Fórum de Paris

“Não desperdicemos a oportunidade de melhorar o mundo”, exorta Papa

Francisco enviou uma mensagem aos participantes do Fórum de Paris; Pontífice os encorajou destacando realidades urgentes que não devem ser deixadas de lado

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco / Foto: Lucia Ballester – CNA

Desde 2018, o Fórum de Paris sobre a paz reúne chefes e ministros de Estado e representantes de organizações internacionais para debater e pensar estratégias sobre temas relevantes para a atualidade. Este ano o Fórum, que já está na sua quarta edição, ocorrerá entre os dias 11 e 13 de novembro. O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes do Fórum encorajando-os e destacando realidades urgentes que não devem ser deixadas de lado no debate.

No início da mensagem, o Papa fala que “nesta fase histórica, a família humana se depara com uma escolha” e denuncia que a volta à normalidade não deveria ser aquela na qual alguns privilegiados enriquecem, enquanto os pobres continuam excluídos:

“Mas a realidade que conhecíamos antes da pandemia era aquela em que a riqueza e o crescimento econômico eram reservados para uma minoria enquanto milhões de pessoas eram incapazes de satisfazer suas necessidades mais básicas e levar uma vida digna; um mundo em que nossa Terra foi saqueada pela exploração míope dos recursos, poluição, consumismo descartável (cf. Laudato si’, 22) e ferida por guerras e experimentos com armas de destruição em massa. Um retorno à normalidade significaria também um retorno às antigas estruturas sociais inspiradas pela autossuficiência, nacionalismo, protecionismo, individualismo e isolamento e excluindo nossos irmãos e irmãs mais pobres.  É este um futuro que podemos escolher?”

O Papa ainda sublinha que a saída para a crise pós-Covid é importante encontrar soluções em conjunto: “Muitas vezes, perdemos de vista o fato de que somos uma comunidade global e que ninguém pode ser salvo sozinho, que só podemos ser salvos juntos. Por estas razões, precisamos de uma nova saída; devemos trabalhar juntos para sairmos melhor do que antes”. 

Desarmamento integral

Francisco destaca que: “A primeira e mais urgente questão em que devemos nos concentrar é que não pode haver cooperação geradora de paz sem um compromisso coletivo concreto de desarmamento integral.” E denuncia a realidade das “despesas militares em todo o mundo que já ultrapassaram o nível registrado no final da ‘guerra fria’ e estão aumentando sistematicamente a cada ano”, e que “as classes dirigentes e os governos justificam este rearmamento referindo-se a uma ideia abusiva de dissuasão baseada em um equilíbrio de armamentos.”

O Papa ainda denuncia as inclinações das classes dirigentes e governamentais que “persegue seus interesses principalmente com base no uso ou ameaça de força”, e afirma que “tal sistema, entretanto, não garante a construção e manutenção da paz. E cita o Papa João XXIII sua Carta Encíclica Pacem in Terris: “Que o critério de paz baseado no equilíbrio dos armamentos seja substituído pelo princípio de que a verdadeira paz só pode ser construída através da confiança mútua”.

Opondo-se ao livre comércio de armas, o Santo Padre adverte ainda que a lógica da dissuasão é associada à lógica do mercado liberal e por isso “o armamento passou a ser considerado da mesma forma que todos os outros produtos manufaturados e, portanto, como tal, livremente comercializados em todo o mundo. Portanto, não é coincidência que durante anos tenhamos assistido, sem qualquer crítica, à expansão global do mercado de armas.”

“Injustiça e a violência não são nosso destino”

Ao concluir a mensagem, o Pontífice exorta à esperança que é “um gerador de energia, que estimula a inteligência e dá à vontade todo o seu dinamismo”. Ele também anima os participantes “a sonhar grande e a abrir espaço para a imaginação de novas possibilidades”.

A esperança de Francisco “é que a tradição cristã, particularmente a doutrina social da Igreja, assim como outras tradições religiosas, possam ajudar a dar-lhe a esperança confiável de que a injustiça e a violência não são inevitáveis, não são nosso destino.” 

O Papa deixa o convite para que o desafio da crise seja assumido como uma “oportunidade concreta de conversão, de transformação, de repensar nosso modo de vida e nossos sistemas econômicos e sociais”. E finaliza com um clamor: “Não desperdicemos esta oportunidade de melhorar nosso mundo”.

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