Encontro com frades Carmelitas

"Precisamos de uma revolução da ternura", afirma Papa

Em audiência com os frades Carmelitas, Francisco propôs: “fidelidade e contemplação, acompanhamento e oração, ternura e compaixão”

Da redação, com Vatican News

Papa durante discurso aos frades Carmelitas/ Foto: Vatican Media

Cerca de 100 participantes no Capítulo geral da Ordem dos Frades da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, conhecidos como Carmelitas, encontraram-se com o Papa Francisco na manhã deste sábado, 21, na Sala do Consistório, no Vaticano. Durante os trabalhos capitulares, que se iniciaram dia 2 de setembro e se concluem, neste sábado, com a Audiência Pontifícia, o Papa Francisco havia enviado uma Mensagem aos membros da família religiosa Carmelita, partindo do tema central do Capítulo: “Uma palavra de esperança e salvação: o carisma Carmelita e a missão do Carmelo hoje”.

O Santo Padre disse-lhes: “Em um momento de graça e renovação, vocês são chamados a discernir a missão da gloriosa Ordem Carmelita. Por isso, transmito-lhes a minha palavra de encorajamento e esperança”. Em sua Mensagem, o Papa recordou ainda aos Padres Capitulares: “Após tantos séculos, o carisma do Carmelo continua sendo um dom para toda a Igreja e uma contribuição peculiar para a edificação do Corpo de Cristo, mostrando ao mundo a Face luminosa e santa de Jesus”.

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E, hoje, durante a audiência aos Padres Capitulares, na conclusão do seu Capítulo Geral, Francisco retomou a temática central dos trabalhos, partindo da frase bíblica: “Vocês serão minhas testemunhas, de geração em geração”, mediante a fidelidade ao seu carisma Carmelita: “Deus abençoou Carmelo com um carisma original para enriquecer a Igreja e comunicar a alegria do Evangelho ao mundo, compartilhando o que vocês receberam com entusiasmo e generosidade”.

Papa ao final da audiência com os frades Carmelitas/ Foto: Vatican Media

Neste sentido, o Santo Padre propôs aos membros da família Carmelita três diretrizes para a sua caminhada: “fidelidade e contemplação, acompanhamento e oração, ternura e compaixão”. Ao falar da primeira, “fidelidade e contemplação”, o Papa recordou aos Carmelitas sua missão eclesial, dizendo: “A Igreja tem grande apreço por vocês, porque o Carmelo é uma verdadeira escola de contemplação de Deus. Embora o Carmelo seja uma Ordem mendicante de vida ativa, mantém a solidão e o desapego do mundo que, junto com a contemplação, representam a melhor parte da sua vida espiritual”.

Sobre a segunda diretriz, “acompanhamento e oração”, Francisco disse que o Carmelo é sinônimo de vida interior. Os místicos e escritores Carmelitas entenderam que “estar em Deus” e “estar em meio às suas coisas” nem sempre coincidem. Logo, é preciso buscar as coisas de Deus enraizados nele. Caso contrário, o mundanismo, a tentação mais perigosa para a Igreja, pode surgir sobretudo entre nós, homens da Igreja”. Por isso, o Pontífice encorajou os Carmelitas a serem artesãos da fraternidade e de união com Deus.

Por fim, explicando a terceira diretriz, que um Carmelita deve seguir em sua vida, Francisco sugeriu “a ternura e a compaixão”. O contemplativo deve ter um coração compassivo e, mediante a contemplação, ser aberto à beleza, à verdade e à bondade. E concluiu: “A contemplação seria passageira se fosse reduzida a êxtases e arrebatamentos que nos distanciam das alegrias e preocupações das pessoas. Cuidado com o contemplativo não compassivo! A ternura de Jesus ajuda-nos a aproximar-nos das feridas do Corpo de Cristo que, hoje, são visíveis nos irmãos despojados, humilhados e escravizados. Precisamos de uma revolução da ternura, que nos torna mais sensíveis diante da obscuridade da vida e das tragédias da humanidade”.

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