Mudança climática

Papa pede por modelo de desenvolvimento que escute o grito dos pobres

Em mensagem ao Fórum da Unesco sobre a Biodiversidade, Francisco comentou problemas importantes e urgentes

Da redação, com Vatican News 

Papa Francisco /Foto: Daniel Ibanez – CNA

O Papa Francisco enviou uma mensagem em espanhol ao Fórum da Unesco sobre a Biodiversidade. O tema foi: “Mudança climática e pobreza: princípios éticos e responsabilidade científica”.

Promovido em março, o evento recorda a necessidade de agir em conjunto para uma profunda revisão do atual modelo de desenvolvimento.

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Monsenhor Francesco Follo, Observador Permanente da Santa Sé, foi o responsável por ler a mensagem do Papa.

No início de seu texto, o Pontífice expressou “gratidão” porque “um dos problemas mais importantes e urgentes” está sendo discutido.

Escutar o grito da terra e dos pobres

O aquecimento global e o seu impacto sobre os pobres exigem uma resposta, afirma o Pontífice. Em sua mensagem, o Santo Padre recordou a fragilidade da Casa Comum.

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Segundo Francisco, é preciso escutar as vozes dos povos indígenas – que são “intérpretes do grito da terra e dos pobres”. Além disso, o Papa reforçou a necessidade de investimento na educação dos jovens. Isso, para que abracem novos estilos de vida e fortaleçam os processos que combatam o fenômeno da mudança climática.

Um novo modelo de desenvolvimento

O Pontífice enfatiza como “a luta contra a mudança climática e a luta contra a pobreza extrema” são interdependentes. Por isso, pediu a redefinição de um novo modelo de desenvolvimento.

Para o Santo Padre, ele deve adotar uma metodologia que integre a ética da solidariedade e da caridade política.

“Somente assim será possível promover um bem comum verdadeiramente universal, uma verdadeira civilização do amor onde não há lugar para uma pandemia de indiferença e desperdício”, frisou,

Sofrimento dos mais pobres

Os pobres, de acordo com o Papa, são os que mais sofrem com o impacto da mudança climática. Deste modo, a resposta à atual crise socioambiental deve ser vista como uma oportunidade única, sublinhou Francisco.

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É preciso assumir a responsabilidade pela fragilidade da Casa Comum, defendeu o Santo Padre.

Na mensagem, o Pontífice pede pela melhora das condições de vida, saúde, transportes e segurança energética. Outro apelo é pela criação de novas oportunidades de emprego.

Os jovens, a chave para a mudança

Recordando o Acordo de Paris, Francisco enfatizou que há uma crescente consciência de que a mudança climática é “uma questão muito mais moral do que técnica”.

Daí a necessidade de uma “virada decisiva” possível somente investindo “na educação das novas gerações a estilos de vida que respeitam a Criação, até agora inexplorados”.

Ao educá-los na salvaguarda da Criação, no respeito aos outros, em novos hábitos de produção e consumo, os jovens serão os protagonistas de “um novo modelo de crescimento econômico que coloca o meio ambiente e as pessoas no centro”.

Agir em conjunto

“Se queremos combater efetivamente a mudança climática”, escreve ainda o Papa. “Devemos agir juntos, levando em conta a necessidade de implementar uma profunda revisão do atual modelo de desenvolvimento, a fim de corrigir as suas anomalias e distorções”.

Dar respostas concretas ao grave fenômeno do aquecimento global é um imperativo moral, segundo o Pontífice. A falta de ação terá efeitos secundários, alertou o Santo Padre. especialmente entre os estratos mais pobres da sociedade, que também são os mais vulneráveis a essas mudanças.

Intérpretes do grito da terra

Assim, Francisco recomenda escutar não somente os especialistas, mas também as comunidades locais e os povos indígenas.

Eles são “atores não estatais, muitas vezes na linha de frente na luta contra a mudança climática”. Eles “demonstram uma particular sensibilidade na busca de formas inovadoras para promover um sistema sustentável de produção e consumo e, assim, se tornam intérpretes do grito da terra e dos pobres”.

Para o Papa, o tempo está se esgotando para a busca de soluções globais. A emergência sanitária atual obriga a “pensar nos seres humanos, em todos, e não nos lucros de poucos”. 

Somente dessa forma, conclui o Santo Padre, será possível promover “o verdadeiro desenvolvimento humano integral”.

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