Diálogo Inter-religioso

Ramadã: cristãos e muçulmanos, testemunhas de esperança

Em mensagem às comunidades islâmicas, Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso desejou um frutuoso e alegre Ramadã 

Da redação, com Vatican News

/Foto: Sincerely Media via Unsplash

“Nós, cristãos e muçulmanos, somos chamados a ser portadores de esperança para a vida presente e futura”. Somos chamados a ser “testemunhas, construtores e reparadores desta esperança, especialmente para aqueles que vivem dificuldades e desespero.”

É o que que afirma o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, em mensagem aos muçulmanos por ocasião do mês sagrado do Ramadã.

O Ramadã é um tempo especial que as comunidades islâmicas do mundo inteiro dedicam ao jejum, à oração e à esmola.

A mensagem é assinada também pelo secretário do Dicastério Vaticano, o bispo cingalês. Dom Indunil Kodithuwakku Janakaratne Kankanamalage.

Continuar no caminho da fraternidade

O Conselho para o Diálogo Inter-religioso manifestou alegria de apresentar seus desejos fraternos para um mês repleto de bênçãos divinas e de crescimento espiritual.

“O jejum, a oração, a esmola e outras práticas piedosas nos aproximam de Deus nosso Criador e de todos aqueles com quem vivemos e trabalhamos, ajudando-nos a continuar no caminho da fraternidade”, lê-se na mensagem.

Referindo-se à crise pandêmica, o purpurado espanhol ressalta que durante períodos de lockdown, “percebemos a necessidade de assistência divina, e de expressões e gestos de solidariedade fraterna”.

Esses gestos podem se dar por um telefonema, uma mensagem de apoio e conforto, uma oração. O prelado citou também a ajuda para comprar remédios ou alimentos, conselhos e palavras simples que geram a segurança de saber que alguém está ao nosso lado no momento da necessidade.

Nestes dias difíceis, o que mais precisamos é de esperança

A assistência divina, especialmente necessária e procurada sobretudo em circunstâncias como a atual pandemia, é múltipla. “Divina misericórdia, perdão, providência e outros dons espirituais e materiais”.

No entanto, acrescenta o prelado, o que realmente precisamos mais nestes dias é de esperança. Dito isso, compartilha com os irmãos muçulmanos algumas reflexões sobre esta virtude.

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Sabemos que a esperança inclui o otimismo, mas vai além disso, observa o cardeal Ayuso Guixot. “O otimismo é uma atitude humana, enquanto a esperança está enraizada em algo religioso”.

“Deus nos ama e, portanto, cuida de nós com sua Providência, através de seus caminhos misteriosos, que nem sempre são compreensíveis por nós. Nessas situações, somos como crianças que, embora certos dos cuidados amorosos de seus pais, ainda não são capazes de compreender plenamente seu alcance”.

Fraternidade humana, fonte de esperança para todos

A esperança traz consigo a convicção da bondade no coração de cada pessoa. Muitas vezes, em situações de dificuldade ou desespero, a ajuda e a esperança que ela traz chegam de onde menos esperaríamos, prossegue a mensagem.

“A fraternidade humana, com suas muitas manifestações, torna-se assim uma fonte de esperança para todos, especialmente para todos os necessitados”.

Agradecemos a Deus nosso Criador, e também aos homens e mulheres nossos companheiros, diz o cardeal Ayuso Guixot, pela pronta resposta e generosa solidariedade demonstrada por crentes e pessoas de boa vontade sem afiliação religiosa, em tempos de catástrofes, tanto naturais como provocadas pelo homem, tais como conflitos e guerras.

A fraternidade universal transcende todas as fronteiras

“Para nós como crentes, todas essas pessoas e sua bondade nos lembram que o espírito de fraternidade é universal e transcende todas as fronteiras étnicas, religiosas, sociais e econômicas”. É o que destaca o purpurado.

O presbítero afirma que, adotando este espírito, imitamos a Deus que olha com benevolência para a humanidade que criou, para todas as outras criaturas e para o universo inteiro.

“É por isso que, segundo o Papa Francisco, o crescente cuidado e preocupação com o planeta, nossa ‘casa comum’, é outro sinal de esperança”, enfatiza.

O presidente do Pontifício Conselho para o diálogo Inter-religioso ressalta que temos consciência de que existem fatores adversos à esperança.

São eles a falta de fé no amor e cuidado de Deus; a perda de confiança em nossos irmãos e irmãs; o pessimismo; o desespero e seu oposto infundado, a presunção; generalizações injustas baseadas em suas próprias experiências negativas; e assim por diante.

Estes pensamentos, atitudes e reações prejudiciais devem ser efetivamente combatidos para fortalecer a esperança em Deus e a confiança em todos os nossos irmãos e irmãs, exorta o cardeal.

Na Fratelli tutti, o convite à esperança

O purpurado conclui recordando que em sua recente Encíclica, Fratelli tutti, o Papa Francisco fala frequentemente de esperança.

O Pontífice nos diz: “Convido à esperança, que nos fala de ‘uma realidade que está enraizada no profundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive. Fala-nos de uma sede, de uma aspiração, de um anseio de plenitude, de uma vida realizada, de um medir-se com o que é grande, com o que enche o coração e eleva o espírito para grandes coisas, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor… A esperança é audaz, sabe olhar além da comodidade pessoal, as pequenas certezas e compensações que estreitam o horizonte, para abrir-se a grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna’. Caminhemos na esperança”.

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