Encontro

Papa aos migrantes em Malta: não perder a esperança jamais!

Encontro de Francisco com migrantes no Centro para Migrantes “Giovanni XXIII Peace Lab”, em Hal Far, foi o último compromisso do Pontífice no país; Santo Padre deixa Malta ainda neste domingo, 3

Julia Beck
Da redação

Papa Francisco durante encontro com migrantes em Malta/ Foto: Reprodução Vatican Media

O Papa Francisco participou neste domingo, 3, de um encontro com migrantes no Centro para Migrantes “Giovanni XXIII Peace Lab” em Hal Far, na ilha de Malta. Este compromisso foi o último do Santo Padre no país.

A 36ª Viagem Apostólica do Pontífice será encerrada na sequência, após a cerimônia de despedida no Aeroporto Internacional de Malta. O avião de Francisco parte ainda hoje para Roma.

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Durante o encontro, o Papa ouviu o testemunho dos migrantes e manifestou alegria em concluir sua visita ao país na presença dos mesmos. Na sequência o Santo Padre recordou o que disse há alguns meses em Lesbos:

“Estou aqui para vos certificar da minha proximidade (…), para contemplar os vossos rostos, para ver-vos olhos nos olhos” (Discurso em Mytilene, 05/XII/2021).

Desde o dia em que foi a Lampedusa, o Pontífice ressaltou que nunca mais esqueceu os migrantes. “Sempre vos trago no coração e sempre estais presentes nas minhas orações”.

Lema da viagem

Neste encontro com os migrantes, o Papa destacou que se manifesta plenamente o significado do lema de sua viagem a Malta. É uma citação dos Atos dos Apóstolos, que diz: “Trataram-nos com invulgar humanidade” (28, 2).

O lema refere-se à forma como os malteses acolheram o Apóstolo Paulo e todos aqueles que, juntamente com ele, naufragaram perto da Ilha.

“Trataram-nos com invulgar humanidade. Não só com humanidade, mas com uma humanidade não comum, uma solicitude especial que São Lucas quis imortalizar no livro dos Atos”, observou o Santo Padre.

Francisco indicou que almeja que Malta trate sempre assim aqueles que desembarcam nas suas costas, sendo verdadeiramente para eles um porto seguro.

Naufrágio das civilizações

O Pontífice comentou que nestes anos, a experiência do naufrágio foi vivida por milhares de homens, mulheres e crianças no Mediterrâneo. E, infelizmente, revelou-se trágica para muitos deles.

No entanto, o Papa observou que há outro naufrágio que se consuma ao mesmo tempo que acontecem estes fatos: o naufrágio da civilização, que ameaça não só os deslocados, mas a todos.

“Como podemos salvar-nos deste naufrágio que ameaça afundar o navio da nossa civilização?”, questionou. O Santo Padre respondeu: “Comportando-nos com humanidade: olhar as pessoas, não como números, mas pelo que são (como nos disse Siriman), isto é, rostos, histórias, simplesmente homens e mulheres, irmãos e irmãs”.

Segundo Francisco é preciso pensar que, no lugar daquela pessoa poderia estar qualquer um, você, o seu filho ou a sua filha.

Oração pelos migrantes

O Papa pediu então que todos rezem pelos que vivem o drama da migração e citou os que foram obrigados atualmente a fugir da Ucrânia por causa da guerra. Ele citou também as histórias de muitos outros homens e mulheres que tiveram de deixar a própria casa e nação na Ásia, na África e nas Américas.

“Penso em todos eles e, por eles, ofereço neste momento a minha oração”, garantiu.

O Pontífice recordou as muitas famílias que precisam se separar e se desprender forçadamente de suas raízes. Tais situações, explicou, deixam uma ferida profunda no caminho de quem vive esse drama.

De acordo com o Santo Padre a cura dessas feridas requer tempo e experiências ricas em humanidade: encontrar pessoas acolhedoras que saibam ouvir, compreender, acompanhar; e também estar junto com outros companheiros de viagem para compartilhar, carregar o peso juntos. “Isto ajuda a curar as feridas”, frisou.

Importância dos Centros de acolhimento

Francisco deu destaque aos centros de acolhimento e reforçou a importância de serem lugares de humanidade. O Papa agradeceu as pessoas que ajudam o Centro para Migrantes “Giovanni XXIII Peace Lab” em Hal Far, na ilha de Malta

O Santo Padre prosseguiu ressaltando a importância dos migrantes se tornarem testemunhas dos valores humanos essenciais para uma vida digna e fraterna.

“São valores que trazeis dentro de vós mesmos, que pertencem às vossas raízes. Uma vez curada a ferida da separação, do desenraizamento, podeis fazer emergir esta riqueza que trazeis dentro de vós, um património de humanidade preciosíssimo”, indicou.

Dignidade da pessoa

Por fim, o Pontífice afirmou que os migrantes chamam atenção para um ponto chave: a dignidade da pessoa.

“Vós não sois números, mas pessoas de carne e osso, rostos, sonhos por vezes destroçados. Pode-se e deve-se recomeçar daqui: das pessoas e da sua dignidade”, defendeu.

Francisco pediu ao mundo que responda ao desafio dos migrantes e refugiados com humanidade. “Reforcemos o tecido da amizade social e a cultura do encontro, começando por lugares como este, que talvez não sejam perfeitos, mas são ‘laboratórios de paz’”.

Momento diante da imagem de Nossa Senhora

Após seu discurso, o Papa acendeu juntamente com os migrantes uma vela diante da imagem de Nossa Senhora. “Um gesto simples, mas com um grande significado”, disse o Santo Padre anteriormente.

Na tradição cristã, a chama é símbolo da fé em Deus e é também símbolo da esperança, uma esperança que Maria sustenta nos momentos mais difíceis.

“Que Nossa Senhora vos ajude a não perder jamais esta esperança! A Ela confio cada um de vós e as vossas famílias, e tervos-ei presente na minha oração. E também vós – vo-lo recomendo – não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!”.

 

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