Viagem apostólica

Papa encoraja religiosos na República Democrática do Congo

Papa participou de um encontro de oração com padres, diáconos, seminaristas e consagrados na Catedral de Kinshasa no terceiro dia de sua viagem à República Democrática do Congo

Jéssica Marçal
Da Redação 

Papa discursa a padres, diáconos, consagrados e seminaristas na Catedral de Kinshasa / Foto: Vatican Media via Reuters

Em sua viagem à Republica Democrática do Congo, o Papa Francisco participou, nesta quinta-feira, 2, de um encontro de oração com os sacerdotes, diáconos, consagrados, consagradas e seminaristas na Catedral de Kinshasa. Este foi um momento em que o Papa pôde dar o seu encorajamento à Igreja local, com indicações para superar desafios como “a mediocridade espiritual, a comodidade mundana e a superficialidade”.

Acesse
.: Notícias sobre a viagem do Papa ao Congo e Sudão do Sul 

O encontro aconteceu na Festa da Apresentação do Senhor, quando a Igreja reza, de modo especial, pela vida consagrada. Um convite a viver a mesma experiência que Simeão teve no Templo de Jerusalém: tomar Jesus nos braços. “Colocando Jesus no centro, muda a perspetiva da nossa vida e, mesmo no meio das dificuldades e canseiras, sentimo-nos envolvidos pela sua luz, consolados pelo seu Espírito, encorajados pela sua Palavra, sustentados pelo seu amor.”

Servir o povo

Francisco reforçou o chamado aos ministros ordenados e pessoas consagradas de servirem o povo como testemunhas do amor de Deus. O Papa comentou as indicações de como fazê-lo a partir das palavras do profeta Isaías no chamado “Livro da Consolação”, em que Deus dirige ao seu povo palavras de esperança e promessas de salvação.

“Queridos sacerdotes e diáconos, consagradas e consagrados, seminaristas: por vosso intermédio, também hoje o Senhor quer ungir o seu povo com o óleo da consolação e da esperança. Sois chamados a fazer-vos eco desta promessa de Deus, a recordar que Ele nos plasmou e a Ele pertencemos, a animar o caminho da comunidade e a acompanhá-la na fé ao encontro d’Aquele que já caminha ao nosso lado.”

Segundo Francisco, o sacerdócio e a vida consagrada tornam-se áridos se vividos para servir a si próprio em vez de servir. “Fomos chamados para oferecer a vida pelos irmãos e irmãs, levando-lhes Jesus, o único que sara as feridas do coração.”

Vencendo desafios

Na caminhada não faltarão desafios, reconheceu o Santo Padre. Em especial, Francisco citou a tentação da mediocridade espiritual, da comodidade mundana e da superficialidade. Também deu indicações de como vencê-los.

A oração, a confissão e a invocação de Nossa Senhora foram indicados pelo Papa para combater a mediocridade espiritual. “A Celebração Eucarística diária é o coração pulsante da vida sacerdotal e religiosa. A Liturgia das Horas permite-nos rezar com a Igreja e de o fazermos de forma regular: nunca a descuidemos! E não descuremos também a Confissão: sempre precisamos de ser perdoados, para poder dar misericórdia. Outro conselho: como se sabe, não podemos limitar-nos à recitação ritual das orações, mas é preciso reservar diariamente um tempo intenso de oração, para comunicar de coração a coração com o Senhor”.

Francisco também alertou sobre a tentação da comodidade mundana, que faz perder o coração da missão que é sair do espaço do eu e encaminhar-se para os irmãos e irmãs. “É triste quando nos fechamos em nós mesmos, tornando-nos frios burocratas do espírito. Então, em vez de servir o Evangelho, preocupamo-nos em administrar as finanças e realizar qualquer negócio que nos traga vantagem. Isto é escandaloso, quando acontece na vida dum padre ou dum religioso, que deveria ser modelo de sobriedade e liberdade interior.”

E sobre a tentação da superficialidade, o Pontífice ressaltou a necessidade de padres e religiosos preparados, formados, apaixonados pelo Evangelho.

“As pessoas não precisam de funcionários do sagrado nem de doutores afastados do povo. Somos chamados a entrar no coração do mistério cristão, aprofundar a sua doutrina, estudar e meditar a Palavra de Deus; e, ao mesmo tempo, permanecer abertos às inquietações do nosso tempo, às questões cada vez mais complexas da nossa época, para poder compreender a vida e as exigências das pessoas, para compreender como tomá-las pela mão e acompanhá-las.”

Profecia de paz nas espirais da violência

Por fim, Francisco ressaltou que para ser bons sacerdotes, diáconos e pessoas consagradas não bastam as palavras e as intenções. “Antes de tudo, é a própria vida que fala”. Exortou-os a mostrarem proximidade e consolação, como uma luz sempre acesa no meio da escuridão.

“Espero que sejais sempre canais da consolação do Senhor e testemunhas jubilosas do Evangelho, profecia de paz nas espirais da violência, discípulos do Amor prontos a cuidar das feridas dos pobres e atribulados. De novo, obrigado pelo vosso serviço e zelo pastoral. Abençoo vos e levo-vos no coração. E vós, por favor, rezai sempre por mim.”, concluiu.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo