Homilia diária

Graça divina é ternura e não mercadoria, diz Papa Francisco

Na Missa de hoje, Papa Francisco alertou sobre o risco de tornar a graça de Deus uma mercadoria e querer controlar aquilo que Deus dá gratuitamente

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco celebra na Casa Santa Marta destacando a gratuidade do amor de Deus / Foto: L'Osservatore Romano

Francisco celebra na Casa Santa Marta destacando a gratuidade do amor de Deus / Foto: L’Osservatore Romano

Deus é como uma mãe, ama gratuitamente, mas muitas vezes as pessoas querem controlar esta graça com uma espécie de contabilidade espiritual. O alerta foi dado pelo Papa Francisco na Missa desta quinta-feira, 11, na Casa Santa Marta.

Deus salva o seu povo não de longe, mas fazendo-se próximo, com ternura. Partindo do livro do profeta Isaías, na leitura do dia, Francisco usou a imagem de uma mãe para expressar quão grande é a proximidade de Deus para com o seu povo.

“Uma mãe quando canta uma canção de ninar para a criança, adota a voz de criança, se faz pequena como a criança e fala com o tom da criança a ponto de parecer ridícula se uma pessoa não entende o que há ali de grandioso (…) Deus faz assim. É a ternura de Deus. É tão próximo a nós que se exprime com esta ternura: a ternura de uma mãe”, disse.

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Deus ama como uma mãe ama seu filho. A criança, por sua vez, deixa-se amar, explicou o Papa, e esta é a graça de Deus. Porém, Francisco lembrou que, muitas vezes, por segurança, o homem quer controlar a graça. Na história humana, existe a tentação de mercantilizar a graça, torná-la uma mercadoria ou uma coisa controlável.

“E assim esta verdade tão bela da proximidade de Deus desliza em uma contabilidade espiritual: ‘Não, eu faço isso porque isso me dará 300 dias de graça… Eu faço aquilo outro porque isso me dará isso e assim acumulo a graça’. Mas o que é a graça? Uma mercadoria? Assim, parece que sim. E na nossa história esta proximidade de Deus ao seu povo foi traída por esta atitude nossa, egoísta, de querer controlar a graça, mercantilizá-la”.

Francisco recordou os grupos no tempo de Jesus que queriam controlar a graça: os fariseus, escravos de tantas leis que carregavam sobre os ombros do povo; os saduceus, com seus compromissos políticos; os essênios, pessoas boas, mas que acabavam se isolando em seus mosteiro.

A graça de Deus, conforme explicou o Santo Padre, é proximidade e ternura. “Se na tua relação com o Senhor você não sente que Ele te ama com ternura, ainda te falta alguma coisa, você ainda não entendeu o que é a graça, ainda não recebeu a graça que é esta proximidade”.

O Pontífice recordou uma confissão de muitos anos, quando uma mulher se torturava sobre a validade ou não de uma Missa frequentada de sábado à noite para um casamento, com leituras diferentes daquela de domingo. Esta foi a resposta: “Mas, senhora, o Senhor te ama tanto. A senhora foi ali, recebeu a Comunhão, esteve com Jesus… Sim, fique tranquila, o Senhor não é um comerciante, o Senhor ama, está próximo”.

“Mesmo correndo o risco de nos parecer ridículo, Deus é tão bom. Se nós tivéssemos a coragem de abrir o nosso coração para esta ternura de Deus, quanta liberdade espiritual teríamos! Quanta! Hoje, se você tiver um pouco de tempo, na sua casa, pegue a Bíblia: Isaías, capítulo 41, do versículo 13 ao 20, sete versículos. E os leia. Esta ternura de Deus, este Deus que canta para nós uma canção de ninar, como uma mãe”.

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