Cardeal Cantalamessa

Conversão é destaque da primeira pregação da Quaresma no Vaticano

Pregação da Quaresma para a Cúria Romana foi conduzida pelo Cardeal Raniero Cantalamessa

Da Redação, com Vatican News

pregação da Quaresma com cardeal cantalamessa

Cardeal Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia / Foto: Reprodução Vatican News

O pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, conduziu, nesta sexta-feira, 26, a primeira pregação da Quaresma para a Cúria Romana no Vaticano. A reflexão já tradicional nesse período teve como foco as palavras de Jesus no Evangelho de Marcos: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.

Fala-se em conversão em três momentos ou contextos diversos do Novo Testamento. O primeiro deles é no início da pregação de Jesus e que está resumido nas palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
Mas o que isso significa?

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Converter-se: entrar no reino de Deus

O cardeal explicou que, antes de Jesus, a conversão significava “voltar atrás”, voltar para os próprios passos. Com Jesus, o significado mudou, pois todas as coisas mudaram com sua vinda. Converter-se não significa mais voltar, mas dar um passo adiante e entrar no Reino. É “agarrar a salvação que veio aos homens gratuitamente, por livre e soberana iniciativa de Deus”.

O cardeal acrescentou que converter-se e crer não são dois momentos sucessivos, mas que converter-se é crer. “Tudo isso requer uma verdadeira ‘conversão’, uma mudança profunda no modo de conceber as nossas relações com Deus. Exige passar da ideia de um Deus que quer, que ordena, que ameaça, à ideia de um Deus que vem de mãos cheias para dar-Se todo a nós. É a conversão da ‘lei’ à ‘graça’ que tanto estava no coração de São Paulo”.

Cristo no centro

O apelo à conversão retorna quando Jesus fala com os discípulos que se perguntam quem dentre elas seria o maior no reino dos céus. Jesus respondeu que quem não se convertesse e se tornasse como uma criança não entraria no reino.

O pregador capuchinho disse que, nesse caso, trata-se realmente de voltar atrás, até mesmo a quando se era criança. “Essa é a conversão de quem já entrou no reino, acreditou no Evangelho, está há tempos a serviço de Cristo. É a nossa conversão!”.

O cardeal destacou a necessidade de descentralizar-se de si mesmo e se centralizar no próprio Cristo. É preciso abandonar a inveja e a rivalidade.

Para os membros da Cúria, frei Raniero explicou que esse “tornar-se criança” significa voltar ao momento em que descobriram o chamado. Trata-se de voltar ao momento da ordenação sacerdotal, da profissão religiosa ou do primeiro verdadeiro encontro pessoal com Jesus.

Terceiro momento sobre convite à conversão

O terceiro contexto em que recorre o convite à conversão é dado pelas sete cartas às Igrejas do Apocalipse. As sete cartas são dirigidas a pessoas e comunidades que vivem há tempos a vida cristã e, ainda mais, exercem nelas uma papel-guia.

“Das sete cartas do Apocalipse, a que deve nos fazer refletir mais do que as outras é a carta à Igreja de Laodiceia. Conhecemos seu tom severo: ‘Conheço as tuas obras. Não és frio, nem quente… porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca… Sê zeloso, pois, e arrepende-te’ (Ap 3,15ss). Aqui, trata-se da conversão da mediocridade e da tibieza”, frisou Cantalamessa.

O dom de Cristo não é limitado a uma época particular, mas oferecido a toda época, acrescentou o cardeal. Ele lembrou que é justamente papel do Espírito tornar universal a redenção de Cristo, disponível a cada pessoa, em cada ponto do tempo e do espaço.

“O segredo é dizer uma vez ‘Vinde, Santo Espírito’, mas dizê-lo com todo o coração, deixando o Espírito livre para vir da maneira que ele quiser, não como gostaríamos que ele viesse, possivelmente sem mudar nada em nossa maneira de viver e orar”.

Cardeal Cantalamessa concluiu a reflexão pedindo a intercessão da Virgem Maria para que obtenha a graça que obteve do Filho em Caná da Galileia. “Por sua oração, naquela ocasião, a água se converteu em vinho. Peçamos que, por sua intercessão, a água da nossa tibieza se converta no vinho de um renovado fervor. O vinho que em Pentecostes provocou nos apóstolos a embriaguez do Espírito e os tornou “fervorosos no Espírito”, concluiu o pregador da Casa Pontifícia.

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