Encontro com bispos

Papa encoraja bispos da Hungria: anúncio, fraternidade e esperança

Papa se reuniu com bispos da Hungria, dando três indicações para levarem adiante a missão do episcopado

Jéssica Marçal
Da Redação

Papa com bispos da Hungria /Foto: ABACA via Reuters

Anunciar o Evangelho, ser testemunhas de fraternidade e construtores de esperança. Essas foram as três indicações centrais que o Papa Francisco deixou aos bispos da Hungria, ao reunir-se neste domingo, 12, com a Conferência Episcopal. O encontro foi no Museu das Belas Artes da capital Budapeste, no contexto de sua visita para o encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional.

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O Papa considerou o cenário da Igreja na Hungria, com uma história marcada por uma fé inabalável, perseguições e sangue de mártires. Olhando para o passado, encorajou a caminhar para o futuro com o mesmo desejo dos mártires: viver a caridade e testemunhar o Evangelho.

Em especial, Francisco citou o exemplo das religiosas húngaras da Sociedade de Jesus, que precisaram deixar sua pátria por causa da perseguição religiosa. Na Argentina, fundaram o Colégio “Maria Ward”, em Plátanos, próximo a Buenos Aires. “Aprendi muito com sua força, coragem, paciência e amor à pátria; para mim foram um grande testemunho”, contou.

Anunciadores do Evangelho

O ministério episcopal é uma voz profética da atualidade do Evangelho, frisou o Papa aos bispos. A primeira indicação para levar adiante essa missão é, em primeiro lugar, que os bispos sejam anunciadores do Evangelho.

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O Santo Padre pediu que os bispos não se esqueçam que no centro da vida da Igreja está o encontro com Cristo. Aqui reiterou o “não” à burocrática administração das estruturas e à busca de privilégios. Os bispos precisam ser servos, não príncipes, destacou.

“Fidelidade e paixão ao Evangelho. Sejam testemunhas e anunciadores da Boa Notícia, difusores de alegria, próximos aos padres e religiosos com coração paterno, exercitando a arte da escuta”.

Nesse ponto do discurso, Francisco abriu um parênteses para falar sobre os quatro tipos de proximidade dos bispos: primeiro a Deus, depois entre si, aos padres e religiosos e ao povo de Deus.

“Para ser bispo hoje – sempre, mas destaco hoje – é preciso exercitar a arte da escuta. E não é fácil. Não tenham medo de dar espaço à Palavra de Deus e envolver os leigos: serão os canais através dos quais o rio da fé irrigará a Hungria”.

Testemunhas de fraternidade

A segunda indicação de Francisco foi que os bispos sejam testemunhas de fraternidade. O Papa lembrou que na Hungria vivem, há muito tempo, pessoas de outros povos. São etnias, minorias, confissões religiosas e migrantes que transforam o país em um ambiente multicultural. Essa realidade pode assustar em um primeiro momento, considerou, mas a diversidade é uma oportunidade para abrir o coração à mensagem evangélica.

“O estilo da fraternidade, que peço que vocês cultivem com os sacerdotes e com todo o Povo de Deus, se torne um sinal luminoso para a Hungria. Assim, tomará forma uma Igreja em que especialmente os leigos, em cada âmbito de sua vida cotidiana, familiar, social e profissional se tornarão fermento de fraternidade evangélica”.

Construtores de esperança

A terceira e última indicação de Francisco aos bispos foi que sejam construtores de esperança. O Papa destacou que, ao colocar o Evangelho no centro e o testemunhar com amor fraterno, é possível olhar para o futuro com esperança, mesmo com as dificuldades.

O Pontífice lembrou que o estilo de Deus é o da proximidade, compaixão e ternura. A tentação do desânimo nunca vem de Deus, mas do inimigo que se alimenta em tantas situações. Há problemas sociais – dificuldades nas famílias, pobreza, feridas para os jovens – e a Igreja não pode ser outra coisa que não protagonista de proximidade, atenção e consolo para as pessoas.

“O anúncio do Evangelho revigora a esperança porque nos lembra que em tudo o que vivemos Deus está presente, nos acompanha, nos dá coragem, nos dá criatividade para sempre iniciar uma nova história (…) Diante das crises, sociais ou eclesiais, vocês podem sempre ser construtores de esperança”.

Concluindo o discurso, o Papa lembrou que o pastor deve estar sempre em meio ao rebanho. À frente para indicar o caminho, no meio para sentir seu cheiro e atrás para ajudar quem ficou para trás e também para deixar que o rebanho avance um pouco, pois tem um dom especial para indicar bons terrenos.

“Irmãos, Deus os confirme na alegria da missão – a alegria da missão! Eu agradeço a vocês por tudo o que fazem e os abençoo de coração”, concluiu.

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