Perseguição religiosa

Ataque às Irmãs da Caridade na Índia

O último episódio de violência contra os cristãos na Índia foi realizado por fundamentalistas hinduístas que assaltaram e queimaram a casa das Missionárias da Caridade, Congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá. O fato ocorreu no vilarejo de Sukananda, distrito de Kandhamal. A notícia foi divulgada neste sábado, 27.

Por volta das 23h locais, uma multidão de 700 pessoas tomou as ruas, violando o toque de recolher imposto pelas autoridades, armada com foices, espadas e barras de ferro, e assaltou o prédio e adjacências. Também destruiu a igreja local, desencadeando a sua fúria devastadora até às 2h da manhã.

"Na casa não havia ninguém, declarou a superiora regional da congregação, Ir. Suma, porque desde quando foram desencadeadas as violências contra os cristãos, nos transferimos para a residência de Bhubaneshwar, junto às jovens dalit (sem casta) e tribais às quais havíamos dado abrigo."

Na sexta-feira, Irmã Suma encontrou o governador do Estado de Orissa, Muralidhar Chandrakant Bhandare, a quem disse que o ataque é obra de "forças demoníacas" que atuam na região. O governador disse concordar com a religiosa. A Conferência Episcopal Indiana difundiu uma declaração assinada por seu presidente e também arcebispo-mor de Ernakulam-Angamaly dos Siro-Malabarenses, Cardeal Varkey Vithayathil, sobre as violências contra os cristãos.

Também o Arcebispo de Cuttack Bhubaneswar, Dom Raphael Cheenath, que define as religiosas de Madre Teresa como "missionárias de fronteira" e, por isso, sempre mais expostas aos riscos, manifestou a sua solidariedade às religiosas.

Ao menos quatrocentos cristãos se reuniram ontem, 28, em um parque de Nova Delhi para rezar juntos e pedir ao governo mais proteção contra as agressões dos extremistas hindus. Um porta-voz da Conferência episcopal indiana, Dominic Emmanuel, falou da profunda desilusão causada pelo desinteresse demonstrado pelas autoridades, seja a nível central ou local, em relação à situação dos cristãos.

Desde o último dia 24 de agosto, após o assassinato de um líder radical hindu no Estado de Orissa, explodiram violências tendo como pano de fundo a religião; os ataques contra os cristãos multiplicaram-se sem parar. Os extremistas, denunciou Emmanuel, assassinaram ao menos 40 pessoas e obrigaram mais de 50 mil a abandonar suas casas. Quase 150 edifícios cristãos, igrejas e inclusive orfanatos, foram destruídos nas agressões, iniciadas principalmente nos estados meridionais do país e no Estado central de Madhya Pradesh.

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Pela primeira vez, os bispos acusam oficialmente grupos do ativismo radical Hindutva e exigem justiça do governo central e dos outros Estados. Pedem que a tradição indiana de tolerância seja salvaguardada e garantida a obra dos cristãos em favor dos pobres e dos sem castas, em prol da reconciliação social.

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