Angelus

Paz é caminho de esperança feito por diálogo e reconciliação, diz Papa

No primeiro Angelus de 2020, Papa convida a fixar olhar em Maria e retoma tema para o Dia Mundial da Paz desse ano

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco durante o primeiro Angelus de 2020 / Foto: REUTERS/Remo Casill

Por ocasião do primeiro Angelus de 2020, na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, o Papa Francisco convidou todos a acolherem o Menino Jesus e a bênção de Deus que Ele oferece à Igreja e ao mundo. Lembrando o Dia Mundial da Paz celebrado também em 1º de janeiro, reiterou que a paz é caminho de esperança feito por diálogo e reconciliação, retomando, assim, o tema de sua mensagem para a data deste ano

“Para este ano de 2020 a mensagem é esta: a paz é um caminho de esperança, um caminho no qual se avança por meio do diálogo, da reconciliação e da conversão ecológica. Portanto, fixemos nosso olhar na Mãe e no Filho que ela nos mostra. No início do ano, deixemo-nos abençoar. Deixemo-nos abençoar por Nossa Senhora com seu filho!”, disse. 

Nas palavras de Francisco antes da oração mariana, também um pedido de desculpas pelo gesto de impaciência no início da noite de ontem: aos saudar os fiéis, após rezar diante do Presépio na Praça São Pedro, foi bruscamente puxado por uma pessoa.

Confira, a seguir, a íntegra da reflexão do Papa:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia e bom ano!

Na noite de ontem encerramos o ano de 2019 agradecendo a Deus pelo dom do tempo e por todos os seus benefícios. Hoje iniciamos 2020 com a mesma atitude de gratidão e de louvor. Não é óbvio que nosso planeta tenha iniciado um novo giro em torno do sol e que nós, seres humanos, continuamos a viver lá. Não é óbvio, antes pelo contrário, é sempre um “milagre” com o qual maravilhar-se e agradecer.

No primeiro dia do ano, a Liturgia celebra a Santa Mãe de Deus, Maria, a Virgem de Nazaré, que deu à luz Jesus, o Salvador. Esse Menino é a Bênção de Deus para todo homem e mulher, para a grande família humana e para o mundo inteiro. Jesus não tirou o mal do mundo, mas o derrotou na raiz. Sua salvação não é mágica, mas é uma salvação “paciente”, isto é, comporta a paciência do amor, que assume a iniquidade e lhe tira o poder. A paciência do amor: o amor nos torna pacientes. Tantas vezes perdemos a paciência; também eu, e peço desculpas pelo mau exemplo de ontem [provavelmente em referência à reação diante de um puxão de que recebeu de uma pessoa na Praça São Pedro, ao saudar populares após rezar diante do Presépio]. Por esse motivo, contemplando o Presépio vemos, com os olhos da fé, o mundo renovado, livre do domínio do mal e colocado sob o Senhorio real de Cristo, o Menino que está na manjedoura.

Por isso hoje a Mãe de Deus nos abençoa, mostrando-nos o Filho. E como Nossa Senhora nos abençoa? O pega nos braços e o mostra para nós, e assim nos abençoa. Abençoa toda a Igreja, abençoa o mundo inteiro. Jesus, como cantaram os anjos em Belém, é “alegria para todo o povo”, é a glória de Deus e a paz para os homens (cf. Lc 2, 14). E esse é o motivo pelo qual o Santo Papa Paulo VI quis dedicar o primeiro dia do ano à paz – é o Dia da Paz – a oração, a tomada de consciência e de responsabilidade pela paz. Para este ano de 2020 a mensagem é esta: a paz é um caminho de esperança, um caminho no qual se avança por meio do diálogo, da reconciliação e da conversão ecológica.

Portanto, fixemos nosso olhar na Mãe e no Filho que ela nos mostra. No início do ano, deixemo-nos abençoar. Deixemo-nos abençoar por Nossa Senhora com seu filho!

Jesus é a bênção para aqueles que são oprimidos pelo jugo das escravidões, escravidões morais e escravidões materiais. Ele liberta com amor. Para aqueles que perderam a autoestima por permanecendo prisioneiros de vícios, Jesus diz: o Pai te ama, não te abandona, espera com paciência inabalável teu retorno (cf. Lc 15, 20). Para quem é vítima de injustiça e exploração e não vê a saída, Jesus abre a porta da fraternidade, onde encontrar rostos, corações e mãos acolhedoras, onde compartilhar a amargura e o desespero e recuperar um pouco da dignidade. Para aqueles que estão gravemente enfermos e se sentem abandonados e desanimados, Jesus se faz próximo, toca as chagas com ternura, derrama o óleo da consolação e transforma a fraqueza em força do bem para desfazer os nós mais difíceis. Para quem está encarcerado e é tentado a se se fechar em si mesmo, Jesus reabre um horizonte de esperança, começando por um pequeno vislumbre de luz.

Queridos irmãos e irmãs, desçamos dos pedestais de nosso orgulho – todos nós temos a tentação do orgulho – e peçamos a bênção da Santa Mãe de Deus, a humilde Mãe de Deus. Ela nos mostra Jesus: deixemo-nos abençoar, abramos o coração à sua bondade. Assim, o ano que começa será um caminho de esperança e paz, não com palavras, mas através de gestos diários de diálogo, de reconciliação e cuidado para com a criação.

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