MÊS MARIANO

Devoção mariana é caminho para superar pandemia, afirma padre

Sacerdote comenta início do mês mariano e iniciativa do Papa para maio: uma maratona de oração envolvendo trinta santuários do mundo

Julia Beck
Da redação

imagem de Nossa Senhora devoção mariana

Imagem de Nossa Senhora de Fátima / Foto: Arquivo Canção Nova

O mês de maio é dedicado pela Igreja à Virgem Maria há muitos séculos. Este ano, ele está sendo marcado por uma iniciativa do Papa Francisco: a “maratona de oração”. Ela reúne 30 santuários do mundo para a recitação diária do terço.

O assessor de Liturgia da diocese de Lorena e vigário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, padre Thales Maciel, explica sobre a atribuição mariana ao mês de maio.

Segundo o sacerdote, alguns elementos antigos são capazes de contar o porquê dessa prática. Na Grécia antiga, recorda o presbítero, o mês de maio era dedicado à Artemisa, deusa da fecundidade. Na Roma antiga, este mesmo mês era consagrado à Flora, deusa da vegetação.

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Antes do século XII, padre Thales conta que surgiu a tradição do Tricesimum. Isto é, trinta dias dedicados à Virgem Maria, normalmente situados entre o mês de agosto e o mês de setembro.

“O costume de dedicar trinta dias a Maria consolidou-se no século XVII e aprofundou-se com as devoções do século XIX”, pontua.

O sacerdote afirma que alguns autores, como São John Henry Newman, observam que, no hemisfério norte, o mês de maio corresponde ao auge da primavera. Há uma correspondência entre o mês das flores e a Virgem Maria. Ela é considerada como a Rosa Mística.

A ênfase que recai sobre o mês de maio acentuou-se após as aparições da Virgem em Fátima, observa o presbítero. “Nossa Senhora confiou a sua mensagem, na segunda década do século XX, a três pastorinhos. No entanto, esta comunicação materna não se restringiu a Portugal. Ela se destinou ao mundo inteiro, de maneira a suscitar e a alimentar a devoção mariana na consciência católica em todo o orbe, especialmente durante o mês de maio”.

Rosário

Pare Thales Maciel /Foto: Arquivo Pessoal

A oração diária do terço, foco da “maratona de oração” do Papa, resgata a origem do rosário. Desde o século IV, padre Thales relata que os monges católicos recitavam o Pai-Nosso segundo determinada quantidade de contas.

São Domingos de Gusmão, no século XIII, desempenhou um importante papel para a constituição do santo terço, aponta o presbítero. “Ao combater a heresia albigense, foi-lhe revelado que a arma espiritual mais fundamental era o saltério da Virgem Maria”.

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No século XIV, o sacerdote frisa que o monge cartuxo Domingo de Prusia organizou o saltério mariano associando a cada dezena de Ave-Marias um mistério da vida de Cristo.

“Foi o Papa S. Pio V que, no século XVI, fixou a atual configuração do Rosário, o qual obteve a adição de cinco mistérios luminosos por parte do Papa S. João Paulo II”, comenta.

Expressão de amor a Maria

Para o sacerdote, recitar o santo terço é ingressar na escola de Maria. “Como afirmou S. João Paulo II na Rosarium Virginis Mariae: ‘a contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável’ (RVM 10)”, relembra.

O terço, além de ser uma oração eminentemente cristológica, isto é, centrada em Cristo, é igualmente uma expressão de amor a Maria, explica o padre. “É um reconhecimento de que a acolhemos por mãe como o fez o discípulo amado aos pés da cruz”.

Terço pelo fim da pandemia

A iniciativa do Papa deste mês tem como principal intenção o fim da pandemia. Para padre Thales, a maratona demonstra a sensibilidade de Francisco em perceber na devoção mariana o caminho para a superação do sofrimento que assola o mundo neste tempo.

“O Papa, por meio dessa iniciativa, conseguiu reunir os católicos ao entorno de Maria para suplicar a Deus que nos liberte deste mal que perdura há mais de um ano” – Padre Thales Maciel

Desse mesmo modo, o presbítero define que o Santo Padre conseguiu reunir os católicos junto à Maria para suplicar o auxílio do alto, o consolo para tantos corações atribulados.

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“Certamente, receberemos uma resposta, e a esperança cristã, que não decepciona, será a força motriz capaz de nos engajar no presente custoso deste mundo a fim de sermos sal na terra e luz do mundo”.

Santuários Marianos

Muitos Santuários Marianos estão participando da maratona de oração do Papa. No Brasil, o Santuário Nacional dedicado a Nossa Senhora Aparecida é um dos trinta que acolherá a oração do terço neste mês.

Padre Thales destaca que, ao contemplar a presença de fiéis nos mais diversos Santuários Marianos presentes em todo o mundo, é possível reconhecer que a devoção mariana é um patrimônio irrenunciável para a fé cristã.

“Isso se deve, antes de tudo, ao fato de que os discípulos e discípulas do Senhor em todos os tempos e lugares sempre recorreram à proteção maternal de Maria. Sempre estiveram certos de que aproximar-se dela é aproximar-se de Cristo”, destaca.

Devoção Mariana

O valor da devoção mariana para a fé católica é singular. Isto, aponta padre Thales, é atestado desde os primeiros escritores eclesiásticos, pela Tradição e Magistério da Igreja e, sobretudo, pela prática da fé.

“Maria, como bem definiu o Concílio Vaticano II, é membro supereminente da Igreja e participou de maneira singular na economia da salvação, pois foi por ela que adveio a nós o autor da vida. Jesus, Graça das graças, veio até nós por intermédio de Maria”.

Certamente, o sacerdote frisa que as graças que continuam recaindo abundantes dos céus contam com a participação de Maria enquanto intercessora junto a Jesus.

“É ela que nos auxilia nas tribulações, nos sofrimentos e angústias de nossa vida. Inclusive, historicamente, muitas superações de conflitos e pandemias foram atribuídas à intervenção de Maria Santíssima”, conclui.

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