Reflexão diária

Em homilia, Papa explica sentido das obras de misericórdia

As obras de misericórdia não são para “descarregar” a consciência, disse Francisco, é preciso compadecer, partilhar e arriscar

Da Redação, com Rádio Vaticano

Papa durante homilia na capela da Casa Santa Marta / Foto: Rádio Vaticano

As obras de misericórdia não sejam um “dar esmolas” para descarregar a consciência, mas um participar do sofrimento dos outros, mesmo a seu próprio risco e deixando-se incomodar. Esse foi o ensinamento central do Papa Francisco na Missa desta segunda-feira, 5, na Casa Santa Marta.

O ponto de partida da homilia foi a primeira leitura, do Livro de Tobias. Os hebreus foram deportados para a Assíria: um homem justo, chamado Tobias, ajuda compatriotas pobres e – com o risco da própria vida – secretamente enterra os hebreus que são mortos impunemente. Tobias fica triste diante do sofrimento dos outros. Daqui a reflexão sobre 14 obras de misericórdia corporais e espirituais. Realizá-las, explicou o Papa, não significa somente compartilhar o que se tem, mas compadecer.

“Isto é, sofrer com quem sofre. Uma obra de misericórdia não é fazer algo para descarregar a consciência: uma boa ação, assim estou mais tranquilo, tiro um peso das costas… Não! É também sofrer a dor dos outros. Compartilhar e compadecer: caminham juntos. É misericordioso aquele que sabe compartilhar e também se compadecer dos problemas de outras pessoas. E aqui a pergunta: “Eu sei compartilhar? Eu sou generoso? Eu sou generosa? Mas também, quando vejo uma pessoa que está sofrendo, que está em dificuldade, também eu sofro? Sei colocar-me nos sapatos dos outros? Na situação de sofrimento?”.

Aos judeus era proibido enterrar seus compatriotas: eles mesmos poderiam ser mortos. Então Tobias corria perigo. Realizar obras de misericórdia – disse o Papa – não significa apenas partilhar e ter compaixão, mas também arriscar.

“Mas, muitas vezes se corre o risco. Pensemos aqui, em Roma. Em plena guerra: quantos se arriscaram, começando por Pio XII, para esconder os hebreus, para que não fossem mortos, para que não fossem deportados. Eles arriscaram a sua pele! Mas era uma obra de misericórdia, salvar a vida daquelas pessoas! Arriscar”.

O Papa enfatizou dois outros aspectos. Quem faz obras de misericórdia pode ser ridicularizado por outros – como aconteceu com Tobias – porque é considerado uma pessoa que faz coisas loucas, em vez de estar tranquilo. E é alguém que se incomoda. “Fazer obras de misericórdia é desconfortável. Mas, eu tenho um amigo, um amigo doente, gostaria de visitá-lo, mas … não tenho vontade … prefiro descansar ou assistir TV … tranquilo…”. Fazer obras de misericórdia é sempre desconfortável. É inconveniente. Mas o Senhor sofreu a inconveniência por nós: foi para a cruz. Para nos dar misericórdia”.

Quem é capaz de fazer uma obra de misericórdia, disse o Papa, é porque sabe que recebeu misericórdia antes; que foi o Senhor a conceder misericórdia a ele. “As obras de misericórdia – concluiu Francisco – são as que tiram você do egoísmo e nos fazem imitar Jesus mais de perto”.

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