Oração dos Salmos

Papa na catequese: devemos rezar como somos, sem maquiar a alma

Santo Padre dedicou a catequese de hoje à oração dos salmos, que comunicam o “saber rezar”

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco durante Catequese na Sala Paulo VI/ Foto: Daniel Ibanez – CNA

Não é preciso maquiar a alma para rezar, mas sim ir a Deus como se é, com as coisas bonitas e feias que ninguém conhece. Essa foi uma das reflexões do Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, 14, dedicada à “oração dos Salmos”. A catequese foi realizada na Sala Paulo VI em virtude da chuva.

Francisco explicou que o livro dos salmos faz parte dos livros sapienciais, porque comunica o “saber rezar” através da experiência do diálogo com Deus. “Nos salmos encontramos todos os sentimentos humanos: as alegrias, as dores, as dúvidas, as esperanças e as amarguras que coloram a nossa vida (…) Em síntese, os salmos são a palavra de Deus que nós humanos usamos para falar com Ele”.

O livro dos salmos não traz pessoas abstratas, que confundem a oração com uma experiência estética ou alienante, disse o Papa. Ele frisou que para rezar os salmos basta as pessoas serem quem elas são.

“Não devemos esquecer que, para rezar bem, devemos rezar como somos, não maquiados”.

“Não devemos esquecer que, para rezar bem, devemos rezar como somos, não maquiados. Não precisa maquiar a alma para rezar. “Senhor, eu sou assim”, e ir diante do Senhor como somos, com as coisas bonitas e feias que ninguém conhece, mas nós por dentro conhecemos”.

As perguntas nos Salmos

O Santo Padre ressaltou ainda que, nos salmos, se ouve a voz de pessoas de carne e osso, cuja vida tem problemas e dificuldades, como a de todos. Esse sofrimento se transforma em pergunta, sendo uma das mais frequentes esta: “Até quando Senhor?”.

“Fazendo continuamente perguntas desse tipo, os salmos nos ensinam a não nos habituarmos à dor e nos lembram que a vida não é salva se não for curada. A existência do homem é um sopro, a sua história é fugaz, mas o orante sabe que é precioso aos olhos de Deus, e por isso faz sentido gritar”.

“A existência do homem é um sopro, a sua história é fugaz, mas o orante sabe que é precioso aos olhos de Deus”

A oração dos salmos é o testemunho desse grito, explicou o Papa: um grito múltiplo, porque na vida a dor assume mil formas e tem o nome de doença, ódio, guerra, perseguição, desconfiança. Todos sofrem neste mundo, seja quem acredita em Deus seja quem o rejeita, mas no Saltério a dor torna-se relação: um grito de ajuda à espera de encontrar um ouvido que ouça.

Na oração, Deus ouve

“Nos salmos, o fiel encontra uma resposta. Ele sabe que, mesmo que todas as portas humanas estivessem trancadas, a porta de Deus está aberta. Mesmo que o mundo inteiro tivesse emitido um veredito de condenação, em Deus há salvação”.

O Papa acrescentou que Deus ouve e que, às vezes, na oração, basta saber isso. “Nem sempre os problemas se resolvem. Quem reza não é um iludido: sabe que muitas questões da vida terrena permanecem sem solução, sem saída; o sofrimento nos acompanhará e, superada uma batalha, haverá outras que nos esperam. Porém, se somos ouvidos, tudo se torna mais suportável”.

“Coragem! Avante com a oração. Jesus está sempre junto de nós”

Francisco concluiu dizendo que o pior que pode acontecer é sofrer no abandono, sem ser lembrado. Mas a oração nos salva disso. Ele contou que, nos momentos tristes, lhe faz bem pensar em Jesus que chorava, quando chorou olhando Jerusalém, quando chorou diante do Túmulo de Lázaro.

“Deus chorou por mim. Deus chora por nossas dores, Deus quis se fazer homem para poder chorar. Pensar que Jesus chora comigo na dor é um consolo: ajuda-nos a ir em frente. Se permanecermos em relação com Ele, a vida não nos poupa o sofrimento, mas se abre a um grande horizonte de bem e se envereda rumo à sua realização. Coragem! Avante com a oração. Jesus está sempre junto de nós”, concluiu o Pontífice.

 

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