Discurso

Papa aos embaixadores: incentivar a compreensão mútua entre os povos

“Vocês sabem muito bem que a guerra é sempre uma derrota para a humanidade e é contrária ao importante serviço que vocês desempenham”, disse Francisco

Da redação com Vatican News

Foto: Daniel Ibanez- CNA

O Papa Francisco recebeu no Vaticano, na manhã desta quinta-feira, 19, os novos embaixadores não residentes da Santa Sé para a apresentação de suas credenciais. Os embaixadores recebidos são do Paquistão, Emirados Árabes Unidos, Burundi e Catar.

Em seu discurso aos novos embaixadores, o Santo Padre disse que certamente eles “estão começando sua nova missão num momento particularmente desafiador”.

“A última vez que eu encontrei seus colegas em janeiro, a família humana estava começando a dar um suspiro de alívio, porque estávamos lentamente, mas, sem dúvida, nos libertando das garras da pandemia. Parecia que finalmente poderíamos voltar a uma certa normalidade, tendo em mente as lições aprendidas nos últimos dois anos. Então, a nuvem escura da guerra desceu sobre o Leste da Europa, envolvendo direta ou indiretamente o mundo inteiro”, frisou Francisco.

O Pontífice refletiu com os presentes sobre a esperança presente na situação atual. “Como vimos no auge da pandemia, mesmo numa tragédia desta magnitude o melhor da humanidade pode emergir. Talvez mais do que nunca, as formas modernas de comunicação abalaram nossas consciências apresentando em tempo real imagens fortes e, às vezes, horríveis de sofrimento e morte. Essas mesmas imagens também inspiraram um senso de solidariedade e fraternidade, que levou muitos países e indivíduos a prestar assistência humanitária. Penso, em particular, nos países que estão acolhendo os refugiados do conflito, independentemente dos custos. Vimos famílias abrirem suas casas para outros familiares, amigos e até mesmo para desconhecidos.”

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Guerras e conflitos

Em seguida, o Santo Padre recordou da existência de vários outros conflitos em andamento no mundo que recebem pouca ou nenhuma atenção, especialmente dos meios de comunicação.

“Somos uma família humana e o grau de indignação expresso, o apoio humanitário oferecido e o senso de fraternidade sentido por aqueles que sofrem não deve ser baseado na geografia ou no interesse pessoal”, sublinhou Francisco, citando um trecho de sua Encíclica Fratelli tutti: “Se toda pessoa possui uma dignidade inalienável, se todo o ser humano é meu irmão ou minha irmã e se, na realidade, o mundo pertence a todos, não importa se alguém nasceu aqui ou vive fora dos confins do seu próprio país”.

O Pontífice acrescentou: “isso vale não só para a guerra e os conflitos violentos, mas também para outras situações de injustiça que afligem a família humana: mudanças climáticas, pobreza, fome, falta de água potável, acesso a um trabalho respeitável e educação adequada, apenas para citar algumas”.

Segundo o Papa, a Santa Sé continua trabalhando através de vários canais para promover soluções pacíficas em situações de conflito e para aliviar o sofrimento causado por outros problemas sociais. “Faz isso com a convicção de que os problemas que afetam toda a família humana requerem uma resposta unificada por parte da Comunidade internacional, na qual cada membro faz sua parte”, sublinhou.

Relação dialogal 

Dirigindo-se diretamente aos presentes, Francisco quis ainda contribuir apontando caminhos, que do ponto de vista eclesial, possibilitarão uma relação dialogal.

“Queridos embaixadores, vocês têm um papel privilegiado a desempenhar a este respeito. Vocês sabem muito bem que a guerra é sempre uma derrota para a humanidade e é contrária ao importante serviço que vocês desempenham, buscando construir uma cultura do encontro através do diálogo e incentivando a compreensão mútua entre os povos, bem como defendendo os nobres princípios do direito internacional. Não é de forma alguma um serviço fácil, mas talvez as situações de desigualdade e injustiça que estamos testemunhando no mundo de hoje nos ajudem a apreciar ainda mais seu trabalho. Apesar dos desafios e retrocessos, nunca devemos perder a esperança nos esforços para construir um mundo no qual a fraternidade e a compreensão mútua prevaleçam e as divergências sejam resolvidas por meios pacíficos”.

Por fim, o Santo Padre reforçou aos novos embaixadores que os escritórios da Santa Sé estão à sua disposição para abordar questões de interesse comum.

 

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