Especial Família

Com sete filhos e nove netos, casal conta sua vivência de família cristã

Maria Helena e Roberto Assad destacam o que aprenderam com o exemplo da Sagrada Família e a gratidão por seus filhos serem “de Deus”

Kelen Galvan
Da redação

Mesmo após dois mil anos, a Sagrada Família de Nazaré continua sendo modelo para as famílias cristãs em todo o mundo. Pais e mães se inspiram no exemplo de São José e da Virgem Maria para educar seus filhos na fé.

Maria Helena e Roberto Assad completam 40 anos de matrimônio este ano / Foto Arquivo Pessoal

É o caso de Maria Helena e Roberto Assad, que este ano completam 40 anos de matrimônio. Com seus sete filhos e nove netos (o nono está para nascer) o casal relembra como venceu os desafios e porque se sente realizado em família, além de falar de sua experiência como avós.

O Catecismo da Igreja Católica indica que “ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e dotou-a da sua constituição fundamental. Os seus membros são pessoas iguais em dignidade” (CIC 2203).

Sagrada Família como modelo

Baseados nesse conceito da família criada por Deus, o casal conta que teve a Sagrada Família como referência.

Primeiramente, Maria Helena diz que aprendeu com a Sagrada Família que cada pessoa tem a sua missão na família, e na medida que cada um ocupe bem o seu lugar a família vai funcionar melhor. Ela afirma ainda que é preciso ajudar o filho a ser quem ele deve ser na família, com a consciência de que o lugar dele é muito importante, sendo ele mesmo. 

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“Por exemplo, um filho, precisa aprender que as decisões da casa, da família, competem ao pai e à mãe, e eles precisam aprender a acolher. Eles [filhos] têm direito de discordar, de reivindicar, mas eles precisam aprender que a autoridade do pai e da mãe é uma realidade. Só que isso não é feito com imposição ou autoritarismo. Isso precisa ser vivenciado e isso nós aprendemos com a Sagrada Família”, aponta.

“É preciso ajudar o filho a ser quem ele deve ser na família, com a consciência de que o lugar dele é muito importante”

Maria Helena destaca que a Sagrada Família também ensina que é preciso viver da fé, da perseverança e da obediência a Deus e lembra o exemplo da Virgem Maria.

“Ela ensina que é preciso viver da fé e buscar a direção de vida no Senhor para ser capaz de assumir a direção da maternidade. Uma missão que é tão maravilhosa e ao mesmo tempo difícil, mas confiar que Deus capacita a quem Ele deu essa missão. Nossa Senhora me ensinou muito isso: buscar depender de Deus, ouvir a Ele, ter intimidade com Deus para Dele receber uma direção para realizar esta missão que é difícil, mas que é possível”.

Roberto lembra que também São José é modelo para os homens cristãos, por ser um homem justo e ter sido fiel à sua família. “Deus me deu essa graça de me dedicar à família esse tempo todo, não perdendo tempo com outras coisas na rua, mas ser um homem de Deus e ser um homem de família”.

Família Assad reunida

Maria Helena destaca que cada pessoa tem a sua missão na família e que na medida que cada um ocupe bem o seu lugar a família vai funcionar melhor / Foto: Arquivo Pessoal

Educar na fé

O casal conta que para educar os sete filhos tomaram auxílio na Palavra de Deus e na fé.
Maria Helena explica que o objetivo principal foi levar os filhos a tomar consciência de que Deus criou cada pessoa com um plano. “Nosso desejo era que eles descobrissem, assumissem e vivessem esse plano de Deus, para chegar ao Céu, que é a nossa meta. Nunca perder essa visão de que tudo o que vivenciamos no nosso dia a dia foi com o olhar no Céu. Não pensamos em construir uma vida para este mundo”.

Como os filhos estão acostumados com o cotidiano, da vida natural, como acordar, comer, ir à escola, brincar, trabalhar, Maria Helena destaca que para incutir a visão do Céu, algo que não é visivel e palpável, é preciso que a família vivencie a fé no dia a dia.

“Para incutir a visão do Céu, algo que não é visivel e palpável, é preciso que a família vivencie a fé no dia a dia”

Roberto se diz agradecido a Deus, porque hoje seus filhos são todos engajados na Igreja e essa é a sua maior alegria. Ele lembra que um dia o questionaram como estava sua vida, se estava ganhando bem ou tinha um carro novo. E sua resposta foi “gracas a Deus meus filhos são todos de Deus. Minha vida está ótima, porque eu, minha esposa e meus filhos somos, esperamos e confiamos em Deus, e no nosso futuro dependemos de Deus. Isso é o que nos dá maior alegria”.

Vencendo os desafios

O casal lembra que as famílias cristãs enfrentam desafios não só hoje em dia, mas sempre tiveram em todas as épocas. Segundo Maria Helena, isso acontece porque o mundo tem como príncipe o demônio, inimigo das pessoas e de Deus (cf. Jo 16,11), então todos os desafios de viver a vida que Deus pensou para cada pessoa é um desafio constante.

“Temos o desejo de formar uma família cristã. O maior desafio que eu vivenciei foi levar os filhos a tomarem consciência dessa pertença a Deus, de serem de Deus, que vieram de Deus e devem voltar para Ele”, afirmou Maria.

Roberto defende que se a pessoa está fincada em Deus, pode vir um homem e colocar a lei que for, do aborto, do divórcio, seja o que for, não atingirá o cristão. Como diz a Palavra: ‘cairão mil homens à minha direita e dez mil à minha esquerda e eu não serei atingido’ (cf. Sl 99, 7).

Com sete filhos vivenciaram vários desafios como diferentes doenças, três anos de desemprego, mas sempre viram os problemas como oportunidades

“A pessoa tem que se formar mesmo na Palavra de Deus porque não será atingida com nenhum ataque, porque já está fincada em Deus”, afirma.

Maria Helena lembra que com sete filhos vivenciaram vários desafios como diferentes doenças, três anos de desemprego, mas sempre viram os problemas como oportunidades de experimentar o cuidado de Deus e de ensinar os filhos como Deus agia.

“Na doença rezar pelo filho antes de levar ao médico, falávamos que Deus vinha em nosso socorro através das mãos do médico e que precisávamos primeiro contar com Ele. E assim por diante. Em tudo o que vivenciamos, nós mostramos Deus agindo em nossa vida e o cuidado e o amor Dele por nós”, exemplifica.

Maria Helena destaca que os avós têm a possibilidade de ser uma boa referência para os netos, dar bons exemplos, contar histórias e brincar com eles / Foto: Arquivo Pessoal

Avós na familia

Roberto e Maria Helena estão na expectativa da nona neta, e contam que ser avós é uma experiência “deliciosa”.

Maria Helena se diz impressionada com o mistério na relação dos netos com os avós, pois humanamente considera que seria uma dificuldade lidar com a diferença de idade entre as gerações, e isso comprova que é uma ligação que vem de Deus.

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“Eu acho que os avós têm muita possibilidade de ser uma boa referência para o neto, de dar bons exemplos, de contar histórias edificantes, histórias da família, como seu pai ou sua mãe foram formados, como vivíamos na nossa casa, como aconteciam os encontros e os desencontros, e como solucionávamos, contando nossa vida e a possibilidade de brincar com eles”, enfatiza.

Ela conta que também dão suporte aos filhos, em necessidades esporádicas, pois tem como princípio que cada família precisa formar a sua própria realidade e identidade, e tem a sua missão de determinar o caminho da formação da sua família. “Por isso, a gente participa ajudando em momentos e situações em que podemos entrar realmente para ajudar, não participamos da rotina de ninguém”.

Roberto destaca que essa atitude deles é uma maneira de ajudar os filhos a assumirem a vida deles e criarem os seus filhos do seu jeito de cada um, segundo a vontade de Deus.

Gratidão

Hoje a família Assad multiplicou, ao todo são 22 pessoas, contando genros, noras e netos – o filho caçula deles está com 25 anos -, e conseguem se reunir pelo menos três vezes ao ano.

“Deus nos supera em tudo. Tudo o que nós desejamos e nos propomos a construir e a realizar, confiando em Deus e em fidelidade à verdade do nosso coração, naquilo que nós acreditamos. A gente vê que Deus superabunda em graças. Só temos a agradecer, louvar a Deus e querer servi-lo sempre”, afirma Maria Helena.

“Vale a pena confiar em Deus, Ele não nos desaponta, não nos engana”

Ela destaca a alegria de ver os filhos formados, construindo suas próprias vidas e fazendo escolhas baseadas naquilo que receberam de ensinamentos. “Vemos a continuidade da benção, da graça de Deus sobre a vida deles, e os netos sendo formados na fé. Isso é uma alegria enorme”.

Roberto afirma que tudo o que eles são e têm é por graca de Deus e pela intercessão de Nossa Senhora. “Sempre pedimos: ‘passe à frente Mãe’, e realmente ela passou à frente de tantas necessidades”.

“Vale a pena confiar em Deus, Ele não nos desaponta, não nos engana. Muitas vezes a gente tem medo de se expor ao projeto de Deus para nós. Mas é exatamente esse projeto que faz com que a nossa vida tenha um sentido maravilhoso e uma realização maravilhosa”, conclui Maria Helena.

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