CASA COMUM

Cardeal Parolin: cuidado com o meio ambiente é um desafio urgente

A família e a vida humana, o cuidado da casa comum e o compromisso com a paz são alguns dos temas centrais do discurso do Secretário de Estado na sessão plenária do Conselho das Conferências Episcopais Europeias

Da redação, com Vatican News

O Cardeal Pietro Parolin durante a COP24, na Polônia / Foto: Vatican News

Que caminho podemos tomar hoje para dar um novo impulso à ação pastoral, na perspectiva de ser uma Igreja missionária, como sugeriu o Santo Padre? Esta é uma das questões colocadas pelo Secretário de Estado Cardeal Pietro Parolin durante seu discurso na Assembleia Plenária do Conselho das Conferências Episcopais Europeias, centrado no tema: “CCEE: 50 anos a serviço da Europa, memória e perspectivas no horizonte da Fratelli tutti“.

O cardeal indicou uma possível perspectiva em “repensar com seriedade e compromisso na educação e especialmente na formação de formadores”. Ele lembrou que nestes tempos existe “um forte risco de autoeducação e tudo que circula na internet e nas redes sociais é aceito como verdadeiro, sem nenhum critério objetivo de discernimento e, pior ainda, sem o contato necessário com a comunidade eclesial, o lugar da verdadeira formação”.

Caridade fraterna

A pandemia, acrescentou o Secretário de Estado, “acelerou um pouco esta dinâmica, e ainda hoje os fiéis se sentem tentados a permanecer confortavelmente em suas casas para se conectarem e se unirem ao Senhor através das abundantes tecnologias de comunicação, deixando de fora o encontro físico e pessoal com a comunidade eclesial que celebra a Eucaristia”. O convite constante do Santo Padre para ser uma “Igreja em saída” deveria nos estimular “não só à missão e à evangelização do nosso continente, que cada vez mais esquece sua história e suas raízes, mas também a uma caridade fraterna mais viva”.

Apoio à família e à vida humana

O Cardeal Parolin também disse que a Conferência Europeia poderia promover “novos gestos concretos de solidariedade” para ajudar as populações da Europa que estão passando por situações difíceis agravadas pela pandemia. Entre as áreas nas quais a cooperação dentro da CCEE é particularmente valiosa, a primeira “é sem dúvida o apoio à família e às políticas familiares”. Estreitamente ligado à família, explicou ele, está “a defesa da vida humana”: “É mais fundamental do que nunca que as Igrejas na Europa se apoiem mutuamente na afirmação do Evangelho da vida contra os muitos, demasiados anúncios de morte que ecoam em todo o continente”. O cardeal disse que a Europa está experimentando uma opulência nunca experimentada no passado e “sofre a tentação de descartar o que parece supérfluo”. “Infelizmente, estes bens supérfluos não raro incluem seres humanos. “Portanto, é de fundamental importância”, explicou o cardeal, “que as Igrejas se apoiem mutuamente também na ação pastoral em defesa da vida e na formação de pessoas, especialmente as com responsabilidades políticas, para que uma certa ‘cultura de morte’ não acabe dominando completamente o panorama legislativo da Europa”.

Educação dos jovens

Em seu discurso, o Secretário de Estado recordou então que “a Igreja não pode de forma alguma abdicar da educação das gerações mais jovens”. “Para crescer, a pessoa humana precisa de mestres, que sejam acima de tudo testemunhas, especialmente em nosso tempo, tão resistentes a qualquer forma de autoridade”. “Como bispos, somos chamados a ser em primeira pessoa testemunhas e mestres, para solicitar a resposta pessoal dos jovens”.

Atenção aos pobres e migrantes

Outra área diz respeito à atenção às realidades sociais mais frágeis, “a outros descartados, a saber, os pobres e os migrantes“. “A caridade, vivida como amor e serviço aos outros, é uma oportunidade preciosa de evangelização e testemunho de fé”. “A pandemia, especialmente nos primeiros meses em que atingiu a Europa, tornou ainda mais evidente a tendência dos governos, já em vigor há vários anos, de agir sozinhos”. Como cristãos, e especialmente como bispos”, salientou o Cardeal Parolin, “somos chamados, em vez disso, a mostrar que ‘a unidade é maior que o conflito’, como o Papa Francisco recorda na Evangelii Gaudium“. Outra área importante lembrada pelo cardeal, “que, além disso, pertence aos propósitos do CCEE, é o apoio à cooperação ecumênica na Europa para a unidade dos cristãos”.

Cuidado com o meio ambiente

Em seu discurso, o Secretário de Estado também destacou que “cuidar dos outros também significa cuidar do meio ambiente ao nosso redor”. “Salvaguardar a criação é um desafio que, juntamente com a pandemia da Covid-19, está entre os desafios mais urgentes que a humanidade enfrenta”. “Pelo contrário, ela pode nos ajudar a ampliar nosso pensamento e, sobretudo, nos encorajar a realizar atividades concretas. Cada um de nós deve pensar no mandamento específico de Deus dado a Adão e Eva e, portanto, a cada pessoa: cuidar e fazer frutificar a criação, não dominá-la e devastá-la”.

Compromisso com a paz

Outra necessidade da Europa, que requer um compromisso comum e um diálogo sincero com os líderes de outras religiões, é a da paz. Por ocasião de sua recente viagem à Eslováquia, o Cardeal Parolin disse: “O Santo Padre convidou o país a ser uma mensagem de paz no coração da Europa. Cada nação, cada comunidade grande ou pequena deste Continente pode fazer seu este convite para ser um pacificador”. Como nos lembra a encíclica Fratelli Tutti, “a paz não é apenas a ausência de guerra, mas o incansável compromisso — especialmente os que ocupam um cargo de maior responsabilidade — de reconhecer, garantir e reconstruir concretamente a dignidade, muitas vezes, esquecida ou ignorada, de nossos irmãos”.

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