CATEQUESE

Papa: olhar para a própria vida é indispensável para o discernimento

Na catequese de hoje, Papa Francisco concentrou-se no “livro da vida”, explicando que olhar para a própria história é uma fonte rica para o discernimento

Jéssica Marçal
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco acena para fiéis na audiência geral no Vaticano / Foto: REUTERS/Yara Nardi

A própria história de vida é um ingrediente indispensável para o discernimento, afirmou o Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, 19. Com os fiéis na Praça São Pedro, o Santo Padre seguiu no ciclo de reflexões dedicadas ao discernimento, com ênfase aos elementos que o compõem.

Leia na íntegra
.: Catequese do Papa: os elementos do discernimento – o livro da própria vida

O Papa explicou que a vida de cada um é o “livro” mais precioso que nos foi confiado. Muitos, infelizmente, não o leem ou deixam para fazer isso muito tarde, antes de morrer. “No entanto, é precisamente nesse livro que se encontra aquilo que se procura inutilmente por outros caminhos.”

Um exemplo dado pelo Papa foi Santo Agostinho, que compreendeu a verdade ao reler a sua vida. E daí o convite do santo a cultivar a vida interior, para encontrar o que se procura. Um convite que Francisco repetiu aos fiéis, inclusive a si próprio: “Entra em ti mesmo. Lê a tua vida. Lê dentro de ti, como foi o teu percurso. Com serenidade. Entra em ti mesmo”.

O Santo Padre alertou sobre os pensamentos negativos que, muitas vezes, aparecem nesse processo, frases pessimistas que desanimam e deprimem. Mas ler a própria história significa também reconhecer os elementos “tóxicos” para aprender a observar outras coisas, conseguindo captar os modos discretos com que Deus age na vida de cada um.

“Devemos ler a nossa vida, e assim vemos o que não é positivo e também as coisas boas que Deus semeia em nós.”

Reler a vida e notar os pequenos milagres

O discernimento tem uma abordagem narrativa, considerou o Papa. Essa narração permite entender detalhes importantes e até revelar ajudas valiosas até então ocultas. Uma leitura ou um serviço podem transmitir paz interior, transmitir a alegria de viver.

“Parar é reconhecer: é importante para o discernimento, é uma obra de recolha daquelas pérolas preciosas e escondidas que o Senhor disseminou no nosso terreno.”

O bem está escondido sempre, observou o Papa, lembrando que o estilo de Deus é discreto, não se impõe. Assim, o hábito de reler a própria vida educa o olhar e permite notar os pequenos milagres que Deus realiza todos os dias. “Quando prestamos atenção, observamos outros rumos possíveis que revigoram o gosto interior, a paz e a criatividade. Acima de tudo, torna-nos mais livres dos estereótipos tóxicos”.

Compreender a linguagem de Deus

Por fim, o Papa frisou que o discernimento é a leitura narrativa dos momentos bons e dos momentos escuros ao longo da vida. No discernimento, é o coração que fala de Deus e é preciso aprender a compreender a sua linguagem.

“Perguntemo-nos, no final do dia, por exemplo: o que aconteceu hoje no meu coração? Alguns pensam que fazer este exame de consciência é fazer a contabilidade dos pecados que cometemos – e cometemos muitos –, mas é também perguntar-se “o que aconteceu dentro de mim, tive alegrias? O que me causou alegria? Fiquei triste? Qual o motivo da tristeza? E assim aprender a discernir o que acontece dentro de nós.”

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