Domingo de Ramos

"Redescobrir que a vida não serve, se não se serve", afirma Papa

Na Missa deste Domingo de Ramos, 5, Francisco pediu aos fiéis que se deixem guiar pela Palavra de Deus na Semana Santa; “Deus salvou-nos, servindo-nos”, frisou

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante celebração do Domingo de Ramos /Foto: Vatican Media

Em meio à pandemia,  o Papa Francisco presidiu a celebração eucarística neste Domingo de Ramos, 5, na Basílica Vaticana. Com o Pontífice, estavam presentes na Missa o mestre das cerimônias litúrgicas, monsenhor Guido Marini, poucos diáconos, um único cardeal, alguns leigos e religiosas. O coral esteve presente, porém em número reduzido. As oliveiras e os ramos perto do altar central lembravam a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém.

Na homilia, o Pontífice pediu aos fiéis que se deixem guiar pela Palavra de Deus na Semana Santa, que, quase como um refrão, mostra Jesus como servo: na Quinta-feira Santa, é o servo que lava os pés dos discípulos; na Sexta-feira Santa, é apresentado como o servo sofredor e vitorioso (cf. Is 52, 13); e já amanhã, Isaías profetiza: “Eis o meu servo que Eu amparo” (42, 1).

“Deus salvou-nos, servindo-nos. Geralmente pensamos que somos nós que servimos a Deus. Mas não; foi Ele que nos serviu gratuitamente, porque nos amou primeiro. É difícil amar, sem ser amado; e é ainda mais difícil servir, se não nos deixamos servir por Deus”, frisou. O Senhor, explicou o Santo Padre, serviu a humanidade dando a sua vida, a ponto de experimentar as situações mais dolorosas para quem ama: a traição e o abandono.

Jesus sofreu a traição do discípulo que O vendeu e do discípulo que O renegou, foi traído pela multidão, pela instituição religiosa e pela instituição política, destacou o Papa. Francisco lembrou que quando se sofre traições, a vida parece deixar de ter sentido. Isso porque todos nasceram para ser amados e para amar.

“Olhemos para dentro de nós mesmos; se formos sinceros para conosco, veremos as nossas infidelidades. Tanta falsidade, hipocrisia e fingimento! Tantas boas intenções traídas! Tantas promessas quebradas! Tantos propósitos esmorecidos! O Senhor conhece melhor do que nós o nosso coração; sabe como somos fracos e inconstantes”.

Basílica Vaticana neste domingo, 5 /Foto: Vatican Media

Segundo Francisco, o que Cristo faz para servir homens e mulheres é tomar sobre Si as suas infidelidades, removendo as suas traições. “Assim, nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado e seguir em frente”. Sobre o abandono de Jesus, nada é mais impressionante do que as palavras pronunciadas por Ele na cruz: Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste? No abismo da solidão, pela primeira vez Jesus O designa pelo nome genérico de “Deus”, esclarece o Pontífice. Na realidade, explicou, trata-se das palavras de um Salmo (cf. 22, 2), que dizem como Jesus levou à oração inclusive a extrema desolação.

O porquê de tudo isso, mais uma vez é encontrado na palavra serviço. Jesus morreu por todos, para servir. “Lembremo-nos de que não estamos sós”. “Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expetativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: Coragem! Abra o coração ao meu amor”.

Estamos no mundo para amar a Ele e aos outros, disse ainda o Papa: “O resto passa, isto permanece. O drama que estamos atravessando impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor”.

A exortação do Santo Padre, nestes dias da Semana Santa, em casa, é permanecer diante do Crucificado. Diante de Deus, pedir a graça de viver para servir. “Procuremos contatar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer”. A senda do serviço, concluiu Francisco, é o caminho vencedor, que  salvou e salva a vida. E essas palavras foram dedicadas aos jovens, que hoje celebram a 35 Jornada Mundial da Juventude: “Queridos amigos, olhem para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Sintam-se chamados a arriscar a vida. Porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas… Como fez Jesus por nós”.

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