Amazônia

Repam completa seis anos e apresenta balanço do trabalho realizado

Coletiva de Imprensa aconteceu de forma on-line e apresentou o novo secretário da entidade

Da redação, com REPAM

Nesta segunda-feira, 14, a REPAM comemora seis anos de fundação. Uma coletiva de imprensa on-line foi organizada para apresentar o trabalho feito nesses anos, e os horizontes a partir de agora.

Participaram da coletiva o presidente da REPAM, cardeal Cláudio Hummes, que fez um balanço do papel da Rede para a Pan-Amazônia nos últimos 6 anos e o vice-presidente, cardeal Pedro Barreto, que apresentou a caminhada de discernimento da Rede que vem sendo realizada e o que se espera da entidade nos próximos anos.

O novo secretário executivo, Irmão João Gutemberg Sampaio, também foi apresentado. Irmão João é brasileiro, nascido na Amazônia. Filho e neto de seringueiros, faz parte da Rede desde a sua fundação. Ele sucede Maurício López no cargo.

Preparação

Nos últimos meses, foram realizadas uma série de reuniões virtuais nos países, pelos eixos de atuação e membros da REPAM, num processo de discernimento sobre a atuação e papel desenvolvido pela Rede em toda a Pan-Amazônia. Os anos iniciais da estruturação da Rede, os resultados do Sínodo Pan-amazônico, realizado no Vaticano em outubro de 2019, a pandemia do coronavírus que afeta gravemente os povos da Amazônia e o processo de transição da secretaria norteiam o processo de discernimento da REPAM, bem como apontam luzes para a caminhada dos próximos anos.

Coletiva

Dom Cláudio Hummes acolheu oficialmente o novo secretário, agradecendo sua disponibilidade para este serviço essencial. “A REPAM envolve multidões. Não é um pequeno grupo de pessoas. Está nas bases, nas dioceses, nos grupos indígenas, a REPAM está atuando com sua missão.”

O presidente da Rede lembrou que estava na fundação, e que na verdade trabalha na Amazônia desde 2011, quando se tornou responsável pela Comissão para a Amazônia: “Foi para mim uma graça e continua a ser uma graça enorme poder trabalhar na Amazônia. Tive a oportunidade de visitar toda aquela floresta, 38 vicariatos, prelazia, dioceses, tendo uma visão concreta. Pude ouvir o povo, encorajar o povo, e foi dentro desta realidade que foi criada a Repam.”

A REPAM foi criada em setembro de 2014 após uma reunião realizada em Brasília entre o então Pontifício Conselho Justiça e Paz e os bispos, padres, missionários, leigos e representantes de organizações católicas da região amazônica. Tem como objetivo promover uma relação responsável e sustentável com a Amazônia, “pulmão da Terra” ameaçado pelo desmatamento e exploração de recursos.

“Somos um serviço e queremos continuar sendo um serviço. Essa missão sempre foi muito apoiada pelo Papa Francisco. Desde a Conferência de Aparecida, mas depois como Papa. Ele é a grande figura que nos indica caminhos, nos impulsiona e nos pede para ser ousados. Foram anos de muito empenho e engajamento no território. Depois, foram necessárias as assembleias, os grandes encontros, e depois junto com as comunidades construir os caminhos. Este foi o grande processo que foi realizado”, afirmou Dom Cláudio.

O presidente da REPAM afirmou que, apesar de haver dificuldades ao longo do caminho, a causa era muito maior. E lembrou que o Sínodo para a Amazônia foi o ponto alto de toda a trajetória da Rede nesses seis anos.

“O Papa quis reunir os bispos da Amazônia e traçar novos caminhos. Isso era fundamental e continua sendo fundamental até hoje. Esse trabalho foi inspirado por essa meta: novos caminhos. O Sínodo foi um momento forte, em que se tomaram decisões, e o Papa apresentou ao mundo e à Igreja esse documento final, e disse que é para nós o aplicarmos com todo o empenho, e nos ofereceu alguns sonhos para sonharmos juntos. Uma forma de transbordar, para além do cotidiano, rotineiro, nós não podemos deixar de sonhar e de ter esperança.”

Dom Cláudio também falou sobre a criação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), criada por sugestão do próprio Pontífice, não para ser somente um organismo episcopal, mas eclesial, podendo abranger e incluir outros membros, agentes e indígenas, que juntos pudessem discutir e votar as decisões para a região.

“A CEAMA é um grande momento agora dessa caminhada toda. Vamos começar a nos reunir, esse será o grande início deste trabalho, que deverá coordenar, animar, e com o povo ir definindo e pondo em prática essa construção de novos caminhos. O Papa sempre volta a dizer que seja sem muita burocracia, com o pé no chão, escutar, escutar, escutar e depois construir os novos caminhos.”

O vice-presidente da Repam, Cardeal Dom Pedro Barretto, salientou que a exortação do Papa Francisco os levou a tomar consciência de dois aspectos: “Colocar em prática o que o documento pede, e continuar sonhando com o Papa Francisco, para que a Igreja seja instrumento de paz e justiça neste território em que estão nossos queridos irmãos”.

O novo secretário, Irmão Gutemberg, também falou sobre a atuação da Repam. “Lembro-me muito bem da fundação da Repam (…), e hoje, seis anos depois, muitos sonhos já foram realizados, já temos inclusive sonhos que precisam de conversão. Infelizmente, a nossa querida Amazônia é uma Amazônia consumida, invadida, as pessoas que querem o bem comum, juntamente com a Igreja, unem-se para cuidar e defender as comunidades humanas e a diversidade ambiental, ouvindo o grito dos pobres e o grito da terra. Vou ser apenas um instrumento de conexão para semear luz e esperança na Amazônia e em outros contextos do cenário planetário que precisam se amazonizar. Amazonizar-se é viver uma boa relação com o ambiente, dos povos com o ambiente. Que o Deus da vida nos anime sempre, e seja sempre nosso condutor.”

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