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Síntese do Instrumentum laboris da Assembleia para o Oriente Médio

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No prefácio
, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, o Arcebispo Nikola Eterovic, afirma que "a situação atual no Oriente Médio é, em muitos aspectos, similar à experimentada pela primitiva comunidade cristã na Terra Santa", em meio a dificuldades e perseguições.

Na introdução, recordam-se os dois principais objetivos do Sínodo: em primeiro lugar, "confirmar e reforçar os cristãos em sua identidade através da Palavra de Deus e os Sacramentos" e, em segundo lugar, "reavivar a comunhão eclesial entre as Igrejas 'sui iuris' para que ofereçam um testemunho de vida cristã autêntica, alegre e atrativa".

O primeiro capítulo trata da Igreja Católica no Oriente Médio, assinalando que todas as igrejas do mundo remontam-se à Igreja de Jerusalém. […] Recorda-se que as igrejas do Oriente Médio são de origem apostólica e que seria uma perda para a Igreja universal se o cristianismo se debilitasse ou desaparecesse no lugar onde nasceu. Portanto, há uma grave responsabilidade de manter a fé cristã nesta terra santa. […] Em continuação, diz que os cristãos, apesar de seu pequeno número, pertencem plenamente ao tecido social e à identidade mesma destes países. Seu desaparecimento representaria uma perda para o pluralismo do Oriente Médio. Os católicos estão chamados a promover o conceito de laicidade positiva do Estado para aliviar o caráter teocrático do governo e permitir "mais igualdade entre os cidadãos das diferentes religiões, favorecendo assim a promoção de uma democracia sadia, positivamente laica, que reconheça plenamente o papel da religião, também na vida pública, no pleno respeito da distinção entre as ordens religiosa e temporal". […] A seguir, o documento assinala que conflitos regionais tornam, todavia, mais frágil a situação dos cristãos. "A ocupação israelense dos territórios palestinos torna difícil a vida cotidiana para a liberdade de deslocamento, a economia e a vida social e religiosa (o acesso aos Santos Lugares, condicionado por permissões militares concedidas a uns e negadas a outros, por razões de segurança). […] Os cristãos encontram-se entre as principais vítimas da guerra no Iraque. […] No Líbano, os cristãos estão divididos em âmbito político e confessional. No Egito, por um lado, o crescimento do Islã político e, por outro, a retirada, em parte obrigada, dos cristãos da sociedade civil fazem que sua vida esteja exposta a graves dificuldades. Em outros países, o autoritarismo e a ditadura forçam a população, incluídos os cristãos, a suportar tudo em silêncio para salvar o essencial. Na Turquia, o atual conceito de laicidade traz problemas à plena liberdade religiosa no país". Exorta-se os cristãos a não abandonar seu compromisso com a sociedade, apesar das tentações do desalento. "Revela-se que, no Oriente – em geral – a liberdade religiosa significa habitualmente liberdade de culto" e não "liberdade de consciência, isto é, liberdade de crer ou não crer, de praticar a religião em nível privado ou em público sem nenhum impedimento, e a liberdade de mudar de religião. No Oriente, a religião é geralmente uma opção social, e inclusive nacional, não individual. Mudar de religião considera-se uma traição à sociedade, à cultura e à Nação, construída principalmente sobre uma tradição religiosa". Por isso, "a conversão à fé cristã é considerada como o resultado de um proselitismo interessado e não de uma genuína convicção religiosa. Para os muçulmanos, isso está muitas vezes proibido pelas leis do Estado. […] Entretanto, o extremismo islâmico segue aumentando em toda a região, o que constitui uma ameaça para todos os cristãos, judeus e muçulmanos". Neste contexto de conflitos, dificuldade econômicas e limitações políticas e religiosas, os cristãos seguem emigrando: "no jogo da política internacional – sublinha-se – geralmente ignora-se a existência dos cristãos, que são as primeiras vítimas; essa é uma das principais causas da imigração".

O segundo capítulo está dedicado à comunhão eclesial. […] Esta comunhão no seio da Igreja Católica é manifestada por dois sinais particulares: o Batismo e a Eucaristia em comunhão com o Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, corifeu dos apóstolos, […] princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade e da comunhão. […] A comunhão entre os distintos membros de uma mesma Igreja ou Patriarcado segue o modelo da comunhão com a Igreja universal e com o Sucessor de pedro, o Bispo de Roma. No plano da Igreja Patriarcal, a comunhão expressa-se pelo Sínodo dos Bispos, que reúne toda uma comunidade em torno do Patriarca, Padre e chefe de sua Igreja. […] Os cristãos estão convidados a sentir-se "membros da Igreja Católica no Oriente Médio e não somente membros de uma igreja particular".

O terceiro capítulo aborda a questão do testemunho cristão. Em primeiro lugar, reitera a importância da catequese, […] a urgência do ecumenismo, superando prejuízos e desconfiança através do diálogo e a colaboração. […] Condena-se firmemente o proselitismo que utiliza meios não conformes com o evangelho. Analisam-se depois as relações com o judaísmo, que encontram "no Concílio Vaticano II um ponto de referência fundamental". O diálogo com os judeus define-se como "essencial, ainda que difícil", já que se ressente do conflito entre israelenses e palestinos. A Igreja manifesta o desejo de que "ambos os povos possam viver em paz em uma pátria própria, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente". Reitera-se a firme condenação do antissemitismo, sublinhando que "as atitudes negativas atuais entre povos árabes e o povo judeu parecem antes de tudo de tipo político" e, portanto, alheias a qualquer discurso eclesial. Os cristãos estão chamados a "aportar um espírito de reconciliação baseado na paz e equidade para ambas as partes. Por outro lado, as Igrejas no Oriente Médio convidam a manter a distinção entre realidade religiosas e política. Também as relações da Igreja Católica com os muçulmanos tem seu fundamento no Concílio Vaticano II. […] As relações entre cristãos e muçulmanos são, muitas vezes, difíceis – diz o documento -, sobretudo pelo fato de que os muçulmanos não fazem distinção entre a religião e a política, o que coloca os cristãos na delicada situação de não cidadãos, enquanto são cidadãos destes países desde muito antes da chegada do islã. A chave do êxito da coexistência entre cristãos e muçulmanos depende do reconhecimento da liberdade religiosa e os direitos humanos". "Os cristãos estão chamados [..] a não isolar-se em guetos, ou em atitudes defensivas e a não retrair-se sobre si mesmos, atitudes típicas das minorias. […] Na situação de conflito na região, exorta-se os cristãos a promover a pedagogia da paz: trata-se de um caminho realista, e ainda que corra-se o perigo de ser rechaçado por muito, também tem mais possibilidade de ser aceito, dado que a violência, tanto dos fortes como dos débeis, produziu no Oriente Médio somente fracassos e estagnação". Essa situação é "explorada pelo terrorismo mundial mais radical. A contribuição dos cristãos, que requer muita coragem, é indispensável, embora com demasiada frequência os países do Oriente Médio identifiquem Ocidente com o Cristianismo, acarretando grandes danos às Igrejas cristãs. […] O documento também analisa o forte impacto da modernidade que, para o crente muçulmano, apresenta-se como um rosto ateu e imoral e a vive como uma invasão cultural que os ameaça, alterando seu sistema de valores. A modernidade, por outro lado, é também luta pela justiça e a igualdade e defesa dos direitos. […] O cristão tem uma contribuição especial a fazer no âmbito da justiça e da paz, tem o dever de denunciar com valor a violência, seja qual for sua procedência, e sugerir uma solução, que não pode passar longe do diálogo, a reconciliação e o perdão". Não obstante, os cristãos devem exigir por meio pacíficos que também seus direitos sejam reconhecidos pelas autoridades civis. O documento aborda depois a questão da evangelização na sociedade muçulmana, que somente pode dar-se através do testemunho, mas "pede-se que isso se garanta também mediante oportunas intervenções externas". De qualquer forma, o trabalho caritativo das comunidades católicas com os mais pobres e marginalizados, sem discriminação alguma, representa o modo mais evidente de difusão da mensagem cristã".

Na conclusão, o documento assinala "a preocupação pelas dificuldades do momento presente, mas, ao mesmo tempo, a esperança, fundada na fé cristã. […] Durante décadas, a ausência de resolução do conflito entre israelenses e palestinos, a falta de respeito do direito internacional e dos direitos humanos e o egoísmo das grandes potências desestabilizaram o equilíbrio da região e impuseram à população uma violência que ameaça com a condenação ao desespero. A consequência de tudo isso é a emigração, especialmente dos cristãos. Frente a este desafio e com o apoio da comunidade cristã universal, os cristãos no Oriente Médio estão chamados a aceitar sua vocação ao serviço da sociedade. Aos cristãos do Oriente Médio pode-se repetir hoje: 'Não temas, pequeno rebanho, tens uma missão, dependerá de ti o crescimento de teu país e a vitalidade de tua Igreja, e isso somente se concretizará com a paz, a justiça e a igualdade de todos os cidadãos!'".

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