10 de agosto

"Compaixão e ação", pede padre no Dia da Solidariedade Cristã

Solidariedade é um dos princípios cristãos; leigos que realizam ações sociais partilham o que os motiva a viver a caridade

Julia Beck
Da redação

Solidariedade é um valor humano fundamental /Foto: Melanie Lim via Unsplash

O Dia Internacional da Solidariedade Cristã é celebrado pela Igreja nesta terça-feira, 10. A solidariedade é considera um valor humano fundamental e um princípio cristão. Padre Wagner Souza, da diocese de Itaguaí (RJ), recorda o exemplo de solidariedade deixado pelo próprio Cristo. 

“Jesus sempre se mostrou solidário e próximo dos excluídos e marginalizados, dos doentes e pecadores, por isso a solidariedade é característica fundamental de quem se põe no seu caminho, e considera-se seu parceiro.”

A data sublinha que a solidariedade é imprescindível para o desenvolvimento adequado das relações nacionais e internacionais entre as pessoas e nações. E em especial neste tempo em que o mundo vive a pandemia da covid-19, o sacerdote frisa que todos se sentem fragilizados e “perdidos”.

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“Quando nos vemos expostos ao diferente, com certeza precisamos de ajuda. Por isso, é tempo de atenção, paciência e muita disponibilidade para se tornar pronto para socorrer e, acima de tudo amparar as dificuldades do outro”, destaca.

Solidariedade: compaixão e ação

Compaixão e ação são termos usados para definir o conceito de solidariedade. A partir desta denotação, padre Wagner adverte que não basta chorar e sofrer a dor do outro sem ajudá-lo.

“A compaixão é o mover da minha consciência cristã para que eu chegue à concretude do que eu sei, vivo e ensino como cristão”, lembra o presbítero.

Movidos pela solidariedade, o engenheiro e analista de marketing Thales Maziero Soares e a professora Patrícia Passos Pinheiro realizam ações de caridade.

Exercendo a caridade

Thales (da ponta direita) com os amigos em ação social realizada no final do mês de julho/ Foto: Arquivo Pessoal – Thales

Thales, juntamente com um grupo de amigos, distribui comidas, agasalhos e roupas em épocas de frio, além de desenvolver outras ações sociais com o Movimento de Cursilhos de Cristandade da diocese de Lorena (SP).

O jovem já participou de ações em asilos, ONGs ou ajudando pessoas em condições vulneráveis.

“Todos esses atos foram muito gratificantes. Pudemos prover as necessidades do próximo em momentos difíceis. (…) No último ato, eu e amigos ajudamos a distribuir cachorros quentes, cobertores, agasalhos, e água para moradores de rua e em um albergue”, recorda.

O grupo de amigos é composto, além do Thales, por 11 integrantes: Mário Reis; Gustavo Salomão; Fernando Rodrigues; Mário Almeida, Thiago Maziero; Matheus Nunes; Igor Rosa; Raymar Bueno; Gabriel Tirelli; Sávio Lopes e Cleryston Giovann

Pastoral Social em favor dos mais necessitados

Patrícia coordena a Pastoral Social da Paróquia Nossa Senhora das Graças de Muriqui. O grupo atende famílias vulneráveis, distribuindo cestas básica, além de montar “o varal solidário” – campanha de arrecadação e doação de roupas.

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Também a Pastoral Social ampara as pessoas em situação de rua, doando roupas, cobertores, encaminhando-os para atendimentos médico, doando almoço e janta todos os dias.

“Temos voluntários que, uma vez por mês, cortam o cabelo e as unhas deles. Já conseguimos encontrar a família de 3 pessoas que estavam em situação de rua, que os acolheram. Um deles já conseguiu um quarto para morar e está trabalhando”, conta.

Opção pela solidariedade

O mundo sem a solidariedade seria caótico, é o que afirma Thales. O analista de marketing pontua que a solidariedade muda vidas, e que Deus se alegra muito quando os filhos d’Ele se ajudam.

Para Patrícia, optar pela solidariedade é olhar para o próximo, como se estivesse olhando para você mesmo, com olhar generoso, com carinho e compaixão.

“Isso nos permite que tenhamos atitudes capazes de transformar pessoas e circunstâncias, contribuindo para um mundo melhor onde podemos respeitar e compreender as diferenças e as necessidades individuais do outro”, disse.

Um mundo sem solidariedade, continua a professora, seria um mundo sem sentido, sem amor, carinho compaixão e respeito.

Mandamento do Amor

“Amar o próximo como a ti mesmo”. O segundo mandamento é, de acordo com Thales, um dos muitos exemplos de empatia e amor que Jesus tem pela humanidade. “Ele nos deixou um legado lindo sobre como alcançar o Paraíso e nos tornarmos santos”.

A solidariedade, prossegue o analista de marketing, é o que deve impulsionar homens e mulheres a pensarem no próximo e colocarem em prática o “Amor” pedido por Deus.

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Patrícia ressalta que Jesus coloca no centro a pessoa humana. “Ele chama todos a assumir responsabilidades pelo bem do próximo. Essa é a óptica do ensinamento de Cristo. Cumprir o Mandamento do Amor, porque ele nos capacitou a amar”, completa.

A Igreja e a solidariedade

Padre Wagner Souza / Foto: Arquivo Pessoal

A Igreja Católica, aponta padre Wagner, é um exemplo de instituição que vive a solidariedade. “A sua opção preferencial é pelos pobres. Jesus ensinou a todos que a dor do outro e suas limitações são o destino primeiro de nossos empreendimentos e ações”, pontua.

Thales recorda que a Igreja ajuda milhões de necessitados ao redor do mundo. “Esse fato me inspira como católico a continuar praticando atos de solidariedade, pois vejo que temos exemplos reais a seguir”, afirma.

Patrícia aponta que a Igreja Católica desenvolve ações que não se limitam a fornecer cesta básica, roupas ou remédios. São ações movidas por valores como amor ao próximo e solidariedade.

Fazer o bem faz bem

Para além da prática da solidariedade, fazer o bem ao próximo faz bem. Thales frisa que ao praticar ações solidárias sente muita felicidade e realização.

“Quando vejo as pessoas felizes, eu me alegro pelo fato de poder estar proporcionando isso a elas. É bom saber que podemos fazer com que as pessoas se sintam amadas e acolhidas”, disse o analista de marketing.

Para os que desejam transformar a compaixão em ação, Thales afirma que qualquer ato, independente da sua dimensão, pode fazer muita diferença na vida do próximo. “Independente de qual for o ato, se você estiver ajudando pelo menos uma pessoa, já é o suficiente para começar, e pode fazer muita diferença.”

Olhar para o outro com generosidade, compaixão, julgar menos e fazer a diferença na vida de uma pessoa de maneira sincera e desapegada é o conselho dado por Patrícia.

Também para a professora, pequenos gestos fazem diferença na vida do outro. “Um olhar, um sorriso, uma palavra podem fazer toda a diferença na vida do nosso próximo e gerar grande transformação.”

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