Tailândia

Papa ao Patriarca Supremo dos budistas: religiões são faróis de esperança

Em encontro com o líder budista em Bangcoc, na Tailândia, Francisco pediu: “Trabalhar juntos para que nossa humanidade seja mais fraterna”

Da redação, com Vatican News

Papa e o Patriarca Supremo dos budistas, Somdet Phra Ariyavongsagatanana IX/ Foto: Marco Tassi – Vatican Media via Reuters

O segundo compromisso oficial do Papa Francisco desta quinta-feira, 21, em Bagcoc, na Tailândia, foi a visita ao Patriarca Supremo dos budistas, Somdet Phra Ariyavongsagatanana IX, no Templo Wat Ratchabophit. O monge, nomeado em 2017, tem a tarefa de guiar o Conselho Supremo da comunidade, promover a religião e assegurar que todos observem os ensinamentos de Buda e os rituais estabelecidos pelo Conselho.

Na íntegra
.: Discurso do Papa Francisco ao Patriarca Supremo dos budistas

Na cerimônia oficial, depois de uma primeira intervenção do Patriarca Supremo, o Papa Francisco tomou uso da palavra. No discurso, o Pontífice começou agradecendo pelas boas vindas do monge budista, inclusive pelo início da sua visita ao país acontecer justamente no Templo Real de Wat Ratchabophit, “símbolo dos valores e ensinamentos” que caracterizam o povo da Tailândia. E lembrou das palavras de João Paulo II, ao afirmar:

“Foi nas fontes do budismo que a maioria dos tailandeses bebeu e modelou a sua maneira de venerar a vida e os seus idosos, realizar um estilo de vida sóbrio baseado na contemplação, desapego, trabalho duro e disciplina (cf. São João Paulo II, Ecclesia in Asia, 6/XI/1999, 6); caraterísticas que alimentam o traço distintivo de vocês, tão peculiar: o povo do sorriso”.

Dessa maneira, recordando João Paulo II, o Santo Padre exaltou o percurso dos antecessores das duas comunidades, demonstrando estima e reconhecimento mútuo para aumentar o respeito e a amizade. Um caminho iniciado há 50 anos quando o décimo sétimo Patriarca Supremo, Somdej Phra Wanarat (Pun Punnasiri), visitou o Papa Paulo VI no Vaticano: foi “um marco muito importante no desenvolvimento do diálogo entre as nossas tradições religiosas”, enfatizou o Pontífice.

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Um diálogo que depois permitiria o então Papa João Paulo II fazer uma visita ao Patriarca Supremo, Somdej Phra Ariyavongsagatanana (Vasana Vasano). Além disso, Francisco lembrou do recente encontro no Vaticano quando recebeu uma delegação de monges do templo de Wat Pho.

“Pequenos passos que ajudam a testemunhar, não só nas nossas comunidades, mas também neste nosso mundo tão instigado a gerar e propagar divisões e exclusões, que a cultura do encontro é possível. Sempre que temos oportunidade de nos reconhecer e apreciar, mesmo nas nossas diferenças (cf. Evangelii gaudium, 250), oferecemos ao mundo uma palavra de esperança, capaz de encorajar e sustentar aqueles que acabam por ser sempre os mais prejudicados pela divisão. Tais possibilidades nos lembram quão importante é que as religiões se manifestem cada vez mais como faróis de esperança, enquanto promotoras da fraternidade”, exortou o Papa.

Em seu discurso, o Santo Padre também fez referência à chegada do cristianismo na Tailândia há cerca de quatro séculos e meio e agradeceu ao povo local que “permitiu aos católicos, mesmo sendo um grupo minoritário, desfrutar de liberdade na prática religiosa, vivendo desde há muitos anos em harmonia com os seus irmãos e irmãs budistas”.

O Pontífice reiterou o “empenho pessoal e de toda a Igreja” para fortalecer o diálogo aberto e respeitoso e motivou um crescimento no estilo ‘boa vizinhança’. O Papa finalizou o discurso encorajando novos caminhos a serem percorridos em conjunto e pelo bem dos mais pobres e da Casa Comum:

“Graças aos intercâmbios acadêmicos, que permitem uma maior compreensão mútua, e também ao exercício da contemplação, da misericórdia e do discernimento – tão comuns às nossas tradições –, poderemos crescer num estilo de boa ‘vizinhança’. Poderemos promover entre os fiéis das nossas religiões o desenvolvimento de novos projetos de caridade, capazes de gerar e incrementar iniciativas concretas no caminho da fraternidade, especialmente com os mais pobres, e em referência à nossa casa comum tão maltratada. Desta forma, contribuiremos para a formação duma cultura de compaixão, fraternidade e encontro, tanto aqui como noutras partes do mundo (cf. ibid., 250)”.

Trabalhar pela paz mundial

Durante o encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca budista, falou-se sobre o valor da fraternidade entre as duas religiões, para favorecer a paz. “Se somos irmãos, podemos ajudar a paz mundial, os pobres e os que sofrem”, disse Francisco, que completou: “Ajudar os pobres é sempre um caminho de bênção”.

Em seguida, o tema focado foi o valor da educação e o papel dos missionários. O Santo Padre defendeu que os missionários vêm “não para conquistar, mas para ajudar”, porque “o proselitismo é proibido”, e reforçou a importância de uma colaboração recíproca entre as duas religiões. Por fim, antes das saudações das duas delegações, o Pontífice e o Patriarca abençoaram um ao outro.

Entre os presentes oferecidos pelo Papa ao Patriarca, também estava o Documento sobre a “Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da convivência comum”, assinado em Abu Dhabi em fevereiro passado. O Papa disse: “Devemos trabalhar juntos para que nossa humanidade seja mais fraterna”.

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