Discurso

"O bem não faz barulho, mas constrói o mundo", afirma Papa

Francisco recebeu nesta segunda-feira, 23, no Vaticano, os membros da Proteção Civil italiana

Da redação, com Vatican News

Foto: Daniel Ibanez – CNA

O Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira, 23, na Sala Clementina, no Vaticano, os voluntários italianos do Sistema Nacional de Defesa Civil.

O Pontífice recordou o trabalho louvável dos voluntários da Defesa Civil, lembrando o bem que fizeram durante a recente pandemia, especialmente nas fases mais agudas.

“Vocês se colocaram à disposição para ajudar as famílias mais frágeis; realizaram serviços de acompanhamento e segurança para idosos e pessoas vulneráveis; ajudaram muitas pessoas que estavam doentes, pobres ou sozinhas em casa”, disse.

O Santo Padre prosseguiu: “Vocês apoiaram a campanha de vacinação com competência e gratuidade através da ação dos voluntários. Não faltou o seu compromisso com a assistência humanitária e o acolhimento na Itália de refugiados da Ucrânia, especialmente mulheres e crianças que fugiram desta guerra absurda. Obrigado pelo que fizeram e continuem fazendo em silêncio. O bem não faz barulho, mas constrói o mundo”.

Na sequência, o Papa fez uma reflexão sobre a palavra que inspira o trabalho dos voluntários: proteção. Trata-se de “uma missão que lembra a do Bom Samaritano do Evangelho”. Proteger o irmão, fraternidade concreta e cuidar da vida. Francisco citou três tipos de proteção.

Isolamento social

A primeira proteção que precisamos, de acordo com ele, é “a que nos preserve do isolamento social. É uma maneira muito importante de dar voz à esperança”. Segundo o Pontífice, “a recente pandemia permitiu-nos recuperar e valorizar tantos companheiros e companheiras de viagem que, no medo, reagiram dando a própria vida. Fomos capazes de reconhecer como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns que, sem dúvida, escreveram os acontecimentos decisivos da nossa história compartilhada. Compreenderam que ninguém se salva sozinho”.

As emergências desses anos, ligadas ao acolhimento de refugiados que fogem de guerras ou mudanças climáticas, recordam como é importante encontrar alguém que estende a mão, que ofereça um sorriso, que gaste tempo gratuitamente, que faz sentir em casa, sublinhou Francisco.

O Santo Padre destacou que toda guerra marca uma rendição à capacidade humana de proteger. Uma negação do que está escrito nos compromissos solenes das Nações Unidas. Portanto, São Paulo VI, falando na ONU, proclamou: “Nunca mais a guerra!”. “Repetimos isso hoje diante do que está acontecendo na Ucrânia, e protejamos o sonho de paz das pessoas, o direito sagrado dos povos à paz”.

Desastres ambientais

A segunda proteção é contra os desastres ambientais, afirmou o Papa. Então, o Pontífice recordou um antigo ditado espanhol que diz: “Deus perdoa sempre, os homens perdoam de vez em quando e a natureza não perdoa nunca”.

“As mudanças climáticas do nosso tempo multiplicaram os eventos atmosféricos extremos, com consequências dramáticas para as populações civis. A terra grita! Quando forçamos a mão, a natureza mostra seu rosto cruel e o homem é esmagado, obrigado a gritar seu medo”, disse.

O Santo Padre frisou que o trabalho da Defesa Civil foi fundamental em casos de terremotos, testemunhando a vocação de proteger as pessoas afetadas por tais tragédias.

Prevenção

A terceira proteção vem através da prevenção. Segundo o Papa, “a prevenção pode ser alcançada envolvendo os diversos sujeitos responsáveis pela administração de um território”.

Francisco destacou que “é preciso formar as consciências para que os bens comuns não sejam abandonados ou sejam usados apenas em benefício de poucos”. “É importante educar para a beleza, preservar histórias de vida e tradições, culturas e experiências sociais. Ao fazer isso, vocês se tornam artesãos da esperança”. “Proteger é, portanto, cuidar”, ressaltou o Pontífice.

Sobre a palavra voluntariado, disse: “Vocês são voluntários. Encontrei três coisas na Itália que não vi em nenhum outro lugar. Uma dessas três coisas é o forte voluntariado do povo italiano, a forte vocação, a forte vocação ao voluntariado. É um tesouro, o protejam. É um seu tesouro cultural, o protejam bem”.

Por fim, o Santo Padre incentivou os voluntários da Defesa Civil a continuarem “seu trabalho de bem entre os necessitados, de acordo com o testemunho de seu padroeiro São Pio de Pietrelcina”.

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