31ª Viagem Apostólica

Igreja de Moçambique aguarda chegada do Papa ao país

Núncio Apostólico de Moçambique e Arcebispo de Maputo revelam últimos preparativos para receber o Papa Francisco nesta quarta-feira

Julia Beck
Da redação, com colaboração de Cristiane Henrique

Moçambicana com bandeira da Viagem Apostólica do Papa Francisco/ Foto: Siphiwe Sibeko – Reuters

O Papa Francisco realiza nesta quarta-feira, 4, a sua 31ª Viagem Apostólica, rumo a Moçambique, Madagascar e Maurício. Em Moçambique, o Núncio Apostólico, Dom Piergiorgio Bertoldi, e o Arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio, aguardam a chegada do Pontífice. Segundo Dom Piergiorgio, a Nunciatura já preparou o local que hospedará o Santo Padre, enquanto o Estado realiza trabalhos maiores pelos lugares por onde Francisco passará.

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“O clima é igual como quando se aproxima de uma solenidade importante, pois se realiza um preparo, uma limpeza exterior e também interior”, reforçou o bispo. Dom Piergiorgio completou: “Um dos pequenos passos de preparação da visita do Papa foram os pequenos grupos de jovens, não só animados pelas paróquias, mas também pelas instituições civis, universidades e outras instituições religiosas. Estes grupos fizeram a limpeza das cidades, e só nisso muitas instituições puderam encontrar-se e trabalharem juntas”.

Núncio Apostólico de Moçambique, Dom Piergiorgio Bertoldi/ Foto: Canção Nova

A mensagem do Papa aos moçambicanos, divulgada na última sexta-feira, 30, gerou grande euforia e entusiasmo no país, de acordo com o Núncio Apostólico. “Se vê um grande entusiasmo na espera do Santo Padre e esse entusiasmo me parece que teve seu momento mais alto na última sexta-feira, quando foi publicada a mensagem do Papa sobre sua chegada a Moçambique”. Sobre a vídeo-mensagem, Dom Piergiorgio afirmou: “É uma coisa muito simples. (…) É a simplicidade do Papa de ‘bater as portas’ antes de entrar, (…) é uma forma de pedir permissão antes de entrar na nossa casa”. (Confira a mensagem:)

Moçambique não foi o primeiro destino escolhido pelo Pontífice, como conta Dom Francisco Chimoio. Segundo o arcebispo de Maputo, autoridades do país, ao saberem da confirmação da viagem do Papa a Madagascar, reforçaram o convite para que o Santo Padre também visitasse Moçambique. Mesmo com o apoio do Governo moçambicano, o arcebispo reforçou que a visita de Francisco não apresenta nenhum viés político. “Ele [Papa] vem como um pastor e pai dos cristãos”, frisou.

Realidade de Moçambique

O país vive uma sequência de guerras desde 1964, quando iniciou a Guerra da Independência contra Portugal. Depois de proclamada a independência do país, em meados de 1975, Moçambique viveu por mais de 40 anos uma Guerra Civil. No dia 1 de agosto passado o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, assinaram um acordo histórico de paz para encerrar formalmente décadas de hostilidades no país africano.

Desafios

São muitos os desafios enfrentados em Moçambique, segundo Dom Francisco. O arcebispo citou as perdas durante as guerras que chegam a mais de um milhão de mortos. “A nossa população é em sua maioria jovem, porque durante as guerras perdemos praticamente uma geração. O desafio que a Igreja tem aqui é de criar um moçambicano completamente novo, cheio de valores, princípios que vão ordenar e orientar suas vidas. Isso não se faz sem sacrifícios e dificuldades, por isso esperamos que essa visita do Papa Francisco venha fortalecer o trabalho que estamos realizando”.

Arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio/ Foto: Canção Nova

Lema da 31ª Viagem Apostólica

“Esperança, Paz e Reconciliação” foi o lema escolhido para a viagem apostólica. O Núncio Apostólico explica que o lema é muito natural e caracteriza a atual realidade vivida pelos moçambicanos: o desejo de viver uma paz profunda. Para Dom Piergiorgio o povo de Moçambique carrega feridas e a necessidade de oportunidades para recomeçar. “Vamos pedir ao Santo Padre que abençoe este nosso desejo de paz. (…) Esse lema é uma fotografia das feridas, mas sobretudo dos desejos desse povo que quer crescer na paz e na reconciliação para fazer um país novo”, afirmou.

“A guerra civil afetou não só o povo de Moçambique, mas toda a Igreja que vive junto com esse povo, uma Igreja que assim como as outras esforça-se para reconstruir-se, (…) recuperar o valor dos leigos e os incentivar a perceber o valor dos sacramentos. (…) A Igreja de Moçambique, pelo pouco que conheci, é uma igreja encarnada, com todos os aspectos positivos e negativos que essa palavra porta consigo”, opinou Dom Piergiorgio.

O Arcebispo de Maputo, Dom Francisco, recordou a primeira visita do Papa João Paulo II ao país: “O Papa João Paulo II, em 1982, nos deixou uma mensagem dizendo: ‘Construir a paz na justiça e no amor’. (…) Depois desses 26 anos conseguimos ter essa paz, graças a Deus, e graças também a mensagem que João Paulo II nos deixou e o empenho que tocou cada moçambicano para manter essa mensagem viva dentro de nós. (…) Esperamos que verdadeiramente a nossa esperança seja cada vez mais forte, para que a paz possa durar e a nossa reconciliação possa estar presente em todos os setores”.

Aos cristãos moçambicanos, o arcebispo aconselha que aproveitem a visita do Santo Padre para reforçar a fé, esperança e a caridade. Dom Francisco completou: “Nossas comunidades cristãs foram uma resposta nesses anos de guerra civil. Nem sempre era fácil ter um padre junto deles, mas os próprios cristãos se mostraram empenhados em defender a própria fé, a própria esperança e caridade. Uniram-se para juntos testemunharem o que no dia do batismo prometeram: ser luz do mundo e sal da terra. (…) Essa visita vem nos fortalecer na fé. (…) Queremos criar uma unidade em que Cristo seja o guia que orienta”.

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