Papa diz que porta está aberta para diálogo com extremistas

Perguntado por jornalistas sobre diálogo com Estado Islâmico, Francisco admitiu que é uma possibilidade difícil, mas nunca se deve fechar a porta

Jéssica Marçal
Da Redação

Francisco respondeu perguntas de jornalistas durante o voo de volta a Roma / Foto: Arquivo

Francisco respondeu perguntas de jornalistas durante o voo de volta a Roma / Foto: Arquivo

Na tarde desta terça-feira, 25, durante o voo de volta a Roma após a viagem à França para a visita ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa, Papa Francisco conversou com os jornalistas. A íntegra da entrevista foi divulgada nesta quarta-feira, 26, pelo Vaticano.

Um ponto de destaque na entrevista foi sobre a questão do terrorismo. Em seu discursos de ontem (ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa), o Papa falou da ameaça terrorista e da escravidão, pontos que um dos jornalistas presentes atribuiu como típicos também do Estado Islâmico. Quando perguntado se é possível o diálogo com esses extremistas ou se a situação está perdida, Francisco mostrou-se aberto e determinado.

“Eu nunca dou uma coisa como perdida. Talvez não se possa ter um diálogo, mas nunca fechar uma porta. É difícil, pode-se dizer ‘quase impossível’, mas a porta sempre aberta”.

Ao falar das ameaças dos terroristas, Francisco mencionou outra ameaça, que é o terrorismo de Estado. Trata-se de situações em que o Estado, por conta própria, sente-se no direito de massacrar os terroristas e, com os terroristas, caem tantos que são inocentes.

“Esta é uma anarquia de alto nível que é muito perigosa. Com o terrorismo se deve lutar, mas eu repito o que eu disse na viagem anterior: quando se deve parar o agressor injusto, deve-se fazê-lo com o consenso internacional”.

O Santo Padre também chamou a atenção para a realidade do trabalho escravo, tráfico de pessoas, comércio de crianças, todas situações dramáticas. “Não fechemos os olhos diante disso”.

Um jornalista francês ressaltou as palavras pastorais de Francisco, mas que também podem ser vistas como palavras políticas. Ele perguntou se poderia-se dizer que Francisco é um Papa “social-democrático” e o Pontífice respondeu que não. “Não ouso me qualificar de um lado ou de outro. Ouso dizer que isto vem do Evangelho: esta é a mensagem do Evangelho assunto da Doutrina Social da Igreja”.

Sobre o fato de não ter visitado a catedral de Estrasburgo, o Papa explicou que isso já se transformaria em uma visita à França, o que está programado para outro momento, em 2015, conforme já foi anunciado. Ele pretende ir uma cidade que ainda não tenha recebido a visita de um Papa.

Outra questão levantada foi sobre a transversalidade da Europa, realidade em que Francisco destacou a necessidade de diálogo entre diferentes gerações. Como exemplo, o Papa citou o encontro que teve com jovens políticos de alguns países.

“Eles não têm medo de sair da própria pertença, sem negá-la, mas sair para dialogar. E são corajosos! Creio que nisto devemos imitá-los; e também o diálogo entre gerações. Este sair para encontrar pessoas de outras afiliações e dialogar: a Europa precisa disso hoje”.

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