Pandemia

Mais do que nunca, viver o Círio de Nazaré pela fé, destaca jovem

Com a pandemia, Círio de Nazaré será diferente neste ano, mas a fé e a devoção permanecem

Jéssica Marçal
Da Redação

Imagem peregrina da Virgem de Nazaré durante romaria no Círio de Nazaré 2019/ Foto: Danusa Rego – Canção Nova

Mais do que nunca, será preciso viver o Círio de Nazaré pela fé. Essa é a opinião do seminarista Erick Araújo que se prepara, de um modo diferente esse ano, para a festa em honra à Senhora de Nazaré, uma das maiores manifestações da devoção mariana existentes no Brasil.

O Círio de Nazaré começa oficialmente nesta sexta-feira, 9, com missa de abertura às 18h presidida pelo arcebispo de Belém do Pará, Dom Alberto Taveira. Por causa da pandemia, a festa desse ano sofreu alterações, como o cancelamento das procissões. A programação será restrita e transmitida pelos meios de comunicação (TV Nazaré – Canal 30.1 – Rádio Nazaré- 91,3 FM), Facebook e Youtube da Arquidiocese de Belém).

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O seminarista Erick / Foto: Arquivo Pessoal

 “Mais do que nunca vamos viver um Círio em família, em casa, com as pessoas que amamos, tomando todas as precauções, mas sem deixar esmorecer a fé”, afirma Erick. Ele acrescenta que isso será uma oportunidade de rever os relacionamentos com as pessoas e com Deus e Nossa Senhora.

Apesar da distância das celebrações, em especial das romarias, Erick dá algumas indicações de como viver bem essa grande festa em casa: preparar a casa com os adereços religiosos, a imagem de Nossa Senhora, as fitas, a Palavra de Deus. “Rezar em casa juntos, com a família, e não deixar que esse obstáculo da ausência física roube a nossa alegria, que é vivida de um jeito diferente”.

O seminarista conta que participa do Círio “desde que se entende por gente” e traz na memória as lembranças da infância, quando via a imagem da Senhora de Nazaré passando pelo percurso e, após a celebração religiosa, era a vez da comemoração em família. Por esse motivo, ele destaca uma grande marca também familiar do Círio.

Quando perguntado sobre o que mais o toca nessa grande festa, ele destaca o olhar das pessoas para a imagem de Nossa Senhora. “Todas as vezes que a gente vê a imagem da santa passar, é um sentimento de cuidado materno e carinho. O que mais me toca é o olhar que todos lançam para ela: o olhar, as mãos e o coração”.

Manto 2019 da imagem de Nossa Senhora de Nazaré /Foto: Organização Círio 2019 – Divulgação

Devoção que passa de geração a geração

Também seminarista, André Almeida conta que herdou a devoção à Virgem Maria de seu avó. Desde pequeno, ele acompanha o momento da passagem da imagem da Virgem de Nazaré e, quando ficou maior, passou a ir com os amigos para participar mesmo das celebrações.

O seminarista André Almeida / Foto: Arquivo Pessoal

“Desde então, a gente não mais ficou parado esperando a imagem passar, mas começamos a acompanhar o translado atrás da santa e isso se tornou cada vez mais forte quando me tornei seminarista”.

Para ele, todos os momentos do Círio são especiais, desde a apresentação do manto, passando pelas romarias, até o translado da imagem. Mas a manifestação de fé do povo chama sua atenção de modo particular. “Pessoas chorando, pedindo, ver nos olhos delas essa fé. Nós que somos paraenses, participamos todos os anos, mas não é um sentimento que para: a cada ano é um sentimento novo e isso me chama muito atenção”.

André conta que, desde agosto, já começa a ficar ansioso pelo mês de outubro: “Parece que o coração vibra”, ressalta ele, acrescentando que se prepara para o Círio diariamente, rezando a Ave Maria e pedindo o auxílio de Nossa Senhora para cada vez mais se aproximar de Jesus.

“Tenho uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré no meu quarto, na frente da minha cama. Toda vez que olho para ela, peço a graça de, assim como ela, aceitar a vontade de Deus e que ela nos mostre cada vez mais seu Filho Jesus”.

Com a pandemia, gestos simbólicos

Com a pandemia, André reforça que a celebração será diferente, mas cada paróquia vai fazer acontecer uma representatividade do Círio. Um exemplo é sobre a tradicional corda do Círio: como esse ano não pode haver aglomeração, e, portanto, não terá a procissão, André lembra que pedaços da corda serão distribuídos para todas as paróquias.

Nesta terça-feira, 6, a arquidiocese emitiu informação a respeito, informando que a corda será dividida em partes iguais e distribuídas para as 95 paróquias da Arquidiocese. “Desta forma, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré chegará aos bairros dos municípios atendidos pela Igreja de Belém, aproximando a todos da devoção mariana”, informa a arquidiocese.

Para Erick, a festa é como um gesto de carinho da Mãe com os filhos e a resposta de amor dos filhos pela Mãe, Nossa Senhora. Trata-se, segundo ele, de uma manifestação de amor, cuidado e carinho.

“Por isso mesmo penso que o Círio neste ano vai ser uma oportunidade privilegiada para que a gente peça os cuidados de Nossa Senhora. Pedir que ela nos ajude a viver esse tempo de dificuldade e interceda por nós junto ao Pai para que a gente possa superar esse momento de pandemia, superar na vontade de Deus”.

André define a devoção à Virgem de Nazaré como um atalho, um modo de chegar mais rápido a Deus. “Acredito que esse Círio diferente que vamos viver será uma grande oportunidade para rezar e pedir a proteção de Deus para que nos livre dessa pandemia. É aquela coisa: ‘o que o filho não atende quando a mãe pede?’”, conclui.

A programação completa do Círio de Nazaré 2020 está disponível no site oficial: www.ciriodenazare.com.br

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