Regina Coeli

Não existe um cristianismo à distância, afirma Papa Francisco

Pontífice destacou três verbos que marcam o Evangelho deste domingo: olhar, tocar e comer

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante alocução da janela do Palácio Apostólico/ Foto: Vatican Media via Reuters

Não existe um cristianismo à distância. Jesus não é um “fantasma”, mas uma Pessoa viva. Ser cristão não é antes de tudo uma doutrina ou um ideal moral, é uma relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado.

Essas foram algumas das afirmações feitas pelo Papa Francisco na alocução que precedeu o Regina Coeli deste domingo, 18. O Pontífice voltou à janela do Palácio Apostólico com vista para a Praça São Pedro de onde rezou com fiéis a oração mariana.

Discípulos de Emaús

No terceiro domingo da Páscoa, a Igreja volta a Jerusalém, ao Cenáculo. A liturgia é guiada pelos dois discípulos de Emaús. Eles haviam escutado com grande emoção as palavras de Jesus no caminho. Depois, o reconheceram “no partir do pão”, lembra o Santo Padre.

Agora, no Cenáculo, o Cristo ressuscitado aparece no meio do grupo de discípulos e os saúda, dizendo: “A paz esteja convosco”! Eles estão assustados, disse o Papa, e acreditam “que veem um fantasma”.

Jesus lhes mostra as feridas em seu corpo e diz: “Olhem para minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Toquem em mim!”. Para convencê-los, Francisco afirma que Jesus pede comida e a come sob o olhar atônito deles.

Alegria

Há um detalhe nesta descrição, observa o Pontífice. O Evangelho diz que os apóstolos, pela grande alegria, ainda não acreditavam. “Tal era a alegria que eles tinham que não podiam acreditar que era verdade”.

Espanto

O segundo detalhe é: eles ficaram atônitos, espantados. “Espantados porque o encontro com Deus sempre os leva ao estupor. Vai além do entusiasmo, além da alegria, é outra experiência”, destaca o Santo Padre.

Eles estavam alegres, mas uma alegria que os fazia pensar: mas não, isto não pode ser verdade. É o estupor da presença de Deus. O Papa frisa: “Não se esqueça deste estado de espírito, que é tão bonito”.

Verbos concretos

Esta página do Evangelho, aponta Francisco, é caracterizada por três verbos muito concretos. Eles, em certo sentido, refletem a vida pessoal e comunitária: olhar, tocar e comer.

Três ações que podem dar a alegria de um verdadeiro encontro com Jesus vivo, comenta o Pontífice.

Olhar

“Olhem para minhas mãos e meus pés”, diz Jesus. Olhar não é apenas ver, ressalta o Santo Padre, envolve também intenção, vontade. “É por isso que é um dos verbos do amor. Mães e pais olham para seus filhos; os apaixonados se olham um para o outro; um bom médico olha atentamente para seu paciente”.

Olhar, segundo o Papa, é um primeiro passo contra a indiferença, contra a tentação de virar o rosto diante das dificuldades e sofrimentos dos outros. “Eu vejo ou olho Jesus?”, questiona.

Tocar

Em seguida Francisco falou do segundo verbo, tocar. Ao convidar os discípulos a tocá-lo, para constatar que ele não é um fantasma, Jesus indica a eles e a todos que a relação com Ele e com os irmãos não pode permanecer “à distância”.

Para o Papa, não existe um cristianismo à distância, não existe somente um cristianismo, no nível do olhar. O amor, aponta o Santo Padre, pede para olhar e também a proximidade, pede contato, a partilha da vida.

“O bom samaritano não se limitou a olhar para o homem que encontrou meio morto ao longo da estrada. Inclinou-se, curou suas feridas, e o carregou em seu cavalo e o levou para a pousada. E assim com o próprio Jesus: amá-lo significa entrar numa comunhão de vida, uma comunhão com Ele”.

Comer

Falando depois do terceiro verbo, comer, o Pontífice disse que o mesmo expressa bem a humanidade na sua mais natural indigência: a necessidade do alimento para poder viver.

Comer em família ou entre amigos, torna-se também uma expressão de amor, de comunhão, de festa, observa Francisco.

“Quantas vezes os Evangelhos nos mostram Jesus que vive esta dimensão de convivência! Também ressuscitado, com seus discípulos. Ao ponto de o Banquete eucarístico se tornar o sinal emblemático da comunidade cristã. Alimentar-se juntos com o corpo de Cristo. Este é o centro da vida cristã”, sublinha.

Jesus não é um “fantasma”

O Papa recorda que esta página do Evangelho diz que Jesus não é um “fantasma”, mas uma Pessoa viva. Jesus quando se aproxima de homens e mulheres, afirma o Santo Padre, os enche de alegria até ao ponto de não acreditarem. Os deixa atônitos com aquele estupor que somente a presença de Deus dá. Isso porque Jesus é uma pessoa viva.

Ser cristãos, continua o Pontífice, não é antes de tudo uma doutrina ou um ideal moral, é uma relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado. “Olhamos para Ele, tocamos n’Ele, nos alimentamos d’Ele e, transformados por Seu Amor, olhamos, tocamos e alimentamos os outros como irmãos e irmãs”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo