Angelus

Precisamos do amor de Deus como da água para viver, afirma Papa

No Angelus deste domingo, 12, Francisco afirma: “Com a alegria de ter encontrado o Senhor, poderemos saciar a sede dos outros (…) e compartilhar o amor que Ele nos deu”

Da Redação, com Vatican News

Foto: Reuters Marketplace

A reflexão do Papa Francisco que precedeu a oração do Angelus deste III Domingo da Quaresma, 12, foi inspirada no encontro de Jesus com a Samaritana, narrado no Evangelho de João (cf. Jo 4, 5-42). “Um dos encontros mais belos e fascinantes de Jesus”, disse o Santo Padre.

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice lembra que Jesus e os discípulos pararam perto de um poço em Samaria. “Chega uma mulher e Jesus diz a ela: «Dá-me de beber»”. E é precisamente a partir destas palavras do versículo 8, “Dá-me de beber”, que o Papa desenvolve sua reflexão.

“A cena nos mostra Jesus sedento e cansado, que se deixa encontrar pela samaritana no poço na hora mais quente, ao meio-dia, e como um mendigo pede um refrigério. É uma imagem do abaixamento de Deus, Deus se abaixa em Jesus Cristo para a redenção, vem a nós. E no abaixamento de Deus em Jesus, Deus se fez um de nós, se abaixou; sedento como nós, sofre a mesma aridez que nós”, reflete.

O Senhor, o Mestre, pede-me de beber

Contemplando esta cena, o Santo Padre observou que cada um pode dizer: “O Senhor, o Mestre, pede-me de beber. Tem, portanto, sede como eu? Tem a minha sede? Estás realmente perto de mim, Senhor! Estás ligado à minha pobreza, não consigo acreditar nisso… tiraste-me de baixo, do mais baixo de mim mesmo, onde ninguém me alcança”.

De acordo com Francisco, a sede de Jesus não é somente física, mas expressa as aridezes mais profundas da vida: “é sobretudo sede do nosso amor”. Ele é mais que (um) “mendigo”, é “sedento” do amor da humanidade, pontua. E, no momento culminante da paixão, na Cruz, antes de morrer, Jesus diz: “Tenho sede”.

O Papa ressalta que o Senhor, que pede de beber, é Aquele que dá de beber: ao encontrar a Samaritana, fala-lhe da água viva do Espírito Santo, e da Cruz sai do seu lado trespassado sangue e água.

“Jesus, sedento de amor, nos sacia de amor. E faz conosco como com a samaritana: vem ao nosso encontro na nossa vida cotidiana, partilha a nossa sede, promete-nos a água viva que faz brotar em nós a vida eterna”.

Sede de proximidade

O Pontífice destaca então um segundo aspecto do pedido “Dá-me de beber”. Estas palavras não são apenas um pedido de Jesus à samaritana, observa o Santo Padre, mas um apelo – às vezes silencioso – que a cada dia se eleva em direção a todos e pede que todos cuidem da sede dos outros. 

“Cuidar da sede dos outros. Dá-me de beber nos dizem aqueles – na família, tantos, tantos no local de trabalho, tantos nos outros lugares que frequentamos – que têm sede de proximidade, de atenção, de escuta; diz-nos isso quem tem sede da Palavra de Deus e precisa encontrar na Igreja um oásis onde beber água. Dá-me de beber é o apelo da nossa sociedade, onde a pressa, a corrida ao consumo e sobretudo a indiferença, esta cultura da indiferença, geram aridez e vazio interior.”

Não esquecer daqueles que não tem água para viver

Recordando que a casa comum também está exausta e sedenta, o Papa pede aos fiéis que não se esqueçam daqueles que não têm água para viver. “Não esqueçamos ‘dá-me de beber’ é o grito de tantos irmãos e irmãs que não têm água para viver, enquanto se continua a poluir e desfigurar a nossa casa comum; e também ela, exausta e sedenta, “tem sede”, aquela sede de amor que o levou a descer, a rebaixar-se, a esse abaixamento para ser um de nós”, disse.

Diante desses desafios, afirma o Santo Padre, “o Evangelho oferece, hoje, a cada um de nós a Água Viva que pode nos fazer tornar uma fonte de refrigério para os outros”.

Sede intelectual ou cultural

“Como a samaritana que deixou o seu cântaro junto ao poço e foi chamar os habitantes da cidade, também nós não pensaremos mais somente em aplacar nossa sede, também a nossa sede intelectual ou cultural, mas com a alegria de ter encontrado o Senhor poderemos saciar a sede dos outros; dar sentido à vida dos outros, não como senhores, mas como servos desta Palavra de Deus que nos saciou, que continuamente nos sacia, seremos capazes de entender sua sede e compartilhar o amor que Ele nos deu”, ressalta.

Francisco conclui dizendo que lhe vinha de fazer a seguinte pergunta, a ele e a quem o ouvia: “Somos capazes de compreender a sede dos outros? A sede das pessoas, a sede de tantos da minha família, do meu bairro? Hoje, podemos nos perguntar: tenho sede de Deus, e quero perceber que preciso do seu amor como da água para viver? E depois: eu que tenho sede, me preocupo com a sede dos outros, a sede espiritual, a material?”. “Que Nossa Senhora interceda por nós e nos ampare no caminho”, finaliza o Papa.

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