Dia dos Pobres

Fisichella: violência contra as mulheres, uma forma bárbara de pobreza

Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização apresentou a mensagem do Papa para o V Dia Mundial dos Pobres

Da redação, com Vatican News

Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella. /Foto: Reuters -Alessandro Bianchi

Além da falta de alimentos e de bens de primeira necessidade, assim como a precariedade da saúde, existe, hoje, outra pobreza que não deve ser subestimada, é a violência contra as mulheres: “Uma barbárie que faz do mundo das mulheres um teatro de autêntica pobreza”. A condenar o fenômeno é dom Rino Fisichella, apresentando na Sala de Imprensa vaticana a mensagem do Papa Francisco para o V Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado no próximo 14 de novembro com uma Missa na Basílica de São Pedro, presidida pelo Pontífice.

Formas de desigualdade e falta de dignidade

“Diante dos fatos cotidianos de violência contra as mulheres, não se pode suprimir a condenação por esta barbárie que faz do mundo das mulheres um teatro de autêntica pobreza”, diz o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, que pelo quinto ano organiza o Dia Mundial, a partir da instituição em 2016, na conclusão do Jubileu da Misericórdia. “De uma forma ainda mais incompreensível para uma cultura que atingiu as formas mais maduras de igualdade, somos obrigados a constatar expressões de desigualdade e falta de dignidade que ferem não só as pobres vítimas, mas também toda a sociedade que muitas vezes é demasiado indefesa e afônica como se se resignasse a desistir das conquistas obtidas laboriosamente ao longo das décadas”.

Novas expressões de pobreza

Dom Fisichella então se detém no tempo atual marcado pela pandemia de Covid, marcado por “formas de injustiça que se tornam cada vez mais evidentes quanto mais emergem novas expressões de pobreza”. “O Santo Padre está bem consciente das consequências que todos os dias estão diante dos olhos, a tal ponto que as pessoas mais vulneráveis se veem privadas das necessidades básicas”. Isto é demonstrado pelas longas filas em frente aos refeitórios para os pobres, “um sinal tangível deste agravamento”.

Não aos hábitos que se tornam indiferença

Neste cenário trágico, a mensagem que o Papa quer enfatizar com seu documento é que “diante dos pobres não se pode permitir qualquer hábito que se torne indiferença”. Eles, reitera Fisichella, “não são pessoas fora da comunidade, mas irmãos e irmãs com quem compartilhar o sofrimento, para aliviar seu desconforto e marginalização”; muito menos os pobres e sua condição são “fruto da fatalidade”, mas sim “um sinal concreto” da presença de Cristo entre os homens. Portanto, os cristãos precisam “redescobrir o entusiasmo necessário para tornar sua presença no mundo mais uma vez credível”.

Apelo aos governos e instituições para um “planejamento criativo”

Sobre estes pontos, o magistério de Francisco é forte e oportuno, sem se entregar à retórica. Também é forte o apelo do Pontífice aos governos e instituições mundiais “para que se sintam investidos da responsabilidade a construir um mundo melhor baseado na justiça” e de construí-lo com um “planejamento criativo” que conduza a soluções a longo prazo. De fato, a esperança é que os governos e os governantes possam não apenas ouvir as palavras do Papa – “que sempre têm um grande eco” – mas colocar em prática suas indicações: “A pobreza não diz respeito apenas a um grupo de nações, é um fenômeno planetário que toca o mundo inteiro. Virar as costas e viver como se o problema não existisse faz com que o Papa diga uma bela expressão: muitas vezes falamos dos pobres em nossas políticas, mas depois nos vemos como incompetentes”, evidenciou Fisichella.

A causa da pobreza

O prelado finalmente respondeu às perguntas dos jornalistas, incluindo uma sobre as teorias segundo as quais a superpopulação é uma das principais causas da pobreza. Teorias “de longa data”, concluiu o prelado, definindo certas análises “não livres de escolhas ideológicas que inevitavelmente levam a uma regulamentação da taxa de natalidade e formas setoriais de presença social”. “Questões deste tipo – acrescentou – precisam ser analisadas de várias perspectivas e fatores, mas não se pode dar uma leitura única e unívoca sobre as causas e as consequências das causas. Por exemplo, a pobreza pode ser causada por países ricos que em sua riqueza querem mais produtos, mais consumo e assim criar situações de pobreza”. Portanto, uma “leitura múltipla” é útil para “não cair em escolhas ideológicas” que “afastariam das análises e das consequências”.

Iniciativas para 14 de novembro

O presidente do Dicastério para a Nova Evangelização finalmente anunciou que também este ano, para o Dia dos Pobres, várias iniciativas serão lançadas, como em 2020, quando se conseguiu o “feito” de distribuir 5.000 sacolas para famílias carentes nas paróquias de Roma e 350.000 máscaras para escolas nos subúrbios. No momento, não há indicações precisas porque cada evento e projeto estará sujeito às decisões tomadas em nível internacional para combater a pandemia. Em todo caso, já se pensa em “dar um sinal” após o verão europeu: “A descoberta da vacina, a possibilidade de serem distribuídas o máximo possível a todos, em todas as partes do mundo, especialmente aos marginalizados e pobres, torna-se o objetivo com o qual retomar o caminho cotidiano interrompido pela covid”.

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