Celebração

Natal deste ano será especialmente uma luz de esperança, diz padre

Em meio à pandemia, famílias contam como viverão o Natal; padre destaca que Deus traz bençãos e o sol voltará a brilhar

Denise Claro
Da redação

Em meio à pandemia, Natal trará esperança./ Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay

Em um ano de pandemia, o Natal será celebrado em muitos lares de forma diferente. Com as orientações para não aglomeração, muitas famílias não se reunirão, e cada uma viverá a noite de Natal somente entre pessoas que moram na mesma casa.

Nas Igrejas, medidas de distanciamento e sanitárias também continuarão sendo tomadas. Idosos e pessoas do grupo de risco são orientados a permanecer acompanhando as celebrações pelas redes sociais e meios de comunicação.

Padre Rafael José Xavier, da Paróquia de Sant’Anna, em Campo Grande, no Rio de Janeiro, ressalta que as medidas são importantes e expressam o cuidado para que os fiéis possam participar com o máximo de segurança possível.

“Quem não pode ir à Igreja deve viver este Natal nos núcleos familiares em espírito de oração. O Papa Francisco disse que a sociedade de consumo tenta roubar de nós o sentido do Natal, que é o nascimento de Jesus. Então, as famílias são convidadas a viver a noite e o dia de Natal neste clima de oração.”

Liturgia do Natal

O centro da solenidade do Natal é o grande mistério da vinda do Filho de Deus ao mundo. O padre explica que, na liturgia, há quatro formulários litúrgicos para se celebrar o Natal: missa da Vigília (na tarde do dia 24), missa da noite (na noite do dia 24), missa da aurora (ao amanhecer do dia 25) e missa do dia (demais missas do dia 25). Embora se celebre o mesmo mistério do nascimento de Jesus, as leituras são diferentes.

“Na missa da noite do dia 24 são cantadas as calendas. E quando se reza o credo Niceno Constantinopolitano na missa de Natal ao se dizer as palavras ‘Desceu dos céus’ todos se ajoelham até as palavras ‘e se fez homem’. Celebramos o nascimento do nosso Salvador, que veio nos trazer mais vida, vida plena, em abundância. Veio a nós para nos resgatar de todo mal e nos conduzir à graça de sermos filhos de Deus.”

Celebrando a Vida

Liduino da Silva (ao centro) ao retornar para casa, após dias na UTI com covid./ Foto: Arquivo Pessoal

O missionário cearense George Lima conta que 2020 não foi um ano fácil, mas que, nesta segunda-feira, 21, ele e sua família receberam uma ótima notícia: seu pai, Liduino, de 55 anos, após 17 dias internado (15 na UTI) com covid, em Fortaleza, recebeu alta e voltou para casa.

“Estávamos com uma grande expectativa de conseguir passar o natal em família. Tínhamos programado o natal deste ano, que já seria diferente por conta da pandemia, após um ano desgastante e difícil, e fomos surpreendidos com a situação do meu pai. Cheguei de férias em Fortaleza e meu pai ainda estava na UTI.”

George diz que, neste Natal, a celebração vai ser em dobro: “Vamos celebrar os dois presentes: o nascimento de Jesus e o retorno do nosso pai a nossa casa. Meu pai conta que, na UTI, a única coisa que pensava era na família. Para ele e para nós, o Natal vai ter esse significado diferente. Vamos celebrar a esperança, a vida em nossa família.”

Outra família que teve um impacto direto da pandemia foi a da fisioterapeuta Maria Eduarda dos Santos. Seu pai Otávio também chegou a ser internado com sintomas de covid, e teve alta há poucos dias. Ela conta que vão passar o Natal somente entre eles, respeitando o isolamento social, mas que a celebração deste ano vai ter um sentido especial:

Otávio dos Santos (à dir.) e sua família./ Foto: Arquivo Pessoal

“Ainda não conhecemos muito essa doença, e não sabíamos como ele iria reagir. Confiamos em Deus, e acreditamos que daria tudo certo. Meu pai ficou uma semana internado, e graças a Deus já está em casa. Ele rezava muitos terços enquanto estava no hospital, chegou a receber a extrema unção. A maior vitória que nós vamos celebrar, neste ano, além claro do nascimento de Jesus, é o fato de estarmos em família, e o meu pai ter vencido a covid.”

A irmã de Maria Eduarda, Francine Furlan, lembra que os pais, em meio à internação, celebraram os 40 anos de casados: “Foi muito difícil, pois, antes da pandemia, planejamo-nos para este dia festa, viagem, e a celebração acabou sendo por celular, com meu pai internado. Mas foi lindo ver ele e minha mãe trocando palavras de carinho, de amor. Como o que prometeram no casamento: Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza”.

Francine diz que, ao se recordar dos momentos familiares que passou, lembra-se da família de Nazaré: “Maria e José que precisaram fugir mesmo com incertezas, sem saber o que estava por vir, não deixaram que o medo os paralisasse. Foram situações desafiadoras, mas havia a certeza de que Deus estava conosco. Naquela noite de Natal, o Menino Deus chegou trazendo alegria. E assim vamos celebrar também na nossa casa.”

Celebração da Esperança

O sacerdote afirma que o Natal é sempre uma celebração de esperança, a renovação deste sentimento. E lembra que em meio à pandemia, essa realidade ficou mais forte, mais explícita:

“O Natal deste ano, de uma maneira toda especial, brilhará sobre todos nós com uma luz de esperança. Mais do que nunca, o trecho da leitura de Isaías da Missa da noite se realizará: ‘O povo que andava nas trevas viu uma grande Luz’. Nas trevas que envolvem o mundo, as trevas da pandemia, tantas mortes e sofrimento, tantas famílias atingidas, a dor no coração de tantos, dificuldades financeiras, desemprego e tantos outros sofrimentos. A luz do Menino Jesus, a luz que emana da manjedoura certamente brilhará de maneira nova, trazendo um esplendor de esperança. Podemos crer que Deus tem grandes bênçãos reservadas para nós, e que o sol voltará a brilhar. O Natal deste ano é essa fonte de esperança.”

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