Dificuldades

Cáritas: após uma década de guerra, Síria está sob 'bomba' da pobreza

Cáritas Internacional clama por ajuda ao povo sírio e fim às sanções impostas ao país

Da redação, com Cáritas Internacional

Colaboradores da Cáritas Síria ajudam na limpeza das ruas da Síria / Foto: Cáritas Síria

A Cáritas Internacional realizou uma coletiva de imprensa on-line nesta terça-feira, 23, intitulada “Igreja e Caritas: 10 anos de resposta humanitária na Síria”. O tema norteou a entidade em lançar seu apelo à comunidade internacional em prol do povo sírio. 

O secretário-geral da entidade, Aloysius John, destacou que a Cáritas se une à igreja no país ao pedir para suspender as sanções unilaterais, que foram introduzidas no início da guerra. Também pede aumento no acesso a serviços e cuidados de saúde, incluindo vacinas contra a Covid-19; apoio às ONGs, em particular às organizações religiosas; negociação para a paz e evitar o impasse contínuo, que só resulta em sofrimentos incalculáveis para civis inocentes.

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Próximo a 90% da população mergulhou na pobreza como resultado de uma década de guerra. Isso além das sanções internacionais, pandemia e crise econômica. Um terço da população fugiu do país e 12,4 milhões não têm acesso a alimentos e cuidados médicos.

Também participou da coletiva o Núncio Apostólico no país, Cardeal Mario Zenari. “É verdade que não caíram bombas e foguetes em várias regiões do país por alguns meses. No entanto, a terrível ‘bomba’ da pobreza explodiu”. 

O cardeal Zenari reconheceu com gratidão a assistência permanente da comunidade humanitária. Em especial, mencionou a Cáritas, “cuja tarefa deve ser a espinha dorsal da missão humanitária da Igreja Católica”.

O auxílio de uma década à Síria

A confederação da Cáritas prestou auxílio a cerca de 1 milhão de pessoas por ano desde o início da guerra em 2011. Esta ajuda incluiu alimentação, educação, reforma de casas e apoio psicológico e de saúde. Também há projetos de água e higiene e, nos últimos anos, uma mudança crescente para projetos de subsistência para ajudar os sírios a se tornarem mais autônomos.

“Os sírios pagaram um alto preço pela guerra na Síria durante os últimos dez anos em termos de assassinato, deslocamento interno e refugiados. A destruição não fez distinção entre casas, instalações públicas ou centros médicos ou educacionais”, disse o diretor executivo da Caritas Síria, Riad Sargi.

Sargi também fez um apelo urgente à comunidade internacional. “As sanções e boicote à Síria, além da Lei César, afetaram negativamente a vida dos cidadãos sírios, especialmente os mais vulneráveis. Alguns deles só podem comer pão e beber água. Os contêineres de lixo nas ruas tornaram-se fonte de alimento para os mais pobres”, lamenta.

Dados apontam que 60% das crianças sírias precisam urgentemente de educação, comida e aquecimento e 2,4 milhões delas não têm acesso à escola. Um dos principais focos da Caritas Internacional é investir na educação de milhares de crianças sírias cuja escolaridade foi interrompida por causa da guerra.

“Queremos paz, queremos diálogo”, foi também o apelo do arcebispo melquita de Homs, Hama e Yabroud, Dom Jean-Abdo Arbach, que é presidente da Caritas Síria. “Pedimos ao governo que coopere com a oposição para restaurar a dignidade humana. Após uma década de guerra, pedimos cooperação internacional. Por causa da crise no Oriente Médio, a Síria foi esquecida”, finalizou.

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