Papa oferece Missa pelos 21 cristãos decapitados

Francisco falou sobre o mal que se aninha no coração do homem e é capaz de destruir as coisas boas que Deus fez

Da redação, com Rádio Vaticano

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“Ofereçamos esta Missa pelos nossos 21 irmãos coptas, degolados pelo único motivo de serem cristãos”: assim, o Papa Francisco iniciou a Missa desta terça-feira, 17, celebrada na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.

“Rezemos por eles, para que o Senhor os acolha como mártires, por suas famílias, pelo meu irmão Tawadros, que tanto sofre”, disse Francisco, e citou o Salmo 31: “Javé, eu me abrigo em ti. Sê para mim um forte rochedo, uma casa fortificada que me salve; guia-me por teu nome”.

Na homilia, o Pontífice refletiu sobre a primeira leitura retirada do livro do Gênesis (cf. Gn 6,5-8;7,1-5.10) que mostra a ira de Deus pela malvadeza do homem e o preanúncio do dilúvio universal. O homem, constatou Francisco com pesar, “parece ser mais poderoso do que Deus”, “é capaz de destruir as coisas boas que Ele fez”.

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De acordo com o Santo Padre, nos primeiros capítulos da Bíblia, há muitos exemplos – de Sodoma e Gomorra à Torre de Babel – em que o homem mostra a sua malvadeza. Um mal, disse, que se aninha no íntimo do coração:

“‘Mas padre, não seja tão negativo!’, alguém dirá. Mas esta é a verdade. Somos capazes de destruir inclusive a fraternidade: Caim e Abel nas primeiras páginas da Bíblia, destróem a fraternidade. É o início das guerras. Os ciúmes, as invejas, tanta avidez de poder, de ter mais poder. Sim, isso parece negativo, mas é realista. Peguem um jornal, um qualquer – de esquerda, de centro, de direita…qualquer um. E vejam que mais de 90% das notícias são de destruição. Mais de 90%. E isso o vemos todos os dias”.

Empresários de guerra

“Mas o que acontece no coração do homem?”, perguntou-se Francisco. Jesus, disse ele, nos recorda que “do coração do homem saem todas as malvadezas”. Há sempre uma “vontade de autonomia”: “eu faço o que quero e se eu quiser isso, o faço! E se para isso tiver que fazer uma guerra, eu faço!”:

“Mas por que somos assim? Porque temos essas possibilidade de destruição, este é o problema. Depois, nas guerras, no tráfico de armas… ‘Mas somos empresários!’. Sim, do quê? De morte? E há países que vendem as armas a este, que está em guerra com aquele, e vendem também àquele, para que assim a guerra continue. Capacidade de destruição. E isso não vem do próximo: de nós! ‘Todo desígnio do seu coração era continuamente mau’. Nós temos esta semente dentro, esta possibilidade. Mas temos também o Espírito Santo que nos salva, eh! Mas devemos escolher, nas pequenas coisas”.

O Papa então advertiu para as fofocas, de quem fala mal do próximo: “também na paróquia, nas associações”, quando há “ciúme” e “invejas” e talvez se conta tudo para o pároco. “Isso é malvadeza, é a capacidade de destruição que todos nós temos”. E sobre isso, “a Igreja, às portas da Quaresma, nos faz refletir”.

Francisco citou em seguida o Evangelho do dia (cf. Mc 8,14-21), em que Jesus repreende os discípulos que brigam entre si porque se esqueceram de pegar o pão. O Senhor diz a eles que estejam “atentos” ao fermento dos fariseus, ao fermento de Herodes. E cita o exemplo de duas pessoas: Herodes, que é mau e assassino, e os fariseus hipócritas. Jesus os exorta a pensar na Salvação, àquilo que Deus fez por todos nós. Mas eles, retomou o Papa, “não entendiam, porque o coração estava endurecido por esta paixão, por esta malvadeza de discutir entre si e ver quem era o culpado por aquela falta de pão”.

Escolher o bem com a força que Jesus nos dá

Devemos levar “a sério” a mensagem do Senhor, disse ainda o Papa, “não se trata de coisas estranhas, este não é o discurso de um “marciano”, “o homem é capaz de fazer tanto bem”. E citou o exemplo de Madre Teresa, “uma mulher do nosso tempo”. Todos nós, disse, “somos capazes de fazer o bem, mas todos nós somos também capazes de destruir; destruir no grande e no pequeno, na mesma família; destruir os filhos”, não deixá-los crescer “com liberdade, não ajudando-os a crescer bem; cancelando os filhos”. Temos essa capacidade e para isso, reiterou, “é necessária a meditação contínua, a oração, a comparação entre nós, para não cair nesse mal que destrói tudo”:

“E nós temos a força, Jesus nos recorda. Lembrem-se. E hoje nos diz: ‘Recorde-se. Recorde-se de Mim, que eu derramei o meu sangue por você; recorde-se de Mim que eu o salvei, eu salvei todos vocês; Recorde-se de Mim, que Eu tenho a força para acompanhá-lo no caminho da vida, não pelo caminho do mal, mas pelo caminho do bem, do fazer o bem aos outros; não pelo caminho da destruição, mas pelo caminho da construção: construir uma família, construir uma cidade, construir uma cultura, construir uma pátria, mais e mais”.

“Peçamos ao Senhor, hoje, esta graça antes de começar a Quaresma – concluiu o Papa-: sempre escolher bem o caminho com a sua ajuda e não deixar-se enganar pelas seduções que nos levam para o caminho errado”.

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