Catequese

Papa: podemos sair melhores da pandemia se buscarmos o bem comum

Na catequese de hoje, Papa frisa o amor e a busca pelo bem comum como respostas à pandemia e suas consequências

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco durante catequese / Foto: Reprodução Youtube Vatican News

Com o tema “Curar o mundo” e a reflexão centrada em “Amor e bem comum”, o Papa Francisco realizou a Audiência Geral desta quarta-feira, 9, realizada no Pátio São Dâmaso, no Vaticano.

Nesta segunda Audiência Geral pública desde o início da pandemia de coronavírus, Francisco ressaltou que a crise por causa da pandemia afeta a todos. “Podemos sair melhores dela se todos juntos buscarmos o bem comum. Pelo contrário, sairemos piores”.

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O Santo Padre observou ainda o surgimento de interesses de parte em meio a essa crise. “Por exemplo, há quem deseje apropriar-se de possíveis soluções, como no caso das vacinas, e depois vendê-las a outros. Algumas pessoas se aproveitam da situação para fomentar divisões: para procurar vantagens econômicas ou políticas, gerando ou aumentando os conflitos. Outros simplesmente não se importam com o sofrimento dos outros, passam adiante e seguem o seu caminho. São devotos de Pôncio Pilatos. Lavam as mãos.

Resposta cristã à pandemia

Segundo o Pontífice, a resposta cristã à pandemia e às consequentes crises socioeconômicas se baseia no amor, antes de tudo, no amor de Deus que sempre nos precede. “Ele nos ama por primeiro. Ele sempre nos precede no amor e nas soluções. Ele nos ama incondicionalmente, e quando aceitamos este amor divino, podemos responder de forma semelhante”.

Francisco recordou o ensinamento de Jesus de amar a todos, destacando, inclusive, que o ponto mais alto da santidade é amar o inimigo. Ele reconheceu que esta não é uma tarefa fácil, mas é algo que pode sr aprendido e melhorado. “O verdadeiro amor, que nos torna fecundos e livres, é sempre expansivo e inclusivo. Este amor cuida, cura e faz bem”.

O amor inclusivo é social, é familiar, é político

O Papa disse ainda que o amor não se limita às relações entre duas ou três pessoas, amigos ou família, mas inclui também as relações cívicas e políticas, bem como a relação com a natureza. “Sendo nós seres sociais e políticos, uma das mais altas expressões de amor é o amor social e político, que é decisivo para o desenvolvimento humano e para enfrentar qualquer tipo de crise”.

“Sabemos que o amor fecunda famílias e amizades, mas é bom lembrar que também fecunda relações sociais, culturais, econômicas e políticas, permitindo-nos construir uma “civilização do amor”, como gostava de dizer São Paulo VI e, na sua esteira, São João Paulo II.” Segundo o Santo Padre, sem essa inspiração prevalece a cultura do egoísmo, da indiferença e do descarte.

“Devemos construir esta civilização do amor, esta civilização política, social, de unidade de toda a humanidade. Pelo contrário, haverá guerras, divisões, invejas, até mesmo guerras na família. O amor inclusivo é social, é familiar, é político. O amor permeia tudo.”

Referindo-se ao contexto da pandemia, o Papa considerou que o coronavírus mostra que o verdadeiro bem para cada um é um bem comum, não somente individual. “Se uma pessoa busca apenas o seu próprio bem, ela é egoísta. Ao invés disso, a pessoa é mais, é mais nobre, quando o seu próprio bem a abre a todos, e o compartilha. A saúde não é apenas individual, mas também um bem público. Uma sociedade saudável é aquela que cuida da saúde de todos, de todos”.

O verdadeiro amor não conhece a cultura do descarte

E para enfrentar esse vírus que não conhece barreiras, distinções culturais nem políticas, a resposta é um amor sem barreiras, acrescentou o Papa. Trata-se de um amor que encoraja a partilhar em vez de competir, que permite incluir os mais vulneráveis em vez de os descartar. “O verdadeiro amor não conhece a cultura do descarte. Não sabe o que é”, sublinhou Francisco.

Segundo o Papa, ao amar e gerar criatividade, confiança e solidariedade, emergem iniciativas concretas para o bem comum, o que se aplica tanto em pequenas e grandes comunidades como em nível internacional. Pelo contrário, se as soluções para a pandemia tiverem a marca do egoísmo, seja das pessoas, das empresas ou das nações, pode-se até sair do vírus, mas certamente não se sairá da crise humana e social que ele evidenciou.

“Portanto, atenção a não construir sobre areia! Para construir uma sociedade saudável, inclusiva, justa e pacífica, devemos fazê-lo sobre a rocha do bem comum. O bem comum é uma rocha. E esta é a tarefa de todos, e não apenas de alguns especialistas”.

Uma boa política é possível

“Infelizmente”, disse ainda Francisco, “a política muitas vezes não goza de boa reputação, e nós sabemos o porquê. Isso não significa que os políticos sejam todos maus, não, não estou dizendo isso. Estou dizendo que, infelizmente, a política, muitas vezes, não tem uma boa reputação”.

A reação a isto, segundo o Papa, deve incluir a demonstração, com fatos, de que uma boa política é possível, “aliás, indispensável”: aquela que coloca no centro a pessoa humana e o bem comum. Isso é possível à medida que cada cidadão e, em particular aqueles que assumem compromissos e encargos sociais e políticos, enraízam as suas ações em princípios éticos e os animam com amor social e político. “Os cristãos, especialmente os fiéis leigos, são chamados a dar bom testemunho disso e podem fazê-lo através da virtude da caridade, cultivando a sua intrínseca dimensão social.”

O Papa concluiu sua catequese, afirmando que chegou o momento de aumentar o amor social, contribuindo todos. “Se cada um contribuir com a sua parte, e se ninguém for excluído, podemos regenerar boas relações no âmbito comunitário, nacional e internacional e também em harmonia com o meio ambiente. Assim, nos nossos gestos, mesmo os mais humildes, algo da imagem de Deus que levamos dentro de nós se tornará visível, porque Deus é Trindade, Deus é amor. Essa é a mais bonita definição de Deus que está na Bíblia, dada a nós pelo apóstolo João que tanto amava Jesus: Deus é amor. Com a sua ajuda, podemos curar o mundo trabalhando juntos para o bem comum, não apenas para o meu bem, mas para o bem comum de todos”.

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