seminários online

Proteção de menores e vulneráveis deve ser sempre prioridade, diz padre

Nesta sexta-feira, 29, Conferência Internacional de Salvaguarda inicia série de seminários on-line sobre programas de tutela de menores e adultos vulneráveis

Da redação, com Vatican News

Começa, nesta sexta-feira, 29, uma série de seminários on-line (webinars) organizado pela Conferência Internacional de Salvaguarda (ISC), que reúne, anualmente, representantes da Igreja, profissionais e especialistas científicos sobre o tema da proteção de menores. A iniciativa é um incentivo à Igreja católica para continuar seus programas de proteção, não obstante a epidemia da Covid-19. 

O primeiro webinar será dedicado a como a Igreja está assumindo a sua responsabilidade de proteção durante a pandemia. Atenção especial será dada à maneira como as vítimas vivem esse momento difícil, em que o isolamento, a quarentena e o confinamento aumentaram o risco de violência que afeta de maneira significativa as crianças. É o que confirma o padre jesuíta, Hans Zollner, membro do Comitê diretivo da Conferência Internacional de Salvaguarda.

Segundo o sacerdote, em algumas partes do mundo, houve uma confirmação empírica através dos dados fornecidos por pessoas envolvidas no social e no trabalho educacional, sobre o aumento de distúrbios familiares e violência. “Também do setor médico, sabemos que o número de fraturas ósseas sofridas por crianças aumentou significativamente em algumas partes do mundo. Também sabemos que o consumo de pornografia e também de pornografia infantil aumentou. Tudo isso significa que esse momento de crise, de confinamento, não diz respeito apenas ao aspecto econômico, político e social, pois coloca em risco as pessoas vulneráveis, principalmente os menores”, alertou.

Dificuldades no financiamento e conscientização da proteção de menores

A situação de pandemia, de acordo com padre Zollner, afetou o financiamento da luta contra esse fenômeno dramático. “Penso que é óbvio que, neste momento, nos concentramos nas implicações econômicas, nas dificuldades das relações familiares etc., e que toda a esfera de proteção das pessoas vulneráveis tenha sido relegada a segundo plano. Isso, certamente, incluirá o risco de um corte nos investimentos nesse campo, porque, é claro, haverá menos dinheiro para todos. Portanto, a tentação para a sociedade civil, bem como para a Igreja, será de não continuar com o compromisso precedente”.

Os desafios e as consequências da pandemia para as ações de proteção aos menores tem atingido não somente a Igreja, como também os países anglófonos, onde a proteção dos menores contra abuso sexual é uma prioridade há muito tempo, explicou o sacerdote. Padre Zollner afirma que, neste momento em que toda a atenção pública se concentra em outro setor, em que tudo se concentra na proteção diante do desafio da saúde, do desafio econômico, o âmbito do abuso sexual e sua prevenção, já difícil de tratar, desaparece da atenção e da consciência.

O primeiro webinar

Ao comentar sobre o primeiro webinar, o sacerdote afirma que a ISC  deseja comunicar aos que estão envolvidos no campo da salvaguarda, da proteção das pessoas vulneráveis, que a situação mudou. “Há quem já refletiu sobre as mudanças que pretende comunicar, o que é indicado como ‘melhores práticas’, ou seja, o que foi experimentado como ajuda, tanto para os ‘clientes’, assim dizendo, isto é, para as populações em maior risco, quanto para o seu próprio trabalho. Devemos levar em conta o fator psicológico, o estresse que se vive, por exemplo, um educador, um assistente social, que não conseguem mais entrar em contato com uma criança da qual se conhece a situação familiar difícil e violenta, e que parece ter desaparecido da superfície da terra. Como enfrentar essas situações e como sair delas, será um dos temas abordados”.

Investimento na formação de apoiadores

Há uma necessidade de formar pessoas competentes especificamente no campo da salvaguarda, afirmou padre Zollner. De acordo com o sacerdote, não é suficiente que apoiadores tenham estudado psicologia, pedagogia, teologia, pois há também o aspecto jurídico que requer uma competência específica. “Por isso, estamos felizes em poder oferecer a formação a pessoas que, provenientes das dioceses, das Conferências Episcopais, de ordens religiosas, de outros organismos inclusive não eclesiais, serão comprometidas na elaboração de diretrizes para a proteção, bem como na formação de professores, catequistas, de funcionários de qualquer tipo e na ajuda às pessoas em risco”. Portanto, o padre acredita que a série será um forte fator para manter vivo o interesse e o compromisso, tanto na sociedade civil quanto na Igreja, em relação a essa prioridade humanitária que é a proteção dos mais vulneráveis.

Conscientização e preocupação

Atualmente, padre Zollner alerta para falta de consciência generalizada, até mesmo da sociedade civil, para ver a proteção dos menores, a proteção das pessoas vulneráveis ​​em geral. “Essa deve ser a nossa prioridade de qualquer maneira e em todas as circunstâncias: lutar pelo bem-estar das pessoas que mais precisam de proteção, estar dispostos a sacrificar outras coisas e dar prioridade para aqueles que não podem se defender”.

Uma situação semelhante está se repetindo no Ocidente com as que há muito são encontradas na África, Ásia e América Latina, afirmou o sacerdote. “Sempre ficamos surpresos, porque, nesses países, não se investem mais na proteção de menores, mas eu sempre disse que essas sociedades veem e vivem catástrofes, guerras, guerras civis, pobreza extrema, deficiências significativas no setor da saúde, eis porque se decide intervir primeiro sobre esses aspectos que, é claro, são essenciais e importantes. Consequentemente, todos os esforços, inclusive econômicos, geralmente limitados, vão nessa direção. Agora, o mesmo está acontecendo com o Ocidente, e isso não preocupa somente a mim, mas também os organismos internacionais com os quais estive em contato, bem como todos os governos que veem que o âmbito da proteção, da salvaguarda, sofreu uma grande queda de atenção e importância. Isso, certamente, marcará um longo caminho para retornar aos objetivos que já tinham sido alcançados”.

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