MIGRANTES E REFUGIADOS

Os católicos têm a responsabilidade de acompanhar os migrantes

Em entrevista, Dom Robert Vitillo afirma: “os países, hoje, não querem responder de maneira humana, não obstante sejam necessárias políticas justas e equitativas de migração e asilo”

Da redação, com Vatican News

Dom Robert Vitillo / Foto: Reprodução Youtube

Por ocasião do 107º Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados, o Grupo de Trabalho sobre as Migrações do Fórum Internacional de Organizações de Inspiração Católica, fez a seguinte declaração: “Agradecemos ao Papa Francisco por sua Mensagem “Rumo a um nós cada vez maior” e, ao mesmo tempo, expressamos preocupação pelas desigualdades estruturais no mundo, especialmente em relação às situações de vulnerabilidade dos migrantes”.

O Grupo de Trabalho sobre as Migrações do Fórum Internacional de Organizações de Inspiração Católica é composto, entre outros, pela Cáritas Internacional, Serviço Jesuíta aos Refugiados, Ordem de Malta e Associação Comunidade Papa João XXIII.

Injustiças reveladas pela Covid

Em sua declaração, o Grupo de Trabalho sobre as Migrações recorda a importância do convite do Papa aos “católicos e a todos os homens e mulheres do mundo” rumo a um “nós” cada vez maior, para recompor a família humana e construir, juntos, um futuro de justiça e paz, sem excluir ninguém. Mas, a realidade de hoje é bem diferente, afirma o Grupo: “Estamos diante de profundas injustiças, reveladas também pela crise da Covid e seu impacto sobre os migrantes. Na verdade, muitos deles são “privados da oportunidade de atravessar as fronteiras”; muitos, que trabalham no setor informal, “não têm acesso a curas e vacinas necessárias aos cidadãos”; além disso, “crianças e adolescentes migrantes e refugiados, não têm acesso à formação e a cantinas escolares”. Por isso, correm maiores riscos de cair nas ciladas da exploração e abusos”.

Difícil responder às necessidades dos migrantes

As Organizações, que fazem parte da declaração do Grupo de Trabalho sobre as Migrações, estão comprometidas em apoiar migrantes, refugiados, deslocados, que sofrem por causa da tragédia do tráfico e outras formas de escravidão moderna. Cientes dessas tragédias, exortam os Estados a adotar “políticas justas e equitativas de migração e asilo”, que promovam a plena integração dos migrantes, para que a sociedade seja inclusiva. A principal preocupação do Grupo, que compartilha com o Papa, é que “uma vez passada a crise pandêmica, se possa cair, ainda mais, em um consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta”. Daí, a necessidade de rezar com Francisco, para que “(…) no fim, não haja mais outros, mas apenas um só nós”. Por sua vez, Dom Robert Vitillo, secretário-geral da Comissão Católica Internacional para as Migrações, destaca que a Comunidade internacional, hoje, não tem “interesse em responder, de maneira humana”, aos problemas dos migrantes. Daí a decisão da declaração do Grupo de Trabalho, porque “para nós também, como representantes da Igreja, torna-se difícil responder às necessidades diárias dessas pessoas”.

Caso Estados Unidos-México

Um exemplo, entre todos os riscos que estamos correndo, são os muros e barreiras, construídos para rejeitar os migrantes, que, atualmente, são 63. O pior de todos é o que está acontecendo na fronteira entre EUA e México. Nestes dias, uma espécie de barricada, formada de veículos, para deter os milhares de pessoas que vivem na fronteira, em péssimas condições sanitárias. Recentemente, alguns policiais de fronteira intervieram com atos de violência contra os migrantes, chegando até a espancá-los. Tais episódios geraram críticas e indignação, não só na Casa Branca, mas também entre os Bispos norte-americanos, que fizeram uma longa e triste declaração de condenação. Como cidadão norte-americano e secretário-geral da Comissão, Dom Vitillo expressa sua deploração por ver que o país que acolheu seus avós da Itália, por causa da pobreza, e tantas outras pessoas, recebendo benefícios em troca, agora está fechando suas portas”. Citando a Convenção de Genebra, o prelado recorda seus princípios, abdicados pelos Estados: “Muitos países aprovaram o princípio de não rejeitar as pessoas, mas de acolhê-las, dando-lhes a possibilidade de pedir asilo. Hoje, esses países, não apenas os Estados Unidos, rejeitam essas pessoas”. Portanto, segundo a Declaração do Grupo de Trabalho, “é preciso que os governos assegurem meios de migração seguros, em total conformidade com as leis e políticas dos Estados”.

Apelo do Papa “rumo a um nós cada vez maior”

Além disso tudo, há necessidade de uma profunda conversão de corações, para opor-se a este fato triste e alarmante. Por isso, Dom Vitillo, diz: “É muito importante chamar a atenção da comunidade internacional, mas, sobretudo, dos fiéis católicos de todas as partes do mundo, para manter suas responsabilidades como cristãos e católicos, no acompanhamento dessas pessoas. Portando é preciso que os governos, a Comunidade internacional e os setores privados garantam vacinas, curas e instrumentos diagnósticos e terapêuticos para todos, inclusive às populações mais pobres e vulneráveis. Enfim, esta poderia ser uma forma concreta de responder ao apelo do Papa Francisco por um nós cada vez maior”.

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