Palavra do Papa

Homilia do Papa no Mosteiro Dominicano de Santa Maria do Rosário

Queridas Irmãs,

a cada uma de vós destino as palavras do Salmo 124, que rezamos há pouco: "A Tua bondade, Senhor, esteja com os bons e os retos de coração" (v. 4). É, antes de tudo, com este desejo que vos saúdo: sobre vós esteja a bondade do Senhor. Em particular, saúdo a vossa Madre Priora, e a agradeço de coração pelas gentis expressões que me dirigiu em nome da Comunidade. Com grande alegria aceitei o convite para visitar este Mosteiro, a fim de permanecer convosco aos pés de Nossa Senhora acheropita de São Sisto, antiga protetora dos Mosteiros de Santa Maria em Tempulo e de São Sisto.

Rezamos juntos a Hora Média, uma pequena parte daquela Oração Litúrgica que, na clausura, pontua o ritmo dos vossos dias e vos torna intérpretes da Igreja-Esposa, que une-se, de maneira especial, com o seu Senhor. Através desta oração coral, que encontra o seu cume na participação cotidiana no Sacrifício Eucarístico, a vossa dedicação ao Senhor no silêncio e no escondimento é tornada fecunda e fértil, não somente em ordem do caminho de santificação e purificação pessoal, mas também no que diz respeito àquele apostolado de intercessão que desenvolveis por toda a Igreja, para que possa aparecer pura e santa diante do Senhor. Vós, que bem conheceis a eficácia da oração, experimentais todo o dia quantas graças de santificação ela pode obter à Igreja.

Queridas Irmãs, a comunidade que formais é um lugar em que deve poder morar no Senhor; é, para vós, a nova Jerusalém, a que sobem as tribos do Senhor para louvar o nome do Senhor (cf. Sl 121,4). Sejais gratas à Divina Providência pelo dom sublime e gratuito da vocação monástica, a que o Senhor vos chamou sem qualquer mérito vosso. Com Isaías, podeis afirmar "o Senhor plasmou-me seu servo desde o ventre materno" (Is 49,5). Antes ainda que nascesseis, o Senhor tinha reservado a Si o vosso coração, para poder enchê-lo com o Seu amor. Através do sacramento do Batismo, tendes recebido em vós a Graça divina e, imersas em sua morte e ressurreição, tendes sido consagradas a Jesus, para pertencer-Lhe exclusivamente. A forma de vida contemplativa, que das mãos de São Domingos tendes recebido na modalidade da clausura, vos coloca, como membros vivos e vitais, no coração do corpo místico do Senhor, que é a Igreja; e como o coração faz circular o sangue e mantém vivo o corpo todo, assim a vossa existência escondida com Cristo, tecida de trabalho e oração, contribua a sustentar a Igreja, instrumento de salvação para todo o homem que o Senhor redimiu com Seu sangue.

É a essa fonte inesgotável que vós atingis com a oração, apresentando na presença do Altíssimo as necessidades materiais e espirituais de tantos irmãos em dificuldade, a vida perdida daqueles que estão distantes do Senhor. Como não mover-se em compaixão por aqueles que parecem vagar sem rumo? Como não desejar que nas suas vidas aconteça o encontro com Jesus, o único que dá sentido à existência? O santo desejo de que o Reino de Deus se estabeleça no coração de cada homem identifica-se com a própria oração, como nos ensina Santo Agostinho: "Ipsum desiderium tuum, oratio tua est; et si continuum desiderium, continua oratio" (cf. Ep. 130, 18-20); por isso, como fogo que arde e nunca se extingue, o coração permaneça acordado, não pare nunca de desejar e sempre levante a Deus o hino de louvor.

Reconheçais, por isso, queridas irmãs, que, em tudo isso que fazeis, além dos momentos individuais de oração, o vosso coração continua a ser guiado pelo desejo de amar a Deus. Com o Bispo de Hipona, reconheçais que é o Senhor quem colocou em vossos corações o seu amor, desejo que dilata o coração, a fim de torná-lo capaz de aceitar a Deus (cf. In Io. Ev. tr. 40, 10). Esse é o horizonte da peregrinação terrena! Essa é a vossa meta! Por isso, tendes escolhido viver no escondimento e na renúncia aos bens terrenos: para desejar acima de tudo aquele bem que não há igual, aquela pérola preciosa que merece a renúncia a todo o outro bem para que possamos possuí-la.

Possais pronunciar a cada dia o vosso "sim" aos planos de Deus, com a mesma humildade com que disse o "sim" a Virgem Santa. Ela, que no silêncio acolheu a Palavra de Deus, vos guie na vossa cotidiana consagração virginal, para que possais experimentar no escondimento a profunda intimidade por Ela mesma vivida com Jesus. Invocando a sua materna intercessão, juntamente com a de São Domingos, Santa Catarina de Sena e dos tantos santos e santas da Ordem Dominicana, concedo a todas vós uma especial Bênção Apostólica, que faço extensiva às pessoas que se confiam às vossas orações.



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