Santa Sé

Papa: pais de Charlie Gard têm direito de cuidar do filho até o fim

Além do comunicado de hoje, Francisco já havia se manifestado no twitter na sexta-feira

Da redação, com Rádio Vaticano

Connie Yates e Chris Gard, ao lado de Charlie Gard / Foto: Reprodução Charlie’s Fight

“O Santo Padre acompanha com afeto e comoção o caso do pequeno Charlie Gard e manifesta a sua proximidade aos seus pais. Ele reza por eles, fazendo votos de que não seja negligenciado o seu desejo de acompanhar e cuidar do próprio filho até o fim”, diz comunicado divulgado, neste domingo, 2, pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Papa Francisco já havia se manifestado sobre o caso na noite de sexta-feira com um tweet, em sua conta em inglês, que dizia: “Defender a vida humana, sobretudo quando é ferida pela doença, é um compromisso de amor que Deus confia a cada ser humano”.

Na última sexta-feira, Francisco manifestou-se em defesa da vida em sua conta no twitter / Foto: Reprodução @pontifex

Sobre o caso

O pequeno Charlie, de apenas dez meses, sofre de uma doença genética rara incurável, a síndrome de miopatia mitocondrial. Contra o desejo dos pais, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos autorizou o desligamento dos aparelhos que o mantém vivo.

Os pais de Charlie, Connie Yates e Chris Gard, haviam lançado uma campanha de coleta de recursos para poder levar o pequeno aos Estados Unidos, onde seria submetido a um tratamento experimental.

O Hospital pediátrico londrino “Great Ormond Street” – onde Charlie está internado – emitiu uma nota na sexta-feira após a decisão do Tribunal Europeu, sem especificar quando os aparelhos que o mantém vivo seriam removidos.

“Juntamente com os pais de Charlie”, estamos providenciando um lugar para seus cuidados, e para “dar a eles mais tempo juntos como família” – diz a nota – pedindo privacidade para os pais do bebê.

Os tribunais – britânico e europeu – haviam decidido que manter o bebê com aparelhos somente prolongaria seu sofrimento, pois não havia esperança de recuperarão da doença, que provoca fraqueza muscular progressiva, inclusive em órgãos-chave como o coração.

Um pequeno grupo de cem manifestantes realizou uma manifestação diante dos portões do Palácio de Buckingham, em Londres, no domingo, gritando “Salve Charlie Gard”, ao lado de uma bandeira que dizia “Assassinato!”.

Vídeo mostra um pouco da trajetória de Charlie Gard

Dor e esperança

O presidente da Academia Pontifícia para a Vida, do Vaticano, Dom Vincenzo Paglia, lançou na última semana um apelo em favor do respeito pela vontade dos pais, sublinhando que este caso toca as pessoas pela sua dimensão de “dor e de esperança”.

“Não se pode nunca levar a cabo algum gesto que termine intencionalmente uma existência humana, incluindo a suspensão da alimentação e da hidratação”, assinalou o arcebispo italiano.

Para este responsável, é necessário também ter noção dos “limites do que é possível fazer”, em termos médicos, num “serviço ao doente que deve prosseguir até à morte natural”.

Dom Vincenzo Paglia pede que seja “respeitada e ouvida a vontade dos pais” e que, ao mesmo tempo, eles recebam ajuda para “reconhecer a gravosa peculiaridade da sua condição, de tal forma que não podem ser deixados sozinhos para tomar decisão tão dolorosas”.

 

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