Dia do Holocausto

Em 1919, Igreja já condenava a fúria antissemita, relata Dom Gallagher

Bispo anunciou descoberta de correspondência do início do século XIX entre Santa Sé e Conselho dos Rabinos Askenazi de Jerusalém

Da redação, com Vatican News

Dom Paul Richard Gallagher/ Foto: Daniel Ibanez – CNA

Em 1919, Igreja já condenava a fúria antissemita. É o que revela a descoberta de uma correspondência do início do século XIX entre a Santa Sé e o Conselho dos Rabinos Askenazi de Jerusalém.

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Este e outros registros datados dos últimos anos foram identificados pelo Arcebispo Paul Gallagher. O prelado é Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano. Ele é testemunha do acordo bilateral com o qual foram estabelecidas relações diplomáticas.

Dia do Holocausto

Nesta quinta-feira, 8, é vivido o Dia do Holocausto, Yom HaShoah, que cai no 27º dia do Nissan no calendário judaico.

#StopAntiSemitism é a campanha promovida pela Embaixada de Israel junto à Santa Sé. Ela faz parte do 55º aniversário da Declaração Nostra Aetate, já em andamento há alguns meses.

Clima de paz e serenidade

No seu pronunciamento em vídeo, o prelado destacou que esse mesmo documento fomentou a relação entre o povo de Israel e a Igreja Católica.

“Um processo histórico de reconciliação e compreensão mútua. Resultado desse mesmo diálogo do qual fala Nostra Aetate”, afirmou.

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Um confronto, salientou Dom Gallagher, que é sempre necessário. “Deve ser aberto e respeitoso para que se torne frutífero”.

“O respeito ao direito dos outros à vida e à integridade física, às liberdades fundamentais, isto é, à liberdade de consciência, de pensamento, de expressão e de religião permite-nos construir juntos um clima de paz de fraternidade, como recordado muitas vezes pelo Papa Francisco em sua encíclica Fratelli tutti”.

Condenação do antissemitismo

Nas suas palavras, Dom Gallagher reiterou “a condenação do antissemitismo em todas as formas e espécies”, já presente na Nostra Aetate.

Uma condenação “que não surgiu de repente”, explicou, mas que é fruto de atitudes amadurecidas no decorrer dos anos anteriores.

Reforçando este pensamento, foi a descoberta de “uma pequena pérola” no arquivo histórico da seção de Relações com os Estados da Secretaria de Estado.

A correspondência de 1919 pedia ajuda a Bento XV para que usasse “toda sua influência e força espiritual para pôr fim a atos de intolerância e medidas antissemitas”, dos quais eram vítimas as comunidades judaicas da Europa Oriental.

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Fraternidade não pode ser pisoteada

Assim, “já em 1919, dentro destes nossos muros, circulava – explicou Dom Gallagher – a firme convicção de que o princípio da fraternidade não poderia ser pisoteado pela fúria antissemita, e se esperava que o direito à religião fosse respeitado”.

Para o prelado, o que foi relatado é um exemplo “de uma gota d’água no mar” que deixa claro que não se podia “tolerar qualquer forma de antissemitismo” e que era necessário trabalhar para contrastá-lo.

Uma ação marcante como a tomada pelo então núncio apostólico na Hungria, Dom Angelo Rotta, reconhecido como “Justo entre as Nações” por Yad Vashem e por seus esforços para salvar os judeus do Holocausto.

Um trabalho meticuloso e cuidadoso que foi possível graças também à ajuda de Dom Gennaro Verolino, salientou Gallagher.

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