Resposta

Papa recusa pedido de renúncia do Cardeal Marx como arcebispo

Cardeal Marx havia pedido renúncia como arcebispo de Munique frente aos escândalos dos abusos de menores na Alemanha

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

O Cardeal Reinhard Marx / Foto: REUTERS/Michele Tantussi-File Photo

O Papa Francisco respondeu à carta do Cardeal Reinhard Marx, que apresentou sua renúncia como arcebispo de Munique e Freising devido ao escândalo de abuso de menores na Alemanha. A carta-reposta do Papa foi publicada pela Santa Sé nesta quinta-feira, 10.

Antes de tudo, Francisco agradece pela coragem do cardeal: “É uma coragem cristã que não teme a cruz, que não teme ser humilhado diante da tremenda realidade do pecado”. O Santo Padre não aceitou o pedido de renúncia e disse que o cardeal segue como arcebispo.

Cardeal Marx havia relatado ao Papa o momento de crise que a Igreja na Alemanha está passando. Francisco lembra que toda a Igreja está em crise por causa do caso de abusos e que ela que não pode dar um passo adiante sem assumir essa crise. “A crise precisa ser assumida por nossa fé pascal”.

Francisco concorda com o cardeal sobre qualificar como catástrofe a história dos abusos sexuais e o modo com que a Igreja o enfrentou até pouco tempo. Perceber essa hipocrisia no modo de viver a fé é uma graça, é um primeiro passo que devemos dar, frisa o Papa. “Não podemos ficar indiferentes a este crime. Aceitar significa colocar-se em crise””.

Abrir-se à condução do Espírito

O Pontífice reconhece que as situações precisam ser interpretadas de acordo com a hermenêutica da época em que aconteceram. Porém, isso não exime de assumi-las como história do “pecado que nos sitia”. E por isso, a seu ver, cada bispo da Igreja deve assumi-lo e se perguntar o que deve fazer diante dessa catástrofe.

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O Papa diz que é preciso deixar que o Espírito conduza ao deserto da desolação, à cruz e à ressurreição. O ponto de partida, nesse caminho, é a confissão humilde: reconhecer o pecado. E o que de fato trará a salvação será abrir a porta Àquele que pode fazê-lo.

O cardeal Marx encerrou sua carta ao Papa dizendo que continuaria com gosto sendo sacerdote e bispo da Igreja, que continuaria se empenhando em nível pastoral. Francisco apreciou a mensagem.

“Esta é a minha resposta, querido irmão. Continua como propões, porém como arcebispo de Munique e Freising. Se és tentado a pensar que, ao confirmar tua missão e não aceitar tua demissão, este Bispo de Roma (teu irmão que te ama) não te compreende, pensa no que Pedro sentiu diante do Senhor quando, à sua maneira, apresentou sua renúncia ‘afaste-se de mim sou um pecador’ e ouviu como resposta ‘Apascenta as minhas ovelhas’”. 

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