Mensagem

Mercados financeiros devem trabalhar para o bem comum, defende Papa

Francisco enviou uma mensagem aos participantes dos Encontros da Primavera de 2021 do Grupo Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional

Da redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco/ Foto: Daniel Ibanez – CNA

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes dos Encontros da Primavera de 2021 do Grupo Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

A carta foi enviada por meio do Cardeal Peter Turkson. O purpurado é Prefeito do Dicastério da Santa Sé para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral.

Pandemia

O Santo Padre recordou a pandemia da Covid-19 e as graves crises socioeconômicas, ecológicas e políticas inter-relacionadas que o mundo enfrenta.

O desejo de Francisco é que as discussões dos Encontros de Primavera de 2021 contribuam para um modelo de “recuperação”.

Modelo de recuperação

Este modelo deve ser capaz de gerar soluções novas, mais inclusivas e sustentáveis ​​para apoiar a economia real, de acordo com o Pontífice.

Ele deve também auxiliar os indivíduos e comunidades a alcançar suas aspirações mais profundas e o bem comum universal. 

“A noção de recuperação não pode se contentar em um retorno a um modelo desigual e insustentável de vida econômica e social, onde uma pequena minoria da população mundial possui metade de sua riqueza”, alertou.

Excluídos do mundo financeiro

O Pontífice alertou que muitos, especialmente aqueles à margem da sociedade, estão efetivamente excluídos do mundo financeiro.

A pandemia, no entanto, lembrou mais uma vez que ninguém é salvo sozinho, observou o Santo Padre. 

Leia também
.: Os pobres têm urgência de uma economia saudável, exorta o Papa

O Papa pontuou que é preciso sair desta situação como um mundo melhor, mais humano e solidário.

“É necessário conceber novas e criativas formas de participação social, política e económica, sensíveis à voz dos pobres e empenhados em incluí-los na construção do nosso futuro comum (cf. Fratelli Tutti,169)”. 

Confiança

A confiança, segundo Francisco, nascida da interconexão entre as pessoas, é a base de todos os relacionamentos, incluindo os financeiros. 

Essas relações só podem ser construídas através do desenvolvimento de uma “cultura de encontro”, enfatizou.

Plano Global

Embora muitos países estejam consolidando planos de recuperação individuais, o Pontífice afirmou que é urgente a necessidade de um plano global.

Leia mais
.: Papa Francisco: o momento é crucial, a resposta é a solidariedade

Este plano pode criar novas ou regenerar instituições existentes, particularmente aquelas de governança global. Pode também ajudar a construir uma nova rede de relações internacionais para promover o desenvolvimento humano integral de todos os povos, explicou o Santo Padre.

Isso significa, segundo Francisco, necessariamente dar às nações mais pobres e menos desenvolvidas uma participação efetiva na tomada de decisões. Além de facilitar o acesso ao mercado internacional. 

Solidariedade

O Papa afirmou que um espírito de solidariedade global também exige pelo menos, uma redução significativa do peso da dívida das nações mais pobres. Conta que foi exacerbada pela pandemia. 

“Aliviar o peso da dívida destes países e comunidades é um gesto profundamente humano”. Para o Santo Padre, tal ação pode ajudar as pessoas a se desenvolverem, a terem acesso a vacinas, saúde, educação e empregos.

Leia também
.: Líderes cristãos pedem o cancelamento das dívidas dos países pobres

Dívida ecológica

Outra dívida que não poder ser ignorada é a “dívida ecológica”, sublinhou o Pontífice. Ela existe especialmente entre o norte e o sul globais. 

“Estamos, de fato, em dívida com a própria natureza, bem como com as pessoas e países afetados pela degradação ecológica induzida pelo homem e pela perda de biodiversidade”, frisou.

 Nesse sentido, Francisco comentou que acredita que a indústria financeira se mostrará capaz de desenvolver mecanismos ágeis de cálculo dessa dívida ecológica. Isso, para que os países desenvolvidos possam pagá-la.

Bem comum

Para o Santo Padre é fundamental para um desenvolvimento justo e integrado o bem comum universal. O dinheiro público, explicou, nunca pode ser separado do bem público. Os mercados financeiros devem ser sustentados por leis e regulamentos que visam assegurar que eles realmente trabalhem para o bem comum. 

Leia mais
.: Papa: podemos sair melhores da pandemia se buscarmos o bem comum

O compromisso com a solidariedade econômica, financeira e social significa pensar e agir em comunidade. 

O Papa defendeu que é hora de reconhecer que os mercados – principalmente os financeiros – não se governam a si próprios. Os mercados precisam ser sustentados por leis e regulamentos que garantam que trabalhem para o bem comum.

Vacina

Uma solidariedade vacinal justamente financiada é outra necessidade atual, segundo o Pontífice.

Leia também
.: Zero Discriminação: em tweet, Papa pede vacina para todos

“Não podemos permitir que a lei do mercado tenha precedência sobre a lei do amor e da saúde de todos. Aqui, reitero meu apelo aos líderes governamentais, empresas e organizações internacionais para trabalharem juntos no fornecimento de vacinas para todos, especialmente para os mais vulneráveis ​​e necessitados (cf. Urbi et Orbi Mensagem, dia de Natal de 2020)”.

Futuro mais inclusivo e sustentável

Por fim, o Santo Padre pediu um futuro mais inclusivo e sustentável. Um futuro onde as finanças estejam a serviço do bem comum. Onde os vulneráveis ​​e os marginalizados sejam colocados no centro. Onde a terra seja bem cuidada.

“Ao oferecer meus melhores votos de oração pela fecundidade das reuniões, invoco a todos os participantes as bênçãos de Deus de sabedoria e compreensão, bom conselho, força e paz”, escreveu o Papa.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo