Nova, onde Padre Léo fez sua última pregação – “Buscai as Coisas do Alto”. Além disso, em 8 de dezembro Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova e amigo muito próximo de Padre Léo, comemora aniversário de ordenação sacerdotal. Também nesse dia Padre Léo estaria completando 29 anos de sacerdócio.

Moderador-geral da Comunidade Bethânia, padre Vicente de Paula/ Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

O início deste caminho que visa elevar o fundador de Bethânia à honra dos altares acontecerá em São João Batista (SC) no Recanto da Comunidade Bethânia, em missa presidida pelo arcebispo local, Dom Wilson Tadeu Jönck, responsável pela abertura do processo. Até chegar a aprovação de Roma, padre Lúcio conta que foi realizado um caminho para que houvesse uma sinalização positiva diante da solicitação de abertura do processo:

Sobre a data de abertura do processo, o vice moderador-geral da Comunidade Bethânia revela que foi decidida junto aos postuladores da causa de Roma. Segundo o sacerdote, o desejo era que o processo fosse aberto próximo ao dia 14 de março, dia em que a comunidade Bethânia celebra 25 anos de fundação. “Nós escolhemos essa data porque são 25 anos de graças e benção. Um jubileu. Depois alinhamos com o bispo, os postuladores da causa de Roma e então chegamos a um consenso”.

Próximos passos

Assim que aberto o processo, padre Lúcio sublinha que serão realizadas entrevistas com 50 pessoas que conviveram com padre Léo e que darão testemunho da vida do candidato a santo. Esta ação faz parte da fase diocesana, em que se encontrará o processo a partir de 7 de março. O sacerdote prossegue pontuando quais são as próximas ações que serão tomadas pela diocese e pela Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano para o andamento do processo, recordando que: “Não existe um tempo, ele [processo de canonização] durará o tempo que Deus quiser”. Confira:

Dom Wilson Tadeu Jönck conta que é parte do rito que os restos mortais sejam colocados primeiramente em uma caixa de acrílico, depois em uma de metal e, por fim, lacrada em um túmulo de granito.

Dom Wilson Tadeu Jönck/ Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

O arcebispo é o responsável pelo tribunal que será implantado logo após a abertura do processo. Dom Wilson explica que o grupo conta com: um canonista, encarregados de fazer a pesquisa sobre a vida de padre Léo, o responsável de Roma encarregado de acompanhar todo o processo e com o postulador da causa, padre Lúcio. Segundo o bispo, uma oração e relíquias serão distribuídas no dia 7 de março para o culto pessoal dos fiéis. O culto público só poderá ser realizado após a beatificação de Padre Léo.

Milagres

Desde a morte de padre Léo, o vice moderador-geral da Comunidade Bethânia relata que houve indícios de milagres. “Analisaremos cada um deles e escolheremos um ou dois que serão estudados. No caso da cura de uma doença, pediremos laudos médicos, e essa doença deverá ter a probabilidade de um milagre”, esclareceu. Padre Lúcio ressaltou a diferença entre graça e milagre: “O milagre é algo extraordinário que a medicina não consegue explicar”.

Um processo que gera custos

“Roma tem uma dinâmica que é: antes de dar a aprovação, fazer uma pesquisa sobre vida do candidato. Foi feita toda essa pesquisa sobre o Padre Léo para que se soubesse como ele era, qual foi o seu caminho sacerdotal e pessoal, para depois eles darem a aprovação”, explicou padre Lúcio. O vice moderador-geral de Bethânia reafirmou a seriedade da Igreja diante dos processos de canonização.

Vice moderador-geral de Bethânia, padre Lúcio Tardivo /Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

Enquanto os fiéis são afoitos e desejam logo a beatificação e canonização de Padre Léo, o sacerdote destaca que a Igreja age com prudência. Com a intenção de custear todos os gastos que o processo exige, foi criado o “Instituto Padre Léo”. “As documentações, comissões, postuladores, pessoas que vem de Roma, tudo isso tem custo”, observou.

Padre Lúcio esclarece que o instituto gerenciará todas as necessidades do caminho para a canonização do fundador de Bethânia. “Durante todo o processo pediremos a ajuda das pessoas para a causa de beatificação. Toda doação que será feita, será feita exclusivamente para esse fim. O dia que Padre Léo for beato ou santo, este instituto irá se extinguir, já o motivo para que ele exista é para que tudo seja feito com transparência e finalidade. Tudo está contabilizado, juridicamente e civilmente correto e faremos todas as prestações de conta necessárias”.

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