Homilia

Papa exorta fiéis a iniciarem a Quaresma pedindo “a graça da memória”

Durante homilia desta quinta-feira, 7, Francisco aconselhou os cristãos a não voltarem atrás e alertou para o perigo da idolatria e da surdez da alma 

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante homilia nesta quinta-feira, 7/ Foto: Vatican Media

Iniciar a Quaresma pedindo a graça da memória, de recordar aquilo que o Senhor fez. Este foi o pedido do Papa Francisco na homilia da missa desta quinta-feira, 7, realizada na casa Santa Marta, no Vaticano. Durante a reflexão, o Pontífice frisou a importância dos cristãos estarem atentos durante o caminho rumo ao encontro com Cristo ressuscitado, pediu que não voltem atrás ou sejam surdos na alma, e alertou para o perigo da idolatria.

A homilia partiu da Primeira Leitura do dia, extraída do Deuteronômio. Trata-se de uma parte do discurso que Moisés fez ao povo para prepará-lo para entrar na Terra prometida, colocando-o diante de uma escolha entre a vida e a morte. “É um apelo à nossa liberdade”, explicou o Santo Padre detendo-se em particular sobre três frases de Moisés: “se o teu coração se volta para trás”, “se tu não ouves” e “se te deixas levar a prostrar-te diante de outros deuses”.

“Quando o coração se volta para trás, quando toma uma estrada que não é a estrada justa – seja atrás, seja outra estrada, mas não vai pela estrada justa – perde a orientação, perde a bússola, rumo à qual deve seguir adiante. E um coração sem bússola é um perigo público; é um perigo para a pessoa e para os outros. E quando um coração toma essa estrada errada, é quando não ouve, é quando se deixa levar, conduzir-se pelos deuses, quando se torna idólatra”, comentou Francisco.

O Papa salientou também a incapacidade de ouvir. “Muitos surdos na alma”, afirmou. O Pontífice advertiu para os “fogos de artifício” e “os falsos deuses” que chamam homens e mulheres à idolatria. “Esse é o perigo ao longo da estrada, rumo à terra que foi prometida a todos nós: a terra do encontro com Cristo ressuscitado”, revelou.

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O Santo Padre afirmou que a Quaresma ajuda na caminhada e recordou que não ouvir o Senhor e as promessas que ele fez, é perder a memória: “É quando se perde a memória das grandes coisas que o Senhor fez na nossa vida, que fez na sua Igreja, em seu povo, e nos habituamos a caminharmos nós, com nossas forças”. Francisco exortou os fiéis a iniciarem a Quaresma pedindo “a graça da memória” e retomou o discurso que Moisés dirigiu ao povo pouco antes de recordar todo o caminho que o Senhor lhe fez percorrer: “Quando estamos bem, quando temos tudo ao alcance da mão, espiritualmente seguimos bem, há o perigo de perder a memória do caminho”.

“O bem-estar, inclusive o bem-estar espiritual tem este perigo: o perigo de cair numa certa amnésia, uma falta de memória: estou bem assim e me esqueço daquilo que o Senhor fez em minha vida, de todas as graças que nos deu e creio que é mérito meu e sigo adiante assim. E aí o coração começa a caminhar para trás, porque não ouve a voz do próprio coração: a memória. A graça da memória”, frisou o Papa.

Em seguida, Francisco evocou uma passagem da Carta aos Hebreus que exorta a recordar os primeiros dias. “Também o povo de Israel perdeu a memória, porque no perder a memória há algo de seletivo: recordo aquilo que me convém agora e não recordo algo que me ameaça. Por exemplo, o povo recordava no deserto que Deus o havia salvado, não podia esquecer isso. Mas começou a lamentar-se pela falta de água e carne e a pensar nas coisas que tinha no Egito, como as cebolas”, afirmou o Santo Padre que observou se tratar de algo seletivo porque o povo se esquecia que todas essas coisas as comiam na mesa da escravidão.

O Pontífice reiterou o convite à memória que coloca os cristãos no caminho justo. “É preciso recordar para seguir adiante; não perder a história: a história da salvação, a história da minha vida, a história de Jesus comigo. E não parar, não voltar atrás, não deixar-se levar pelos ídolos. A idolatria, efetivamente, não é somente ir a um templo pagão e adorar uma estátua. A idolatria é uma atitude do coração, quando tu preferes isso porque é mais cômodo para ti e não prefere o Senhor porque O esqueceste”. 

No início da Quaresma, Francisco exortou os fiéis a pedirem a graça de custodiar a memória do Senhor inteiramente, e a partir dessa recordação, continuar seguindo adiante. “Nos fará bem também repetir continuamente o conselho de Paulo a Timóteo, seu amado discípulo: ‘Recorda-te de Jesus Cristo ressuscitado dos mortos’. Repito: ‘Recorda-te de Jesus Cristo ressuscitado’, recorda-te de Jesus, Jesus que me acompanhou até agora e que me acompanhará até o momento no qual devo comparecer diante d’Ele, Jesus glorioso. O Senhor nos dê essa graça de conservar a memória”, concluiu.

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