"O amor de Deus permanece sempre jovem, nunca trai", diz Papa

O Papa Francisco falou sobre o amor incomparável de Deus para cerca de 24 mil fieis participantes do Jubileu dos Agentes de Misericórdia

Da redação, com Rádio Vaticano

“Estai sempre prontos para a solidariedade, fortes na proximidade, diligentes para despertar alegria e convincentes na consolação. O mundo precisa de sinais concretos de solidariedade, especialmente diante da tentação da indiferença.”

Foi a exortação do Papa Francisco aos participantes do Jubileu dos Agentes de Misericórdia, cujo evento aconteceu neste sábado, 3, na Praça São Pedro, cheia de voluntários provenientes de todas as partes do mundo. Cerca de 24 mil pessoas estavam presentes, aos quais o Pontífice reiterou o convite a serem agentes de misericórdia diante da tentação da indiferença.

O Jubileu dos Agentes de Misericórdia teve início nesta sexta-feira, 2. Neste sábado acontece um encontro com o Santo Padre e terá sua coroação no domingo, 4, com a canonização de Madre Teresa de Calcutá, exemplo incansável de agente da Misericórdia de Deus.

Hino do amor

Em seu discurso, o Papa ateve-se ao hino do amor que o apóstolo Paulo escreveu para a comunidade de Corinto (Cor 13,1-13) definindo-o como uma das páginas mais belas e exigentes para o testemunho da nossa fé.

O apóstolo afirma que “ao contrário da fé e da esperança, o amor jamais acabará. Este ensinamento deve ser para nós uma certeza inabalável; o amor de Deus nunca diminuirá nas nossas vidas e na história do mundo. É um amor que permanece para sempre jovem, ativo, dinâmico capaz de atrair para si de modo incomparável. É um amor fiel que não trai, apesar das nossas contradições”, ressaltou.

Amor que não trai

Descrevendo-o, Francisco disse tratar-se de “é um amor que permanece para sempre jovem, ativo, dinâmico capaz de atrair para si de modo incomparável. É um amor fiel que não trai, apesar das nossas contradições. É um amor fecundo que gera e conduz para além da nossa preguiça. É desse amor que todos nós somos testemunhas”.

O Pontífice frisou que o amor de Deus, que vem ao encontro de todos, “é como um rio na cheia que nos arrasta, mas sem nos anular; muito pelo contrário, é uma condição de vida”, observou, acrescentando que “quanto mais nos deixamos envolver por este amor, mas a nossa vida se regenera. Deveríamos dizer com toda a nossa força: sou amado, logo existo!”.
“O amor de que o Apóstolo fala não é algo abstrato e vago; pelo contrário, é um amor que se vê, se toca e se experimenta em primeira pessoa. A maior e mais expressiva forma desse amor é Jesus. Toda a sua pessoa e a sua vida não são outra coisa senão a manifestação concreta do amor do Pai, chegando até o ponto culminante: A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores (Rm 5,8).”

Diante deste conteúdo tão essencial da fé, prosseguiu o Papa, “a Igreja nunca poderia permitir-se fazer como fizeram o sacerdote e o levita com o homem deixado meio morto por terra (cf. Lc 10,25-36). Não é possível desviar o olhar e tomar outra direção para não ver as muitas formas de pobreza que pedem misericórdia”.

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Ditas tais palavras, Francisco fez uma premente admoestação, um imperioso dever evangélico diante do qual a Igreja e nenhum cristão pode furtar-se.

“Não seria digno da Igreja nem de um cristão ‘passar ao largo’, supondo que se pode ter a consciência tranquila só por termos rezado! O Calvário é sempre atual; de nenhum modo deixou de existir, nem permanece como uma bela pintura nas nossas igrejas. O vértice de ‘compaixão’, de onde brota o amor de Deus diante da miséria humana, ainda fala aos nossos dias e impele sempre a dar novos sinais de misericórdia.”

“Nunca me cansarei de dizer que a misericórdia de Deus não é uma ideia bonita, mas uma ação concreta”, advertiu o Santo Padre. “E mesmo a misericórdia humana não é autêntica enquanto não alcança a concretização no seu agir diário. A exortação do Apóstolo João permanece sempre válida: Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! (1 Jo 3,18).”

De fato, “a verdade da misericórdia se confirma nos nossos gestos de cada dia, que tornam visível a ação de Deus no meio de nós”, acrescentou. Em seguida, Francisco dirigiu-se diretamente ao multifacetário mundo do voluntariado.

Ao mundo do voluntariado

“Irmãos e irmãs, vós representais aqui o grande e variado mundo do voluntariado. Sois justamente vós uma das realidades mais preciosas da Igreja que, muitas vezes no silêncio e escondidos, dais forma e visibilidade à misericórdia. Exprimis o desejo – entre os mais belos no coração do homem: fazer com que a pessoa que sofre se sinta amada. Em diferentes condições de carência e nas necessidades de tantas pessoas, a vossa presença é a mão de Cristo estendida que alcança a todos.

A credibilidade da Igreja, observou com ênfase, “passa de forma convincente através do vosso serviço com as crianças abandonadas, os doentes, os pobres sem comida e trabalho, os idosos, os sem-abrigo, os prisioneiros, refugiados e migrantes, as pessoas afetadas por desastres naturais. Enfim, onde quer que exista um pedido de ajuda, ali chega o vosso testemunho ativo e desinteressado. Tornais visível a lei de Cristo: levar os pesos uns dos outros (cf. Gal 6,2, Jo 13,34).”

Operadores de Misericórdia

Francisco concluiu com uma premente exortação aos Operadores de Misericórdia do mundo inteiro.

“Estai sempre prontos para a solidariedade, fortes na proximidade, diligentes para despertar alegria e convincentes na consolação. O mundo precisa de sinais concretos de solidariedade, especialmente diante da tentação da indiferença, e exige pessoas capazes de opor-se com as suas vidas o individualismo: pensar só a si mesmo, ignorando os irmãos em necessidade.”

Antes de despedir-se, quis deixar uma advertência: “Estai sempre contentes e cheios de alegria pelo vosso serviço, mas nunca fazei dele um motivo de presunção que leva a se sentir melhor do que os outros. Em vez disso, que a vossa obra de misericórdia seja a prolongação humilde e eloquente de Jesus Cristo, que continua a se curvar e cuidar daqueles que sofrem”.

Por fim, Francisco lembrou que este domingo teremos a alegria de ver Madre Teresa proclamada santa: “Este testemunho da misericórdia dos nossos tempos se une à fileira inumerável de homens e mulheres que tornaram visíveis com a sua santidade o amor de Cristo. Imitemos nós também o seu exemplo, e peçamos para ser humildes instrumentos nas mãos de Deus para aliviar o sofrimento do mundo e dar a alegria e a esperança da ressurreição”.


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Adailton Batista é missionário da Comunidade Canção Nova desde 2009. Nasceu na cidade de Janaúba, MG. Atua como Gerente de mídias sociais e produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Estudante de jornalismo na Faculdade Canção Nova, é também autor do blog.cancaonova.com/metanoia.

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