Solenidade da Igreja Católica

No dia de Todos os Santos, padre reitera chamado à santidade

Igreja Católica celebra nesta sexta-feira, 1º, a Solenidade de Todos os Santos; padre Márcio Prado explica como santos inspiram vivência da santidade

Julia Beck
Da redação

Número de beatos e de santos tem aumentado exponencialmente/ Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

Para os católicos brasileiros, o dia 1º de novembro ganhou uma comemoração a mais: esta será a primeira Solenidade de Todos os Santos com a primeira santa brasileira: Santa Dulce dos Pobres é recordada junto aos demais santos da Igreja Católica. Canonizada em 13 de outubro, Irmã Dulce faz parte do grupo dos homens e mulheres que dedicaram sua vida a Jesus Cristo e à vivência da santidade. A vida do “Anjo Bom da Bahia” é um exemplo do que diz a constituição dogmática Lumen gentium: todos são chamados à santidade.

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Santa Dulce dos Pobres /Foto: Obras Sociais Irmã Dulce

“Muitos ainda pensam que a santidade é uma utopia, que é impossível ser santo, mas quando olhamos para a vida dos santos verificamos que não é algo inalcançável. É possível ser santo. Transmitir o Cristo com a postura, com a fala, com a conduta, isso é ser santo. Nenhum santo nasceu santo, ele foi se construindo, vivendo a santidade, a fidelidade. Somos chamados a viver a santidade”, afirmou o vice-reitor do santuário do Santuário do Pai das Misericórdias, padre Márcio Prado.

A Solenidade de Todos os Santos, vivida pela Igreja no Brasil e no mundo, tem origem no século IV em Antioquia, na Síria. “Os cristãos já comemoravam aqueles que haviam partido na certeza do céu e da ressurreição como havia prometido Jesus. Eles comemoravam aqueles que haviam vivido santamente e também morrido santamente por causa de Jesus Cristo. A certeza do céu faz com que esta comemoração exista”, explicou o sacerdote.

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Professor de História da Igreja, Felipe Aquino complementa que a celebração foi introduzida em Roma, no século VI, e, cem anos depois, foi fixada no dia 13 de maio pelo Papa Bonifácio IV, ao mesmo tempo do dia da dedicação do Panteon em Roma, dedicado a Nossa Senhora dos mártires. Foi Papa Gregório IV quem, no ano 835, transferiu esta celebração para 1º de novembro.

A data foi escolhida, segundo o professor, pois ficava perto do Dia de Finados, já que os santos intercedem pelas almas do Purgatório; e também porque, no passado, após a colheita do outono, era mais fácil arrecadar comida e bebida para a grande multidão de peregrinos que vinham a Roma para esta celebração. “Nesta festa litúrgica, a Igreja militante honra a Igreja triunfante, homenageia a multidão dos santos do céu, que ‘intercede por nós sem cessar’, como reza a Igreja”, afirma Aquino.

Santidade, um chamado atual

Padre Márcio enfatiza que são muitos os santos canonizados pela Igreja. “Todo dia se comemora pelo menos um santo, há dias que se comemoram mais de um”, recordou. A solenidade desta sexta-feira é, para o sacerdote, uma forma justa de também celebrar aqueles que não foram canonizados ou reconhecidos pela Igreja e que viveram santamente, testemunhando o Evangelho e conquistando muitas almas para Deus. “A data nos faz lembrar o amor desses santos por Jesus Cristo, além de nos contagiar a também viver este amor”, frisou.

Padre Márcio Prado/ Foto: Andréia Britta – Canção Nova

A exortação apostólica do Papa Francisco, Gaudete et Exsultate (2018), foi citada pelo padre para destacar a importância dos cristãos viverem a santidade no mundo e nos tempos atuais. “Não é algo difícil ou que está longe de se viver. É urgente que todo fiel viva a santidade nos tempos atuais. Diante de um mundo que oferece muitas portas largas, onde há perdição, violência, drogas, e a cultura da morte tem sido propagada, o cristão é chamado a viver e promover a vida, a santidade, a paz através do amor, não do ódio”.

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O sacerdote prosseguiu: “Sejamos santos nos dias de hoje e ajudemos tantas pessoas que se perdem por falta de Deus, consequentemente falta de esperança, perspectiva e tantas outras coisas. Tudo falta quando falta fé. (…) Os apóstolos e todos os santos foram luzes que ajudaram as mais diversas realidades de pobreza, carência espiritual, amparo, misericórdia. Todos somos chamados à santidade e ela se dá no dia a dia, no ordinário, não no extraordinário. A Igreja nos ensina que assim devemos viver, não somente os sacerdotes e religiosos, mas todos. A partir do Vaticano II, a participação do leigo ao santificar as realidades desse mundo ficou ainda mais clara. O leigo é protagonista da vivência da santidade, de contagiar esse mundo com a santidade”.

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A Igreja Católica comemora os santos para lembrar que esses homens são pessoas importantes que viviam no mundo, mas que apontavam para as coisas do alto, são exemplos mais próximos dos católicos, afirmou padre Márcio. O sacerdote sublinhou que os santos são admirados por muitas pessoas que não são cristãs, que não são católicas, porque a mensagem de suas vidas é também em torno da moral, da ética e do exemplo.

Santos: reconhecidos e em processo de beatificação e canonização

Segundo o professor Felipe Aquino, não é fácil dizer com certeza quantos santos e beatos foram reconhecidos pelos Papas após este ano, pois o número de beatos e de santos tem aumentado exponencialmente desde que o Papa João Paulo II e Bento XVI diminuíram as exigências nos processos de beatificação e canonização. “Sabemos que São João Paulo II beatificou 1338 beatos e canonizou 482 santos. O Papa Francisco já canonizou cerca de 900 santos”, completou.

Professor Felipe Aquino/ Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

Sobre o Brasil, Aquino revela que já são contabilizados cerca de 36 santos e 52 beatos que aqui viveram. Com certeza, nascidos no Brasil: São Frei Galvão e Santa Dulce dos Pobres. Para o professor, não há dúvida de que o número de santos que viveram ou nasceram no país aumentará.

Entre os veneráveis (não só do Brasil) que poderão ser beatificados, professor Felipe destaca: Antonieta Farani, Antônio Ferreira Viçoso, CM (Dom Viçoso), Attilio Giordani, Damião de Bozzano, OFMCap, Daniel de Samarate (Missionário capuchinho no Brasil), José Marchetti, Marcello Candia, Maria Teodora Voiron, Maria Teresa de Jesus Eucarístico, Nelson Santana, Pelágio Sauter, CSsR, Rodolfo Komórek SDB, Salvador Pinzetta, OFMCap, e Serafina Cinque.

Aquino também elencou os beatos que podem ser canonizados: Beata Albertina Berkenbrock (mártir), Assunta Marchetti, Bárbara Maix, Benigna Cardoso da Silva, Donizetti Tavares de Lima, Eustáquio van Lieshout, Francisca de Paula de Jesus (Nhá Chica), Francisco de Paula Victor, Inácio de Azevedo e 39 companheiros mártires (Quarenta Mártires do Brasil), João Schiavo, Lindalva Justo de Oliveira, FDC (mártir), Manuel Gonzalez e Beato Adílio Daronch (mártires), Mariano de la Mata Aparício.

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