Afro-descendentes

Bispo convida a descobrir dom de Deus presente na negritude

É preciso descobrir "o dom de Deus presente na negritude", afirmou o Bispo de Bagé (RS), Dom Gílio Felício, na Missa desta sexta-feira, 6, no terceiro dia de trabalhos dos bispos reunidos em Aparecida (SP) para a 49ª Assembleia Geral da CNBB. A Celebração de hoje foi dedicada aos afrodescendentes, com o objetivo de reafirmar a solidariedade e carinho da Igreja no Brasil para com essa população.  

O ano de 2011 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional dos Afrodescendentes, no intuito de valorizar sua riqueza cultural e, também, motivar os governos para que invistam em políticas de fortalecimento dessa grande parcela da população.

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.: Cobertura completa da Assembleia dos Bispos 2011
.: Fotos da 49ª Assembleia da CNBB no Flickr


Dom Gílio iniciou sua homilia destacando que a Palavra de Deus é viva e eficaz, não apenas uma literatura bonita, um patrimônio da humanidade, mas é "o próprio Deus se comunicando". E na liturgia de hoje, "ela nos desafiou". Jesus viu a multidão faminta que vinha ao encontro d'Ele em busca de vida e realiza o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.

"Jesus veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Ele é o sacramento maior do amor de Deus, a caridade na verdade. Torna-se o rosto de sua pessoa, uma vocação a nós dirigida para amarmos nossos irmãos, na verdade do seu projeto", destacou o bispo.

E explicou que Jesus testemunhou a caridade em Sua vida terrena. Com Sua Morte e Ressurreição, revelou-nos a força que vem do Pai, que se expressa n'Ele e atua pelo Divino Espírito Santo. Essa é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. "Sem mim nada podeis fazer. Eu sou o caminho, a verdade e a vida", lembrou Dom Gílio, recordando as palavras de Cristo.

"Nesta Missa, estamos celebrando o mistério pascal de Cristo, nela poderemos nos tornar melhores discípulos e missionários de Cristo e podemos atender melhor aqueles que têm fome de justiça e paz, enfim, que têm fome e sede de Deus", ressaltou.  

O prelado destacou que o Documento da V Conferência, realizada em Aparecida (SP), afirma que o seguimento de Jesus no continente passa também pelo reconhecimento dos afro-americanos, como desafio que nos interpela para viver o verdadeiro amor a Deus e ao próximo.

"A Igreja denuncia a prática da discriminação e do racismo em suas diferentes expressões, pois defende a dignidade humana, criada à imagem e semelhança de Deus", afirmou o bispo, complementando: "a Igreja, com sua pregação, vida sacramental e pastoral, precisa continuar ajudando para que as feridas culturais, injustamente sofridas na história dos afrodescendentes, não paralisem o dinamismo de sua personalidade, de sua identidade étnica e seu desenvolvimento social".

Por fim, Dom Gílio destacou que a decisão da ONU de decretar o Ano Internacional dos Afrodescendentes tem perfeita sintonia com as diversas manifestações do Beato João Paulo II, que, em sua terceira visita ao Brasil, em 1997, afirmou: "Esses brasileiros de origem africana merecem, têm direito e podem, com razão, esperar o máximo respeito aos traços fundamentais de sua cultura, para que continuem a enriquecer a nação como cidadãos a pleno título".

E concluiu pedindo a João Paulo II que, junto a Nossa Senhora Aparecida, interceda por nós, para que o clamor do povo negro jamais seja esquecido.

Assista à homilia na íntegra

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