Foco na escuta

Mensagem do Papa para o Dia das Comunicações: escutar com o coração

Vaticano divulgou hoje a mensagem do Papa Francisco para o Dia das Comunicações 2022, uma reflexão voltada para a importância da escuta na comunicação

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco / Foto de Arquivo: REUTERS /David Cerny

“Escutar com o ouvido do coração” é o tema da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, apresentada nesta segunda-feira, 24. A mensagem é tradicionalmente divulgada nessa data por ser o dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Em 2022, o Dia Mundial das Comunicações Sociais será celebrado em 29 de maio. 

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.: Íntegra da mensagem do Papa

Francisco centraliza a atenção no verbo “escutar”, o que ele define como uma condição para um autêntico diálogo. Se por um lado se perde um pouco a capacidade de ouvir o outro, por outro a escuta passa por um importante desenvolvimento no campo comunicativo, ressalta o Papa: são os podcasts e chat áudio, o que confirmam a importância da escuta.

À luz da Bíblia, o Santo Padre destaca que a escuta não é só uma percepção acústica, mas está ligada à relação dialogal entre Deus e a humanidade.

“A escuta corresponde ao estilo humilde de Deus. Ela permite a Deus revelar-Se como Aquele que, falando, cria o homem à sua imagem e, ouvindo-o, reconhece-o como seu interlocutor. Deus ama o homem: por isso lhe dirige a Palavra, por isso «inclina o ouvido» para o escutar”. Já o homem tende a fugir dessa relação, pontua o Papa. E essa recusa acaba, muitas vezes, se transformando em agressividade sobre o outro.

Francisco destaca ainda que a escuta não tem a ver apenas com o sentido do ouvido, mas com a pessoa toda. “A verdadeira sede da escuta é o coração. (…) Por isso, a primeira escuta a reaver quando se procura uma comunicação verdadeira é a escuta de si mesmo, das próprias exigências mais autênticas, inscritas no íntimo de cada pessoa. E não se pode recomeçar senão escutando aquilo que nos torna únicos na criação: o desejo de estar em relação com os outros e com o Outro”.

Escuta e boa comunicação

Em outro ponto da mensagem, o Papa fala da escuta como condição para uma boa comunicação. Francisco recorda a tentação – ainda mais evidente em tempos de social web – de procurar saber e espiar, instrumentalizando os outros para nossos interesses. Mas é preciso escutar o outro, face a face, aproximando-se com abertura leal, confiante e honesta.

“A escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação. Não se comunica se primeiro não se escutou, nem se faz bom jornalismo sem a capacidade de escutar. Para fornecer uma informação sólida, equilibrada e completa, é necessário ter escutado prolongadamente.”

“Infodemia”

Francisco pontua também que a capacidade de escutar a sociedade é ainda mais preciosa neste tempo de pandemia. Aqui, o Papa menciona uma espécie de “infodemia”, dentro da qual é cada vez mais difícil tornar credível e transparente o mundo da informação.

“É preciso inclinar o ouvido e escutar em profundidade, sobretudo o mal-estar social agravado pelo abrandamento ou cessação de muitas atividades econômicas”.

Outro ponto que o Papa aborda para exemplificar a necessidade de ouvir são as migrações forçadas. “Repito que, para superar os preconceitos acerca dos migrantes e amolecer a dureza dos nossos corações, seria preciso tentar ouvir as suas histórias. Dar um nome e uma história a cada um deles”.

Escutar-se na Igreja

Por fim, o Papa aborda na mensagem a escuta na Igreja, como o dom mais precioso que se pode oferecer uns aos outros. Na ação pastoral, o “apostolado do ouvido” é a obra mais importante, frisa.
“Devemos escutar, antes de falar, como exorta o apóstolo Tiago: «cada um seja pronto para ouvir, lento para falar» (1, 19). Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade.”

Francisco recorda ainda o recente início do processo sinodal na Igreja, rezando para que esta seja ocasião de escuta recíproca. “Com efeito, a comunhão não é o resultado de estratégias e programas, mas edifica-se na escuta mútua entre irmãos e irmãs. Como num coro, a unidade requer, não a uniformidade, a monotonia, mas a pluralidade e variedade das vozes, a polifonia”.

“Cientes de participar numa comunhão que nos precede e inclui, possamos descobrir uma Igreja sinfónica, na qual cada um é capaz de cantar com a própria voz, acolhendo como dom as dos outros, para manifestar a harmonia do conjunto que o Espírito Santo compõe”, conclui.

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