Homenagem

Papa na Audiência Geral: Bento XVI foi um grande mestre da catequese

Na primeira Audiência Geral de 2023, o Papa encerrou o ciclo sobre o discernimento, enfatizando a importância de não discernirmos nada sozinhos, mas com a ajuda de um acompanhador espiritual 

Da redação com Vatican News 

 

Papa Francisco na Audiência geral dessa quarta-feira, 04 / Foto:REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 04, a primeira deste novo ano, o Papa Francisco prestou sua homenagem a Bento XVI, o intitulando como “grande mestre de catequese”. Fez isso na Sala Paulo IV antes de se dirigir aos fiéis e peregrinos presentes. 

O Pontífice afirmou que o pensamento do Papa Emérito era perspicaz e gentil, e que não buscava a autoreferencialidade. Era eclesial e sempre quis acompanhar a todos no encontro com Jesus.  “Jesus, o Crucificado Ressuscitado, o Vivente e o Senhor, foi a meta para a qual o Papa Bento nos conduziu, levando-nos pela mão. Que ele nos ajude a redescobrir em Cristo a alegria de acreditar e a esperança de viver.”

O acompanhamento espiritual 

Encerrando o ciclo sobre o discernimento, completando o discurso sobre as ajudas que podem e devem sustentar os cristãos, o Papa trouxe à tona o acompanhamento espiritual, ferramenta importante sobretudo para o conhecimento de si, que é uma condição indispensável para boas escolhas. “Olhar-se no espelho sozinho nem sempre ajuda, porque alguém pode fantasiar a imagem. Ao invés, olhar-se no espelho com a ajuda de outra pessoa, se verdadeira, isto ajuda.”

O Santo Padre afirmou que, em primeiro lugar, é importante dar-se a conhecer, sem ter medo de compartilhar os aspectos mais frágeis da vida. Recordou que o acompanhador não deve decidir sobre o acompanhante, mas acompanhar no caminho da vida. “A fragilidade é, na realidade, a nossa verdadeira riqueza. Devemos aprender a respeitar e a aceitar. É o que nos torna humanos”. 

Exortou ainda aos fiéis que, se forem dóceis ao Espírito Santo, o acompanhamento espiritual ajuda a desmascarar equívocos até graves na consideração de nós mesmos e na relação com o Senhor. 

“Narrar diante de outra pessoa o que vivemos ou o que procuramos, em primeiro lugar, ajuda e dá clareza a nós próprios, trazendo à luz os numerosos pensamentos que habitam em nós.”

Francisco enfatizou que a pessoa que acompanha não substitui o Senhor e não faz o trabalho no lugar da pessoa acompanhada, mas caminha ao seu lado, encoraja-a a ler o que se move no seu coração, o lugar por excelência onde o Senhor fala.

Sempre acompanhado, jamais só

O Papa diz preferir o termo “acompanhador espiritual” e não “diretor espiritual”, e a propósito de não caminhar só, repetiu um dito africano que diz: “Se quiser chegar depressa, vá sozinho. Se quiser chegar seguro, vá com os outros”.

“Vá acompanhado, com o seu povo. É importante. Na vida espiritual, é melhor fazer-se acompanhar por alguém que conheça nossas coisas e nos ajude. E isto é o acompanhamento espiritual.”

O Pontífice refletiu outro aspecto importante do acompanhamento espiritual, que é a inserção em uma comunidade, olhando para a filiação e a fraternidade espiritual, pois “não vamos ao encontro do Senhor sozinhos”. 

“Não estamos sós, somos gente de um povo, de uma nação, de uma cidade que caminha, de uma igreja, de uma paróquia, deste grupo… uma comunidade em caminho.”

Nossa Senhora, mestra de discernimento

Francisco propôs como “mestra de discernimento” a Virgem Maria, que “fala pouco, ouve muito e conserva no coração”. E contou algo curioso que ouviu de uma senhora “muito simples”, que não tinha estudado teologia.

Ela perguntou a Francisco se ele conhecia o gesto que faz Nossa Senhora. Ao não entender, ela respondeu apontandoNossa Senhora aponta sempre para Jesus. “Isto é belo: Nossa Senhora não toma nada para si, aponta Jesus”.

O discernimento é uma arte

“Caros irmãos e irmãs, o discernimento é uma arte, uma arte que se pode aprender e que tem as suas próprias regras. Se for bem aprendido, ele permite viver a experiência espiritual de forma cada vez mais bonita e ordenada. O discernimento é, sobretudo, um dom de Deus, que deve ser sempre pedido, sem jamais presumir ser perito e autossuficiente.” 

O Papa conclui com uma exortação repetida várias vezes no Evangelho: Não tenha medo! “Se confiarmos na Sua palavra, desempenharemos bem o jogo da vida, e poderemos ajudar outros.”

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